Magalu (MGLU3) tem outro trimestre pouco animador e margens decepcionam; ação cai, mas fecha longe das mínimas

Rentabilidade, acompanhada de perto por analistas na varejista, foi impactada por despesas não recorrentes e gastos com o Difal

Vitor Azevedo

Centro de Distribuição (CD do Magazine Luiza em Louveira, no interior de São Paulo, em 09/04/2021 (Foto: Germano Lüders/Divulgação)
Centro de Distribuição (CD do Magazine Luiza em Louveira, no interior de São Paulo, em 09/04/2021 (Foto: Germano Lüders/Divulgação)

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O Magazine Luiza (MGLU3) divulgou na noite dessa segunda-feira (14) um resultado do segundo trimestre pouco animador, com destaque para as margens abaixo do consenso, mas trazendo algumas melhorias no capital de giro e nas vendas, apontam analistas. Com isso, nesta terça-feira (15) pós-balanço, as ações fecharam em queda, de 2,46%, a R$ 2,77, mas longe das cotações mais baixas na sessão; na mínima do dia, os papéis chegaram a R$ 2,53, ou queda de 10,92%.

“A varejista reportou balanço fraco, com uma queda no Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês] ajustado de 11% na base anual, em linha com nossa estimativa, mas cerca de 14% abaixo do consenso. Em nossa visão, o mercado já antecipava um trimestre desafiador devido à fraqueza no segmento de bens duráveis”, fala o time do Santander, liderado por Ruben Couto.

Ao final do trimestre, o número em questão somou R$ 439,8 milhões, com margem de 5,1% (-0,6 ponto porcentual na base anual).

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“No entanto, podemos ver uma reação negativa, dado o desempenho da margem de Ebitda em relação ao consenso, mesmo excluindo os itens não recorrentes que aumentaram sequencialmente”, acrescentam.

O segundo trimestre, eles explicam, ficou marcado como um período de ajustes para o Magazine Luiza, com R$ 155,9 milhões em despesas não recorrentes. Segundo a empresa, esses gastos foram provenientes principalmente do redimensionamento da companhia, com ajuste de capacidade, fechamento de centros de distribuição início do processo de incorporação reversa do Magalu Pagamentos pela Hub Fincteh.

“Apesar de uma melhoria notável na margem bruta devido ao aumento da participação de serviços no mix, isso foi mais do que compensado pela transferência do impacto negativo do imposto Difal e alguma pressão de despesas com vendas, gerais e administrativas no nível da margem Ebitda”, corrobora o time do Itaú BBA, encabeçado por Thiago Macruz, que também aponta os gastos focados em eficiência como inesperados.

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Marketplace foi destaque positivo

O volume bruto de vendas (GMV, na sigla em inglês) online ficou em R$ 10,7 bilhões, crescendo 7% no ano, principalmente impulsionado pelo marketplace (3P), que cresceu 15%, para R$ 4,1 bilhões. As vendas nas lojas físicas cresceram 2,7%, para R$ 3,9 bilhões.

“Todos os olhos estão voltados para uma esperada recuperação da rentabilidade nos próximos trimestres. Considerando que as tendências de rentabilidade têm sido o foco principal dos investidores em Magazine Luiza, o aumento de 20 pontos-base da margem bruta no ano foi um destaque dos resultados, considerando o impacto negativo da transferência do imposto Difal”, fala o BBA.

A receita bruta da varejista ficou em R$ 10,6 bilhões, alta de 2,7%, e a líquida em R$ 8,5 bilhões, com alta de 0,1%.

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Sobre o Difal, o Morgan Stanley pontua que a reintrodução levou a um recuo de 170 pontos-base da margem bruta, que ficou em 28,8%. “O Magalu continuou a repassar preços ao longo do trimestre para ajudar a mitigar o impacto, e um aumento de receita de serviço de 26% (incluindo o marketplace 3P) foi um compensação parcial adicional”, fala o time liderado por Andrew Ruben.

Do lado positivo, analistas destacaram que o Magazine Luiza trouxe uma melhora do seu capital de giro e caixa, com os dias de fornecimento de fornecedores em quatro dias, contra oito negativos no primeiro trimestre, e após a renovação de um acordo com o Cardif.

“O ponto positivo do resultado foi a geração de caixa da companhia e a renovação de acordo com a Cardif por 10 anos, o que aumentou em mais de R$ 1 bilhão a sua posição de caixa”, menciona Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research. “De acordo com nossos cálculos para variação da dívida líquida (incluindo recebíveis descontados e financiamento de fornecedores), a empresa apresentou geração de caixa de cerca de R$ 300 milhões, ajudada pelos R$ 850 milhões do acordo com a Cardif”, fecha o BBA.

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Magazine Luiza repassou 1/3 do Difal

Durante a teleconferência com analistas, realizada na manhã de hoje, os executivos do Magazine Luiza expuseram que repassaram, até então, cerca de um terço dos gastos com o Difal, que é a diferença de alíquota sobre uma mercadoria determinada entre o estado de origem da mercadoria e o de destino. Segundo o diretor executivo, Frederico Trajano, a varejista espera repassar até 90% do preço até o final do ano.

Fora isso, os diretores mencionaram ainda que esperam uma melhora do cenário até o final do ano – ainda que um pouco vagarosa.

“As categorias de tickets mais caros têm mais correlação com a taxa Selic. Com a queda, elas devem avançar, mas é uma tendência gradual”, expôs Trajano. “Não posso dizer que isso começou em julho, porque a queda começou em agosto. Mas no primeiro mês do segundo semestre tivemos uma racionalidade maior na competitividade. Vejo uma dinâmica perspectiva para o médio prazo mas no curto prazo já temos alguns avanços”.

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Quanto ao capital de giro, o Magazine Luiza explicou que é possível haver uma piora até o fim de 2023 por conta da formação de estoques para a Black Friday. A varejista espera que a data, neste ano, supere a de de 2022, que foi a melhor de sua história.

“Continuamos reduzindo estoques marginalmente desde o final de 2021. Já reduzimos R$ 1,5 bilhão desde o pico. Nível de ruptura está em patamar saudável. Naturalmente, estamos sempre buscando melhorar o nível, mas mais via aumento das vendas”, explicou roberto Bellissimo Rodrigues, diretor financeiro (CFO). “Podemos, no entanto, ganhar eficiência. Temos uma série de iniciativas internas, mas isso não deve acontecer no curto prazo, porque vamos nos preparar para o final de ano com aumento dos estoques”.

Na relação com fornecedores, o CFO, destacou que após o incidente da Americanas (AMER3) no começo do ano agora as taxas de juros de linhas de risco sacado já estão quase voltando aos níveis normais. “Custos das linhas de empréstimos aos fornecedores ficaram mais caros no começo do ano, visto tudo que aconteceu no mercado, mas estão se normalizando. As taxas de juros, que são de curto prazo, estão já quase no mesmo patamar do ano passado. Com isso a demanda dos fornecedores também está voltando ao normal”.

Por fim, a Magazine Luiza negou, por enquanto, estar cogitando fechar unidades – ao contrário da Via (VIIA3), sua concorrente direta, que anunciou há poucos dias o fechamento de até 100 lojas.

“Estamos sempre avaliando nossas lojas. No entanto, as principais que têm melhorias a oferecer são as novas e não faz sentido fechar essas unidades em momentos de redução de juros”, comentou Trajano, ao ser indagado sobre a possibilidade de fechar parte dos espaços físicos.

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