O que a renúncia de Theresa May significa para o Brexit e como isso pode afetar a Bolsa?

Entenda os próximos passos da saída do Reino Unido da União Europeia agora que o partido Conservador precisa de um novo líder

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – A primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou nesta sexta-feira (24) que deixará o cargo no dia 7 de junho. A renúncia vem na esteira de três derrotas no Parlamento em votações de acordos para sair da União Europeia, sendo que a primeira foi a votação mais elástica contra o governo britânico da história. Mas o que isso significa para o Brexit e como a notícia pode afetar os mercados globais?

O jornal britânico Financial Times ressalta que as chances de uma saída do Reino Unido da UE sem acordo aumentam, “até porque ela foi forçada a deixar o cargo pelos eurocéticos dentro do seu próprio partido Conservador”.

Conforme destaca Luiz Eduardo Portella, sócio da Novus Capital, o principal candidato a tomar o lugar de May é o ex-prefeito de Londres e deputado do partido Conservador, Boris Johnson, um defensor do hard Brexit (saída sem acordo). As pesquisas lhe dão 32% das intenções de votos, o dobro do segundo colocado, Dominic Raab, que tem 14%.

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Como os mercados torcem por uma saída mais consensual e menos traumatizante, a notícia pareceria extremamente negativa em um primeiro momento. Contudo, o cenário pode não ser tão simples quanto parece. “Se o Johnson ganhar e assumir a posição de ser mais forte do que sua predecessora, pode ser positivo”, afirma. O radical defensor do Brexit poderia até mesmo usar de seu apoio popular para negociar um acordo melhor, no limite.

A equipe de análise da XP Investimentos lembrou em relatório que o sucessor de May enfrentará o grande desafio de dar um fim ao impasse e também reunir o conturbado Partido Conservador. A escolha do novo líder do partido, que consequentemente se torna primeiro-ministro, será feita por seus 313 parlamentares, que votam em rodadas até sobrarem apenas dois candidatos.

Uma das medidas que o futuro primeiro-ministro poderia tomar para garantir um acordo com a UE é buscar um novo adiamento no artigo 50, que trata dos procedimentos para a saída de um membro. Atualmente, o prazo final para o Brexit é o dia 31 de outubro.

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Essa solução é extremamente impopular no bloco, que não aceita revisar o acordo firmado com May e derrotado no parlamento britânico.

Contudo, o Financial Times destaca que o novo primeiro-ministro poderia declarar vitória após renegociar uma parte menos significativa do tratado: uma declaração política não vinculativa, que traça os planos para o futuro das relações entre Reino Unido e UE após a saída. Vale destacar que May tentou seguir o caminho da renegociação da declaração política, mas apenas tardiamente. Um novo líder com um novo mandato teria, quase que por definição, uma chance melhor de vender tal estratégia aos parlamentares. Nesse caso, as bolsas mundiais poderiam comemorar.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.