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SÃO PAULO – Resultados fortes ou em linha com o esperado por diversos ângulos, mas as ações reagiram com queda.
Depois da divulgação dos resultados do segundo trimestre, os papéis do Magazine Luiza (MGLU3) registraram baixa na B3 nesta sexta-feira (13), de 3,34%, a R$ 20,27, após chegar a cair 5,20% na mínima do dia. Isso apesar do resultado – mais uma vez – ser considerado forte.
A Americanas (AMER3), que na avaliação dos analistas de mercado teve resultado entre “misto” e “neutro”, com alguns vendo números fracos, viu suas ações caírem 7,88%, a R$ 43,14, no primeiro resultado após a união entre as operações de Lojas Americanas ([ativo=LAME3], R$ 5,71, -7,90%;[ativo=LAME4], R$ 5,97, -9,13%) e a antiga B2W Digital. Na véspera, também no pregão pós-resultado, a Via ([ativo=VVAR3]), dona das Casas Bahia e do Ponto, caiu 7,3% (veja mais clicando aqui).
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O caso do Magalu é emblemático, uma vez que a visão positiva sobre o resultado é praticamente unânime. Os números vieram fortes, com a companhia mantendo o ritmo de forte crescimento e com aumento substancial da rentabilidade, destaca a Levante Ideias de Investimentos.
Os principais destaques positivos foram: i) crescimento forte de vendas em todos os canais, em especial no físico e no varejo digital direto (1P); ii) taxa de crescimento das vendas online três vezes superior ao do mercado, o que significa ganhos de participação de mercado e iii) crescimento anual de 209,3% do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado.
As vendas brutas totais (GMV) foram de R$ 13,7 bilhões , 62,8% a mais que no mesmo período de 2020, Com isso, a receita líquida foi de R$ 8,2 bilhões, aumento de 57,7% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. Veja mais sobre o resultado clicando aqui.
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O Bradesco BBI destaca ainda que o GMV do comércio eletrônico aumentou 46% na base anual, ante estimativa do banco de alta de 41%, apesar da base difícil de comparação após o Magalu ter registrado um crescimento de 182% no comércio eletrônico no segundo trimestre de 2020.
Enquanto isso, o Ebitda ajustado, métrica utilizada para medir o potencial de geração de caixa da companhia foi de R$ 455,4 milhões, um aumento mais significativo de 209,3% na comparação anual, devido também a um base de comparação enfraquecida pelos efeitos do Covid 19 no segundo trimestre de 2020. A margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) dobrou em relação ao número apresentado no mesmo trimestre do ano anterior.
O BBI apontou que esse foi mais um forte resultado do Magazine Luiza, com crescimento impressionante do comércio eletrônico em uma base de comparação difícil, com o crescimento do GMV de comércio eletrônico de 46% ficando bem à frente do que os analistas esperavam no início do ano.
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O número reflete a forte execução da empresa, especialmente em logística, bem como mais consumidores comprando com mais frequência em uma gama mais ampla de categorias do que na pré-pandemia.
“Esperamos que esta forte execução de logística se intensifique ao longo do resto do ano, uma vez que Magalu vai colocar
mais foco nas janelas de entrega de 1 hora de suas lojas, inicialmente para 1P (estoque próprio) e, eventualmente, para 3P (marketplace). Achamos que é uma vantagem competitiva”.
O Credit Suisse também destaca que a companhia reportou bons números para o trimestre, combinando crescimento robusto com uma dinâmica saudável de margem Ebitda. Já o total de GMV reportado, na avaliação dos analistas da casa, foi de alguma forma antecipado pelo mercado.
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“Olhando pelo ponto de vista de lucratividade, a margem bruta ficou estável, enquanto que a margem Ebitda ajustada continuou em patamares normalizados (5,2%) dado uma diluição dos custos fixos”, apontam.
As expectativas do Credit sobre a reação do mercado antes da abertura era de neutralidade, já que as projeções já eram bastante altas. Porém, destacaram o que poderia ser uma volta das ações do Magalu para o radar dos investidores.
“Os papéis de e-commerce no geral brilharam em 2020, mas perderam momentum em 2021 com os portfólios de investidores inclinados a empresas de valor [e não de crescimento] e de commodities. Assim, alguns investidores acreditam que há desafios para continuar entregando crescimento nos próximos trimestres uma vez que o desempenho já foi muito forte no ano passado. O segundo trimestre veio para contestar dramaticamente essa visão. O e-commerce bombou e deve continuar tendo um momentum forte”, apontam. No ano, a ação MGLU3 cai mais de 18%.
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Eles afirmam estarem convencidos que o movimento atual não deve ser o suficiente para desencadear um ‘rebaixamento” da avaliação sobre das ações de e-commerce.
“Os fundamentos de longo prazo (ou seja, aumentar a penetração das vendas online) permanecem intactos, o que
nos faz acreditar que os níveis atuais podem ser um ponto de entrada interessante para os investidores com um
horizonte de investimento de longo prazo. Nesse sentido, o Magazine Luiza é definitivamente um bom veículo para surfar
esta tendência”, avaliam. A recomendação do Credit para MGLU3 é neutra, com preço-alvo de R$ 24,97, 19% superior ao fechamento de quinta-feira (12).
O Bradesco BBI também possui recomendação equivalente à neutra e preço-alvo de R$ 27 (upside de 29%) para as ações, até revisão da avaliação e números em toda a cobertura dos analistas de comércio eletrônico. Entre os fatores para a recomendação neutra, os analistas do banco vêm destacando a maior competição, inclusive com a entrada de players estrangeiros.
Por outro lado, a Levante destaca que, apesar do cenário cada vez mais competitivo, enxerga uma performance superior por parte do Magazine Luiza, conseguindo apresentar crescimento maior que seus pares. “Acreditamos que o principal catalisador para as ações no curto-prazo do Magalu é o anúncio de novas aquisições de relevantes, como o KabuM!”, aponta a equipe da casa de research. Veja mais sobre a compra do KabuM! clicando aqui.
Já Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, ressalta que, mesmo com bons resultados, a ação já parece precificar as estimativas mais positivas, ao mesmo tempo em que a companhia se depara com bases de comparação cada vez mais difíceis por conta do forte crescimento do ano passado.
Americanas: desafios no radar, sinergias positivas
Já para Americanas, o balanço não foi considerado tão positivo. A companhia apresentou seus números em formato proforma, somando o resultado das Lojas Americanas e da B2W como se já tivesse concluído a combinação desde janeiro deste ano, para fins de comparação mais fidedigna e analisável.
A companhia teve um lucro líquido de R$ 225 milhões no segundo trimestre de 2021, revertendo o prejuízo de R$ 36 milhões registrado no mesmo período do ano passado. Porém, houve um efeito não recorrente de R$ 309 milhões referentes à créditos fiscais. Sem ele, o prejuízo seria de R$ 85 milhões, pior do que a expectativa de perdas de R$ 42 milhões da XP.
A XP avalia que a Americanas reportou resultados fracos referentes ao segundo trimestre de 2021, com GMV total subindo 33% na base anual (abaixo dos seus pares), puxado pelo crescimento de 37% do GMV online (acima de Via, mas abaixo de Magalu e Mercado Livre).
O Itaú BBA aponta ainda que houve alguma pressão na margem Ebitda, que atingiu 10,4% devido a maiores investimentos na frente online. Porém, destacou que o desempenho recente do preço da ação – o papel AMER3 cai mais de 30% desde seu primeiro pregão na Bolsa, em 19 de julho – parece ter sugerido resultados piores do que os divulgados. Assim, os analistas não descartam potenciais “ventos a favor” para a ação (ainda que o papel tenha fechado em forte queda no pós-resultado).
Em relação à rentabilidade, a margem bruta e Ebitda foram pressionadas pela maior penetração das vendas online e investimentos em marketing e novas iniciativas.
Contudo, apesar dos resultados fracos, a XP destaca que a companhia trouxe algumas informações novas positivas como o guidance de sinergias decorrentes da fusão operacional de negócios, totalizando um valor presente estimado de R$1,6 bilhão (3,8% de rendimento) e o anúncio de uma recompra de até 17,5 milhões de ações (4% do free float).
“Vemos a Americanas como um ecossistema robusto com diversas iniciativas sendo implementadas buscando a melhora da experiência, recorrência e fidelização de seus clientes. Ainda, acreditamos que tanto a fusão como a aquisição do Hortifruti Natural da Terra devem destravar valor ao longo do tempo, com a companhia inclusive detalhando sinergias a serem capturadas em ambas frentes no seu resultado. Mantemos nossa recomendação de compra com preço alvo de R$ 82 e R$ 12 por ação para AMER3 e LAME4, respectivamente”, destaca a XP.
O BBI também reforça que, apesar de crescer um pouco acima das expectativas da casa, o crescimento do e-commerce ficou abaixo do Mercado Livre e do Magalu, mesmo com a implementação do frete grátis e dos incentivos para que os vendedores usem o atendimento.
“Esperamos ver o crescimento acelerar no segundo semestre contra base de comparação mais fácil, mas até que ponto a Americanas ganhará participação de mercado em 2022 não está claro”, apontam, destacando ainda que, talvez mais importante para as ações seja o anúncio de sinergias por trás da fusão das lojas e negócios online.
Sobre o programa de recompra, os analistas avaliam que, apesar de preferirem verem o caixa investido em crescimento – em um mercado onde os concorrentes estão investindo agressivamente – há flexibilidade no balanço patrimonial, dada a
grande posição de caixa e os longos prazos de endividamento.
Os analistas do BBI seguem com recomendação neutra para AMER3, ainda que com preço-alvo de R$ 90, ou um expressivo potencial de alta de 92% em relação ao fechamento de quinta-feira. Eles também destacam, a exemplo do Magalu, que vão avaliar os números do setor como um todo para fazerem uma potencial revisão de avaliação. O Itaú BBA, por sua vez, segue com recomendação outperform, com preço-alvo de R$ 74, ou alta de 58% em relação ao fechamento da véspera.
Cruz, da RB Investimentos, destaca que a forte queda das ações pode ser atribuída ao GMV crescendo menos que seus pares. Mas isso já era esperado pelos investidores. Desta forma, o estrategista vê que o movimento de queda dos ativos AMER3 registrado nesta sexta foi exagerado.
“A questão agora é olhar para frente: o que tem de vetor bom para a Americanas no futuro: há uma sinergia forte, que não é tão tangível, mas que vai fazer diferença. Além disso, há a questão de aquisições. Depois da empresa se focar em juntar suas operações, ela anunciou a aquisição da Natural da Terra, que é uma compra interessante e deve ser a primeira de algumas. Essa foi a grande notícia da semana, não o resultado trimestral”, avalia, destacando que a compra é chave para entender o que vai acontecer com a empresa lá na frente. Assim, entre as companhias do setor citadas, o estrategista vê a Americanas com o maior potencial de ganhos.
Em meio ao fraco desempenho recente dos papéis do setor associado ao e-commerce ainda bastante robusto, apesar da base de comparação cada vez mais difícil, os ativos do setor voltam aos poucos ao radar de analistas de mercado, ainda que com ressalvas. Temas como concorrência e desaceleração ainda estão sendo observados de perto pelos investidores.
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