Moeda da Venezuela já perdeu tanto valor que é usada como guardanapo

SÃO PAULO – Uma imagem que tem causado furor na rede social Reddit é a de uma pessoa usando uma nota de dois bolívares, moeda da Venezuela, como guardanapo para comer um salgado. Se formos levar em conta o câmbio oficial do país de Nicolás Maduro, esta pessoa está segurando o seu lanche com o equivalente a R$ 1,07, já que um bolívar equivale a R$ 0,537. 

No entanto, esta taxa não é a praticada em todos os lugares do país. No mercado negro, você precisa desembolsar 676,88 bolívares para comprar um dólar, ou seja, são 195,29 bolívares para um real. Isso significa que pela taxa de câmbio do mercado negro, a pessoa não está usando muito mais do que 1 centavo como guardanapo. Isso explica a ironia da foto, de que o dinheiro está tão desvalorizado por lá que uma nota de 2 unidades vale menos do que um pedaço de papel descartável. 

A desvalorização do bolívar também é um dos motivos para um dos piores problemas econômicos que a Venezuela enfrenta atualmente, que é a inflação em 68,5% no acumulado dos últimos 12 meses. Se esse número parece alto, ele nem sequer é unanimidade entre os analistas, por conta da falta de credibilidade das informações oficiais do governo venezuelano. Consultorias como a Ecoanalítica falam em 213,2% de inflação, enquanto economistas como o professor Steve Hanke, acreditam em 808%. Um jornal no país atualmente custa 200 bolívares, ao passo que um quilo de batatas custa 300. 

Veja abaixo o gráfico da cotação do dólar em bolívares segundo o site dolar today:

A crise econômica venezuelana atual é em grande parte causada pela queda dos preços do petróleo, que caíram mais de 50% de junho do ano passado até hoje. Vale lembrar que o país depende muito da exportação do combustível para crescer. Por causa disso, os títulos da dívida da Venezuela são considerados os mais arriscados do mundo, com alta probabilidade de um default futuro. 

É nesta situação econômica que o país se dirige para as eleições legislativas de dezembro, que podem levar o maior número de candidatos oposicionistas ao Congresso desde 1999.