Novo primeiro-ministro da França terá diversos desafios, diz Société Générale

Para analistas, preocupação com déficit público e competitividade nacional dominarão pauta no próximo mandato

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Os franceses devem escolher entre o candidato socialista François Hollande e Nicolas Sarkozy para ocupar o cargo de primeiro-ministro do país no dia 6 de maio, quando ocorre o segundo turno das eleições. De acordo com o banco Société Générale, o candidato eleito enfrentará diversos desafios, principalmente do lado fiscal e da restauração da competitividade do país, o que deve impactar não somente os franceses, mas os integrantes da Zona do Euro como um todo. 

Os analistas Michala Marcussen e Michel Martinez ressaltam que, pela primeira vez na história da república recente da França, os dois principais candidatos tem uma estratégia orçamentária de médio prazo, em termos de receita e gasto. Ambos os candidatos – François Hollande e Nicolas Sarkosy – basearam seus números no SGP (Programa de Estabilidade e Crescimento do governo francês). Tanto Hollande quanto Sarkozy apresentam expectativas semelhantes para o déficit orçamentário, que deve se reduzir para zero entre 2016 e 2017. 

Para Michala e Martinez, agora que a crise europeia atingiu certos países, como a Espanha, a crise da dívida acabou por afetar outras nações também. A primeira questão é se a França terá condições de honrar os seus compromissos de curto prazo. De acordo com o SGP, o país irá reduzir o déficit público para 3% do PIB em 2013 e o cenário de risco é bastante limitado.

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De acordo com os analistas do banco, a chance de uma deterioração mais séria na situação econômica é mínimo, à medida que a estimativa do governo para o aumento do PIB – de 0,7% em 2012 – é bastante realista. Com um 2013 ainda preocupante, Michala e Martinez afirmam ainda que deve ser feito um ajuste fiscal de cerca de 0,8 ponto percentual com relação ao PIB, o que é bastante compatível com o plano de austeridade realizado entre 2011 e 2012. 

Aumento das despesas e redução do déficit: irá acontecer?
Para os analistas, apesar dos dois candidatos apresentarem propostas parecidas com relação à redução do déficit público, eles se contrapõem quando o assundo é o nível de taxação e de gastos do governo. Enquanto Sarkozy propõe uma política de manutenção, Hollande propõe o cancelamento dos cortes de impostos para companhias que possuem trabalhadores com baixos salários, entre outras medidas, o que deve levar a um aumento das receitas e, em contrapartida, a um aumento de gastos pelo governo na ordem de 2 pontos percentuais com relação ao PIB. 

Mesmo com as expectativas acertadas para o PIB em 2012, os candidatos presidenciais estão superestimando a taxa de crescimento do PIB entre os períodos de 2012 a 2016, ressaltam os analistas, o que resulta em ajustes fiscais menores do que o necessário. Isso, em um cenário de uma taxa do PIB real em 1,4% estimada pelos analistas – e em linha com as expectativas do FMI (Fundo Monetário Internacional  e da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) – deve levar a um aumento do déficit público em 1 ponto percentual acima do estimado, estendendo aos governos a necessidade de uma correção em igual magnitude. 

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A argumentação dos candidatos com relação ao aumento de receitas, mas sem um controle dos gastos públicos, também parece bastante preocupante aos olhos de Michala e Martinez. Esse aumento nos gastos parece ser ainda mais incerto, afirmam os analistas, se for considerado um cenário onde o ajuste fiscal deve acontecer entre os anos de 2014 a 2016. 

Mudanças na estrutura
Os analistas ressaltam ainda que é necessário o restabelecimento da competitividade e do modelo de consumo do país, que atingiu o seu limite, com um aumento bastante forte da inadimplência. “Com isso, um novo modelo deve ser desenvolvido para assegurar a tendência de crescimento do país. Para isso acontecer, é necessário um programa forte de reformas estruturais para assegurar empregos e crescimento para as gerações futuras”, destacam os analistas.

Esse movimento passaria por uma moderação dos custos do trabalho, aumento da flexibilidade do mercado, de modo a reduzir o desemprego de longo prazo ao estimular os inativos a retornarem ao mercado de trabalho. Michala e Martinez destacam ainda a redução da competitividade do país frente a outros países da Zona do Euro, devido a suas altas taxas de contribuição social e impostos, assim como o alto custo do trabalho na nação. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.