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Para onde irão os mineradores do Ethereum (ETH) quando não puderem mais minerar na blockchain? Essa é a pergunta de US$ 19 bilhões.
Se tudo correr conforme o planejado, a chamada “Merge” (ou “Fusão”, em português), ocorrerá no final de setembro, completando a transição da rede Ethereum do mecanismo de consenso de prova de trabalho (PoW), que gasta muita energia, para uma blockchain de prova de participação (PoS), mais amigável ao meio ambiente.
Esse evento tão esperado no mundo Ethereum forçará a indústria de mineração da rede, que a empresa de pesquisa Messari estima valer US$ 19 bilhões, a encontrar outras maneiras de ganhar dinheiro.
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Pioneira do Bitcoin, a mineração é o processo de verificação de transações e corrida para resolver problemas matemáticos complicados pelo direito de registrar transações na blockchain. Em troca de dedicar tempo e recursos para realizar essa tarefa, os mineradores vencedores recebem uma quantia fixa de moeda recém-emitida.
A “Fusão” substituirá esse sistema de registro por staking, que requer menos poder computacional e energia.
Uma opção que está sendo cogitada por pools de mineração é redirecionar seus computadores especializados caros e poderosos para a Ethereum Classic (ETC). Esta é a rede fragmentada que surgiu do hard fork (atualização) de 2016, após um hack no qual US$ 60 milhões foram roubados de uma das primeiras organizações autônomas descentralizadas (DAO) na rede Ethereum.
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No hard fork há uma bifurcação mais drástica, podendo gerar uma versão completamente nova, separando-a em duas moedas diferentes e independentes uma da outra. No caso da rede Ethereum, o novo, que reescreveu a história como se o hack DAO nunca tivesse acontecido, assumiu o nome Ethereum. Enquanto a versão inicial continuou como Ethereum Classic.
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Durante a maior parte de sua história, a Ethereum Classic operou à sombra de seu homônimo. Mas no mês passado, o ETC, seu token nativo, subiu 150%, e seu valor de mercado em 4 de agosto era de cerca de US$ 5 bilhões (ainda superado por quase US$ 200 bilhões para o Ethereum propriamente dito).
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Preocupações com a atualização
Os mineradores estão buscando uma série de abordagens para se adaptarem a um Ethereum pós-“Merge”.
AntPool, o pool de mineração afiliado à gigante de plataformas de mineração Bitmain, por exemplo, anunciou no mês passado que havia investido US$ 10 milhões em desenvolvimento e aplicativos para o Ethereum Classic, enquanto o Ethermine, o maior pool de mineração do Ethereum, anunciou uma versão beta do EtherMine Staking, um serviço de pool de apostas.
Houve ainda rumores de que os mineradores do Ethereum fariam um hard fork, ou uma mudança radical na rede, em protesto contra a “Fusão”. Mas a probabilidade de isso acontecer e ser bem-sucedido é extremamente baixa.
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A Luxor Technology, fornecedora de software e serviços de mineração de Bitcoin (BTC), também fez investimentos na mineração de Ethereum, apesar da possibilidade futura de uma mudança no mecanismo de consenso.
A Luxor montou um grupo de defesa de prova de trabalho (PoW) com o objetivo de manter a blockchain nesse mecanismo de consenso, disse Ethan Vera, cofundador e diretor de operações da Luxor, ao CoinDesk.
Vera disse que o grupo se concretizou por conta de preocupações com a transição para PoS. “Embora existam vários graus de preocupação, o ponto em comum é que ainda não houve testes suficientes da transição PoS”, observou ele.
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“A chance de uma Fusão malsucedida é diferente de zero, o que é muito preocupante para as pessoas que investiram tempo, social e financeiro no Ethereum”, disse o executivo.
Há bilhões de dólares em jogo, e a Ethereum Foundation, a organização sem fins lucrativos que supervisiona o desenvolvimento de software de rede, está se movendo muito rápido em seu processo para mudar para PoS, causando um risco enorme para mineradores e detentores de ETH, acrescentou Vera.
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Embora o diretor da Luxor tenha dito que acredita que o Ethereum é melhor servido no PoW, se a transição para o PoS for bem-sucedida, sua empresa “ficará feliz pelo ecossistema e ainda apoiará pessoalmente e como empresa”. Ele acrescentou que “estamos altamente interessados no Ethereum intelectualmente como um projeto e em todos os aplicativos interessantes construídos nele”.
Vera não disse se a Luxor acredita que o Ethereum Classic seria uma alternativa melhor, apenas que coordenaria com seus parceiros para determinar para onde suas práticas de mineração estarão voltadas.
Uso do Ethereum Classic
A Hive Blockchain (HIVE), a primeira empresa de mineração de cripto de capital aberto, também compartilhou com o CoinDesk seus desafios com o Ethereum em uma era pós-“Merge”. Quando questionado se o Ethereum Classic se tornaria mais valioso para os mineradores após a atualização, Aydin Kilic, presidente e diretor de operações da Hive, disse que “isso dependeria do caso de uso do Ethereum Classic”.
“Atualmente, cerca de 95% dos projetos [financeiros descentralizados] existem na blockchain Ethereum. Se [tokens não fungíveis] e desenvolvedores DeFi perceberem que uma blockchain de camada 1 de prova de trabalho segura é o melhor campo de atuação para seus projetos baseados em código, então esperaríamos ver um aumento nos aplicativos na blockchain Ethereum Classic”, disse.
Segundo ele, “há um valor intrínseco em uma moeda de prova de trabalho amplamente descentralizada, que o Ethereum Classic se tornará, se a Fusão ocorrer”.
Com muito em jogo, o júri ainda está decidindo se o Ethereum Classic ganhará em um mundo pós-“Fusão”. O único fio comum parece ser que os mineradores querem que o Ethereum tenha sucesso, independentemente do mecanismo de consenso que eles usam – embora pareçam preferir que ele permaneça em um mecanismo PoW.
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