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Pelos dados já disponíveis, não dá para saber exatamente qual é o perfil do brasileiro que remeteu dinheiro clandestinamente para fora e decidiu legalizá-lo. Os escritórios de advocacia atenderam clientes de porte variado – alguns profissionais liberais e até professores. Mas os dados oficiais de quem investe lá fora e participa da pesquisa do Banco Central indicam que a parcela mais graúda dos recursos pode estar nas mãos de poucos. Em 2015, mais da metade dos US$ 388 bilhões declarados pertencia a 41 investidores, pessoas físicas e jurídicas.
Também não há dados oficiais mostrando onde está o dinheiro legalizado que não retornou. Mas dá para ter uma ideia observando de onde veio o dinheiro que já voltou.
Cinco países abrigaram 87% dos recursos de brasileiros que retornaram. A maioria desses países tem em comum o fato de serem considerados “paraísos fiscais” – local onde as regras de tributação e operação são mais flexíveis. A escolha faz todo o sentido quando se lembra que parte desse dinheiro, se não foi herdado ou adquirido lá fora, deixou o Brasil por vias clandestinas. São eles: Suíça, com US$ 3,5 bilhões, seguida por Ilhas Virgens Britânicas (US$ 1,6 bilhão), Estados Unidos (US$ 1,5 bilhão), Bahamas (US$ 1,2 bilhão) e Panamá (US$ 867 milhões).
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Legal
O total de recursos legalizados até agora equivalia, pelo menos, a 39% do capital brasileiro no exterior declarado ao Banco Central em seu mais recente levantamento (os tais US$ 388,1 bilhões de 2015). Para chegar a esse número, a reportagem usou a cotação do dólar prevista na lei da repatriação – R$ 2,65. Como ainda há dinheiro clandestino lá fora e o processo de legalização continua, a proporção de recursos clandestinos tende a ser maior ainda.
Em 2015, ao todo, 36.474 pessoas físicas residente no Brasil e 4.088 empresas cumpriram com a obrigação de declarar seus capitais no exterior quando a cifra ultrapassa US$ 100 mil. O número de pessoas que admitem ter recursos fora do País cresce ano a ano. Praticamente triplicou desde que o Banco Central passou a divulgar o dado, em 2001. Naquele ano, foram registradas 13.426 pessoas e 1.805 empresas.
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Mas a concentração desses recursos em mãos de poucos investidores sempre foi altíssima. Em 2001, os 20 que guardavam mais de US$ 1 bilhão no exterior eram responsáveis por 66% do total. Em 2015, eles respondiam por 54% do total de capital brasileiro mantido legalmente fora do País.
A maior parte desse dinheiro estava em investimentos diretos – US$ 283 bilhões. Mas havia outras modalidades de investimentos, como os R$ 5,7 bilhões que estavam aplicados em bens imóveis. As Ilhas Cayman, um paraíso fiscal no Caribe, era onde mais os brasileiros concentravam os seus recursos legalizados no exterior. Ali, 1.248 investidores mantinham US$ 58,6 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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