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SÃO PAULO – O Ibovespa terminou o primeiro trimestre de 2011 repetindo o cenário de valorização abaixo da média mundial visto no último quarto do ano anterior. Enquanto os índices norte-americanos S&P 500, Dow Jones e Nasdaq avançaram 5,42%, 6,41% e 4,83% desde o início de 2011, e o alemão DAX 30 subiu 1,84%, o benchmark da bolsa brasileira recuou 1,04% de janeiro a março.
No final de 2010, analistas arriscaram dizer a bolsa subiria entre 75 mil até impressionantes 122 mil pontos – projeção feita em novembro por Ben Laidler, do JPMorgan, levando em conta uma alta dos fluxos estrangeiros e a remoção de fatores que pesaram sobre o índice em 2010, além de um cenário robusto para os fundamentos locais.
As projeções otimistas, contudo, não podiam prever uma série de conflitos e crises que marcaram o primeiro trimestre. Entre eles, um tremor de terras no Japão de 8,9 graus na escala Richter, a escalada de movimentos de protesto no Oriente Médio pela queda de ditadores totalitários e o acirramento da situação de dívida em Portugal.
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Analistas sustentam projeções de Ibovespa em 80 mil pontos
Mesmo em meio ao cenário conturbado, analistas e professores sustentam que é cedo para rever a meta de 80 mil pontos para o Ibovespa no final do ano. O economista Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, avalia que os problemas ocorridos na externamente ainda podem ser equacionados no curto prazo. “A reconstrução do Japão e a resolução dos conflitos na Líbia podem trazer alívio e ajudar na reversão das perdas“, diz.
Estevão Garcia de Oliveira Alexandre, coordenador do curso de Gestão Financeira da Veris Faculdades, explica que por enquanto o governo brasileiro decidiu não repassar o valor do aumento do preço do petróleo à gasolina, mas uma mudança de posicionamento poderia favorecer as companhias petrolíferas. Por sua vez, a reconstrução no Japão impulsionaria siderúrgicas. Alexandre ainda frisa que a crise na Europa já era prevista há algum tempo, e “embora atrapalhe no curto prazo, não tem tanto impacto no longo”.
“O principal índice da bolsa brasileira tem mostrado uma tendência bastante lateralizada desde o início do ano. Contudo, o último dia do trimestre já deu bons sinais de recuperação, com o rompimento de um patamar que tinha sido buscado por cinco vezes, de 68.200 pontos”, diz o analista-chefe da Walpires Corretora, Leandro Martins. Ele diz que a estimativa da corretora continua enrte entre 80 mil e 85 mil pontos até o final do ano, sendo que os acontecimentos externos, principalmente no Japão, já estão bastante precificados.
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Segundo trimestre começa com pé direito
O consenso do trio é que ainda não é necessário rever projeções. Para Leite e Alexandre, uma avaliação sobre isso só seria possível daqui a alguns meses. Todos sustentam ainda a chance real do índice alcançar os patamares projetados.
“O desempenho do início do trimestre foi uma correção da alta vista no segundo semestre de 2010, quando o benchmark chegou a atingir 73 mil pontos”, diz o analista-chefe da Walpires. Ele aproveita para apontar que o índice ensaia sua recuperação e aposta em uma virada no meio do ano, com o rompimento da média histórica de 73.900 pontos.
Cenário externo surpreendeu e continua a pesar
No Japão, o maior abalo sísmico dos últimos 140 anos foi seguido por um tsunami de 10 metros que atingiu diversos pontos no litoral e devastou o país na primeira semana de março. A situação se agravou com a explosão de reatores na Usina Nuclear de Fukushima. A população teve de sair de suas casas e a contaminação de alimentos levou ao cancelamento de parte das exportações do país.
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Fora isso, uma série de manifestações contra regimes totalitários tomou o Oriente Médio desde o início do ano, implicando na queda do presidente egípcio, Hosni Mubarak, do presidente da Tunísia Zine al-Abidine Ben Ali e do ditador. Na Líbia, os conflitos ainda se estendem e os Estados Unidos passam a lutar ao lado de rebeldes contra o governo de Muammar Ghadafi, que promove um massacre no país. Bahrein, Síria, Iêmen, Jordânia e Argélia também organizam manifestações contra seus respectivos governos.
Já a crise da dívida nos países periféricos europeus voltou à tona com a instabilidade política instalada em Portugal após o pedido de renúncia do primeiro-ministro José Sócrates, ao ter um novo projeto de austeridade fiscal ser rejeitado no Parlamento pela oposição. Com isso, as agências de classificação de risco Moody´s, Fitch e Standard & Poor’s rebaixaram o rating da dívida do país, adicionando pressão à dinâmica de juros dos títulos portugueses.
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