Melhora em países desenvolvidos expõe fragilidade dos emergentes, diz Rogoff

Professor de economia de Harvard diz que recuperação das grandes economias está mostrando a fragilidade de países em desenvolvimento que registraram crescimento sólido nos últimos anos

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após anos de crescimento sólido e muitas vezes forte, estariam os países emergentes passando por uma crise em reflexo ao cenário internacional? Esta é a pergunta levantada pelo professor de economia de Harvard, Kenneth Rogoff, no site Project Syndicate. Para ele, a desaceleração do crescimento na China e o fim das políticas monetárias mais flexíveis em países desenvolvidos estão começando a expor grandes fragilidades nos emergentes.

Rogoff explica que o cenário atual tem sido bastante difícil para países que precisam financiar seus déficits em conta corrente, caso de Brasil, Índia, África do Sul e Indonésia. Porém, ele destaca que as políticas deste países, que combinam taxas de câmbio flexíveis, com fortes reservas internacionais, além boas políticas monetárias têm fornecido boas medidas de proteção para eles.

Por outro lado, países mas dependentes de outros fatores, como o caso da Argentina e Venezuela – que dependem dos preços das commodities e de condições financeiras internacionais favoráveis – acabam mostrando o risco que todos os emergentes correm.

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O professor explica que a desaceleração do crescimento é um fator que tem preocupado mais os investidores que a própria volatilidade dos ativos. Ele afirma que as ações dos países em desenvolvimento estão com pouca liquidez e isso faz com que leves mudanças nas carteiras de fundos levem a grandes oscilações de preços, algo que se agrava em agosto, quando os investidores estão de férias.

Para Rogoff, até recentemente, os investidores internacionais acreditavam que expandir suas carteiras nos mercados emergentes era correto, já que os países em desenvolvimento estavam crescendo bem, enquanto os países desenvolvidos estavam estagnados. As grandes companhias começaram a ver uma crescente classe média que poderia sustentar não só o crescimento econômico, mas também a estabilidade política de seus mercados.

Por fim, ele diz que realmente existem razões para preocupação e é loucura imaginar que emissão de dívidas em moeda local eliminaria a possibilidade de crise financeira. Porém, o professor indica que os países podem impor controles mais rígidos de capital e e novos regulamentos para o mercado financeiro com o intuito de bloquear os investidores poupadores. Mas que essa alternativa de repressão financeira reduz a eficiência alocativa dos mercados de crédito, afetando o crescimento de longo prazo.

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Em relação ao futuro, ele se diz otimista que acredita que é improvável que os investidores internacionais desistam dos mercados emergentes, principalmente em um momento em que suas perspectivas de longo prazo ainda parecem muito melhor do que as projeções para as economias avançadas.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.