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Microsoft sobe 3%, dona do Google cai 9,5%: o que explica o diferente desempenho das ações após os resultados

O lucro das duas big techs foi acima do esperado, mas os resultados da computação em nuvem explicam a diferença de desempenho

Equipe InfoMoney

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As ações das primeiras big techs a divulgarem seus resultados nesta semana registraram um movimento oposto nesta quarta-feira (25). Enquanto as ações da Alphabet, que controla o Google, caíram 9,51%, a US$ 125,61, os ativos da Microsoft avançaram 3,07%, a US$ 340,67, no mercado americano.

A Alphabet teve um lucro por ação de US$ 1,55 no 3T23, acima das expectativas, que eram de US$ 1,44. No entanto, as receitas da computação em nuvem foram de US$ 8,41 bilhões, abaixo dos US$ 8,6 bilhões previstos pelo mercado.

“Como a computação em nuvem é considerada o negócio mais relevante para o futuro da empresa, as ações recuam forte”, aponta a Levante Corp.

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O CEO, contudo, tratou de trazer uma abordagem positiva sobre o balanço. “Estou satisfeito com nossos resultados financeiros e o impulso de nossos produtos neste trimestre, com inovações orientadas por IA na Pesquisa, no YouTube, na nuvem, em nossos dispositivos Pixel e muito mais. Continuamos focados em tornar a IA mais útil para todos; há um progresso emocionante e muito mais por vir”, disse Sundar Pichai.

O Itaú BBA apontou em relatório que, ao ver a forte queda das ações da Alphabet após o balanço, se questionou se a reação era exagerada, mas passou a concordar com o fraco desempenho após analisar os números.

“Avaliamos que a dinâmica do lucro por ação é um fator muito forte para explicar os retornos, juntamente com qualquer forte reação dos preços imediatamente após os resultados. Ambos os indicadores (uma revisão em baixa das estimativas de lucro por ação de mais de 3% para 2024 e 2025 e uma reação negativa de 6%-7% da ação no pós-fechamento na véspera) nos levam a acreditar que o Google não terá um bom desempenho nos próximos dois a três meses”, apontam os analistas.

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O BBA reforça que, depois de passar de “perdedor” a “vencedor em potencial” no espaço da inteligência artificial (IA), o Google teve um desempenho excelente de sua ação desde o início de maio (aumento de 29%), aproximando-se do máximo em 52 semanas.

“No entanto, embora a maioria dos investidores atribua totalmente o retorno positivo à mudança na narrativa, isto está longe de ser toda a explicação. Nos últimos trimestres, o Google assistiu a uma revisão em alta das expectativas de ganho por ação, apoiada por aceleração das receitas, principalmente no mecanismo de Busca, e uma melhoria de margem (rentabilidade) impulsionada por uma melhor disciplina de custos”, avalia o banco.

O BBA destacou que, após os resultados do terceiro trimestre, será mais difícil continuar a aumentar as suas estimativas para o Google daqui para frente – as receitas de Busca já estão na casa dos dois dígitos e todas as outras linhas de receitas (YouTube, Network e Google Cloud) são demasiado pequenas para fazer a diferença, impedindo uma aceleração acentuada.

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Além disso, os analistas da casa saíram da teleconferência com a impressão de que os ventos favoráveis impulsionados pelas margens também estão chegando ao fim. “É provável que o opex (capital utilizado para manter ou melhorar os bens físicos de uma empresa) fique sob pressão, especialmente devido à incapacidade da empresa de cortar muito mais nas despesas e aos comentários nada promissores sobre um aumento no custo de aquisição de cliente (CAC). Além disso, o capex (investimentos) deverá acelerar no quarto trimestre e em 2024”, aponta.

Por estas razões e pela potencial definição da questão envolvendo o Departamento de Justiça dos EUA (que acusa a empresa de monopólio e abuso de posição dominante no que se refere aos serviços de busca na internet) já no primeiro trimestre de 2024 (embora o nosso melhor palpite seja de uma resolução até o segundo trimestre de 2024), os analistas acreditam que as ações do Google não deverão performar bem para o resto de 2023. Dada a revisão em baixa das estimativas de lucro por ação, o BBA optou por reduzir o preço-alvo para o ano de 2024, de US$ 140 para US$ 136 por ação, mantendo recomendação neutra.

Microsoft: números fortes

Já o desempenho da Microsoft é oposto, com as ações subindo devido aos bons resultados da computação em nuvem.

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A empresa divulgou um faturamento de US$  56,52 bilhões no 1T24 do ano fiscal (3T23 no ano calendário). O resultado ficou acima da expectativa de US$ 54,50 bilhões e representa um crescimento de 12,7 por cento ao ano. O lucro por ação foi de US$ 2,99, acima dos US$ 2,65 esperados.

As receitas da computação em nuvem foram de US$ 24,26 bilhões, uma alta de 19% ano a ano e acima do consenso, que era de US$ 23,49 bilhões.

Conforme aponta a Levante, segundo a empresa, muitos dos clientes estão buscando maneiras de economizar dinheiro migrando para a nuvem e usando novas ferramentas de Inteligência Artificial (IA).

Em teleconferência com analistas, Amy Hood, diretora financeira da Microsoft, divulgou guidance (projeção) de receitas entre US$ 60,4 bilhões e US$ 61,4 bilhões para o 2T24 (trimestre fiscal), um crescimento de 7,7% na base trimestral.

Segundo o Itaú BBA, mais uma vez, a Microsoft não só teve um bom trimestre, como superou todas as expectativas. “Desde o crescimento de receita de 28% da Azure (plataforma de nuvem) em relação ao ano passado (comparado à expectativa de 26%) até a impressionante expansão da margem Ebit (rentabilidade operacional) de quase 5 pontos porcentuais (pp), o terceiro trimestre foi realmente um período notável. Além disso, o Office 365 Comercial continua a crescer a taxas elevadas, enquanto o Windows OEM, fundamental para as margens, retornou ao crescimento positivo após vários trimestres fracos”, avalia.

O Itaú BBA ressalta que as ações da companhia subiram 5% no início no pós-mercado na véspera, mas que a valorização desacelerou após a companhia não projetar uma aceleração no crescimento da Azure e adotar uma postura mais conservadora para o segundo semestre do ano fiscal, especialmente em relação ao crescimento e margens da Azure.

“Avaliamos que é natural para uma empresa deste tamanho ser conservadora, especialmente após um trimestre tão impressionante. De fato, ao atualizarmos nossos números, achamos difícil estimar margens estáveis para o ano inteiro, mesmo considerando os maiores custos da incorporação da ATVI. Isso sugere um ‘risco de alta’ em nossas estimativas de ganho por ação já elevadas, após os resultados do terceiro trimestre”, aponta o BBA.

Em suma, o banco avalia que o foco voltará para a Azure e outros negócios principais, após alguns trimestres voláteis. Embora a empresa tenha deixado claro que as otimizações na nuvem não estão melhorando, a inteligência artificial já está fazendo diferença nos números, destacam os analistas, com um acréscimo de 3 pp na expansão da Azure, desempenho antes da adoção em massa do Office Copilot.

O BBA vê espaço para mais revisões positivas antes do fim do ano fiscal e, mesmo que as ações da Microsoft não estejam baratas, mantém recomendação de “compra”.

“Com os copilotos, estamos tornando a era da IA real para pessoas e empresas em todo o mundo. Estamos infundindo rapidamente IA em todas as camadas de tecnologia e em todas as funções e processos de negócios para gerar ganhos de produtividade para nossos clientes.”, disse o CEO Satya Nadella

A Levante aponta que haverá mais. Nesta quarta-feira, após o pregão, a Meta, que controla o Facebook, vai divulgar seus números. E na manhã da quinta-feira (26) saem os resultados da Amazon.

“O desempenho financeiro dessas empresas é considerado pelos investidores um bom indicador da saúde da economia americana como um todo. Até agora, os números são mistos: melhores que o esperado no caso da Microsoft, piores que o previsto para a Alphabet. Com as outras gigantes divulgando seus balanços será possível medir o impacto do aperto monetário no lucro das companhias”, avalia.

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