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Em meio a um processo de reestruturação do seu negócio, a Marisa (AMAR3) divulgou na noite da última terça-feira (14) seu resultado do terceiro trimestre de 2023. Analistas viram os números como fracos, enquanto executivos do grupo mencionam que uma má performance, por agora, já era esperada, devido às mudanças que estão sendo aplicadas.
“A companhia passou por uma reestruturação, fechou cerca de 88 lojas nesses últimos meses. Fora isso, está com muita dificuldade de acessar crédito bancário também. Alguns fornecedores acabam não confiando mais tanto na companhia, então não entregam mais tantos produtos. Existe ali uma dificuldade muito grande de capitalizar as suas operações e, consequentemente, de equalizar as suas contas”, comenta Victor Bueno, sócio e analista de Ações da Nord Research.
A receita líquida “pró-forma” da companhia somou R$ 258,8 milhões entre julho e setembro deste ano, uma queda de 48,6%. Os dados “pró-forma” assumem que o plano de otimização operacional foi implementado desde janeiro de 2023 e expurgam as os ajustes extraordinários de R$ 15,7 milhões.
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Em parte, a própria queda do número de lojas e o recuo dos estoques são, para os especialistas, responsáveis pela queda.
A Marisa Lojas reportou prejuízo líquido de R$ 196,4 milhões no terceiro trimestre de 2023, montante 92,4% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2022.
“A empresa vem entregando números bastante abaixo das expectativas”, fala Bueno. “Agora, para 2024, eles têm um guidance, que eu até vejo com certa dose de otimismo”, completa, mencionando o plano da companhia de aumentar margens, a com a bruta ficando entre 50% e 52% no próximo ano, mesmo que em detrimento da receita bruta, que deve ficar entre R$ 2,3 e R$ 2,5 bilhões (em 2022, para fins de comparação, esse número fico acima de R$ 3,5 bi).
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“Se ela conseguir atingir esses números projetados, principalmente falando de Ebitda [Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês], vai conseguir também desalavancar financeiramente os seus indicadores”, explica o especialista da Nord. “Mas existe ali uma dificuldade muito grande de capitalizar as suas operações e, consequentemente, de equalizar as suas contas”.
Com dificuldade de acessar crédito bancário, a Marisa vem também atuando para liberar capital e remodelando seu negócio.
Além de diminuir os estoques e fechar lojas, durante a teleconferência, os executivos destacaram a renegociação de dívidas com fornecedores e proprietários de imóveis e o alongamento do passivo – fora a capitalização de R$ 120 milhões feita pelo controlador. Seria, segundo eles, um remédio amargo para a Marisa chegar no futuro “curada”.
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“O ponto positivo foi a redução de estoque, que contribuiu para uma liberação de capital de giro, mas foi esse mesmo fator que causou a grande queda nas vendas – não havia estoque suficiente”, diz Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.
“A gestão afirma que essa estratégia é intencional e faz parte do processo de limpeza da companhia, mas acreditamos que não será trivial virar esse jogo”, comenta a analista.
Por agora, após diversos passos da reestruturação já realizados, a Marisa quer focar em atender bem os clientes e aumentar os ganhos por metro quadrado.
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“Entramos agora em uma fase de recuperação das lojas. Sabemos que temos de melhorar, por exemplo, a experiência nas unidades. Esse tipo de coisa é que atrai clientela e cria recorrência. Quando falamos em expansão, neste momento, é focando em melhorar o nosso parque já existente.”, falou João Pinheiro Nogueira Batista, diretor executivo (CEO) da varejista. “Fora isso, tem movimentos pontuais para integrar, por exemplo, nossas lojas físicas a nossa plataforma digital”.
A Marisa também deu mais detalhes do encerramento da operação do MBank, anunciado junto do balanço.
“Estamos desenvolvendo o plano, que deve se dará até 2024. Estamos vendo com o Banco Central como isso acontecerá. Toda a operação com crédito pessoal, de pessoa física, se encerra. Faremos apenas operações pontuais com fornecedores”, comentou o diretor executivo. “Temos uma carteira para administrar até o vencimento, o que vai demorar, em média, os próximos seis meses”.
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