Não é Lehman Brothers: 5 motivos para acreditar que o medo da Grécia é exagerado

Segundo analistas, Grécia e credores não estão tão longe de um acordo, e se o país sair do euro, mercado precificará como uma notícia ruim, que pelo menos é melhor do que uma não notícia

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – “Uma das melhores maneiras de se fazer dinheiro é comprar o medo”, disse Lawrence McDonald, estrategista-chefe do Societé Generale, ao site Market Watch. A declaração foi dada em relação ao que ocorre na Grécia, que ontem deu um calote de 1,6 bilhão de euros em sua dívida com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Hoje, estamos vendo no mercado que se aquele era visto como o fim da linha, a Grécia está provando que existe “vida após a morte”. 

Às 11h15 (horário de Brasília), o índice FTSE 100 sobe 1,64%, enquanto o DAX avança 2,91%, o CAC 40 tem alta de 2,71%, o FTSE MIB dispara 2,73%, o IBEX 35 vê valorização de 1,79% e o Stoxx 600 registra ganhos de 2,02%. 

“Ao longo próxima semana há uma boa chance de vermos ralis espetaculares porque a questão não está de maneira alguma acabada”, disse McDonald. Ele acredita que, apesar de tudo o que ocorreu ontem, os gregos devem permanecer na zona do euro e mesmo se saírem, há motivos para acreditar que o cenário para as empresas do país vão ter bom desempenho no longo prazo. A depreciação cambial da provável nova moeda, o dracma, poderia no longo prazo ser benéfica para as companhias gregas, que conseguiriam exportar mais. Além disso, os investimentos estrangeiros voltariam a correr, já que o mercado prefere uma notícia ruim a uma indefinição completa. 

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Ao investidor que acha as ações gregas muito arriscadas, comprar pequenas participações em companhias europeias que estão sendo atingidas pela onda de pessimismo com a Grécia pode ser uma boa ideia. O estrategista-chefe da Wells Capital Management afirmou ao site que as economias europeias estão melhorando e que o continente ainda está em fase de relaxamento monetário enquanto os Estados Unidos pensam em elevar os juros. 

Levando tudo isso em consideração, o Market Watch elencou 5 motivos para acreditar que o pânico sobre a Grécia é exagerado: 

1. A Grécia não é o Lehman Brothers
No dia 29 de junho, o “sell-off” global em torno da crise grega teve muito a ver com o discurso do presidente do Federal Reserve de Nova York, William Dudley, que comparou a situação atual com a maneira como ninguém antecipou que a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers iria afetar a economia e os mercados do jeito que afetou. Para analistas, a situação é bem diferente, já que grande parte da dívida da Grécia saiu das mãos de particulares para as contabilidades de governos europeus. A exposição dos bancos do continente é mínima. 

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2. Calote, não levará a desastre
McDonald diz que o FMI irá dar à Grécia mais três ou quatro semanas. “Eles não vão colocar os gregos em default”, disse o estrategista. Ele explicou que os credores do país estavam perto de suavizar as exigências na proposta de acordo, mas ficaram sem opção quando Tsipras deixou as mesas de negociação no fim de semana.

3. O BCE está mantendo a assistência a bancos gregos
Se o Banco Central Europeu continua aprovando os fluxos de liquidez emergenciais aos bancos gregos, então a autoridade monetária continental ainda não deu às costas ao país. A ameaça de cortar a capitalização que o BCE tem feito na verdade é o tipo de tática que foi adotada para o Chipre aceitar as medidas de austeridade.  

4. A Grécia quer ficar na Europa
O discurso duro de Tsipras e do ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, surge da dificuldade de fazer os aliados políticos do partido de extrema esquerda, Syriza a aceitarem as reformas propostas pelos credores. As pesquisas de opinião mostram que 70% do eleitorado grego quer permanecer na zona do euro e 57% aceitariam isso mesmo que fossem necessárias medidas de austeridade para atingir este objetivo. O referendo de domingo, com a população irritada com os bancos fechados e o limite de saque nos caixas eletrônicos, pode servir para acabar com o impasse político e levar o país ao encontro de um acordo.

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5. Grécia e credores não estão longe de um acordo
Ao contrário do que era visto no começo das negociações, as diferenças entre o que o governo grego quer e o que os credores querem não são mais tão grandes. A controvérsia agora fica apenas no tamanho dos cortes em aposentadorias do aumento nos impostos para o comércio.  

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