“Não tema o meu livro, tema a realidade”, diz autor de polêmica obra econômica

Economista francês Thomas Piketty ressalta o problema da desigualdade e se anima com fato de que seu livro está estimulando o debate econômico

Lara Rizério

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SÃO PAULO – As formas extremas de desigualdade tiveram saltos com o aumento da renda dos mais “bens pagos” do mundo, o que torna esta uma questão macroeconômica bastante séria.

“Não há nenhum problema com a desigualdade em si. O problema é quando a desigualdade fica muito extrema e o topo aumenta três vezes mais rápido do que a média, podendo observar que isto não pode continuar para sempre”, disse em entrevista ao portal CNBC Thomas Piketty, economista francês autor do livro “O Capital no Século XXI”, que vem causando polêmica na comunidade econômica.

“Em algum momento isso vai ter que parar e devemos tentar ter mais transparência sobre a renda e riqueza”. O portal cita um estudo recente do AP / Equilar, que revelou que os executivos chefes agora ganham cerca de 257 vezes o salário do trabalhador médio, mais acentuadamente do que as 181 vezes registrados em 2009.

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A tributação progressiva poderia levar a uma maior igualdade, aponta. Mas, ao mesmo tempo, resolver a questão é um problema para as grandes economias, o desafio será ainda maior para os países menores, aponta Piketty.

“Vamos resolver isso como países europeus individuais? Não. Precisamos de um acordo internacional”, disse ele.

Embora aclamado, “O Capital no Século XXI”, também tem sido um para-raios para os críticos. De acordo com o Financial Times, Piketty pode ter errado nas contas de seu livro, que faz uma análise sobre a desigualdade de rendimentos e riqueza nos últimos anos na Europa e nos EUA.

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Em um longo artigo, o FT utiliza as fontes e as folhas de cálculo usadas por Piketty, que foram disponibilizadas pelo próprio autor na internet, e destaca que Piketty se enganou a copiar alguns números, fez alterações “inexplicáveis” dos dados originais com uso sem explicação de diferentes períodos de tempo para elaborar a sua tese, entre outros. 

“As pessoas não devem ter medo do meu livro. Eles devem estar com medo da realidade e devem estar tentando ver como podemos lidar com isso”, disse Piketty. Ele defendeu seu trabalho e disse à CNBC que estava feliz que o livro estimulou o debate.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.