Magazine Luiza (MGLU3) tem prejuízo ajustado superior no 2º trimestre, mas com evolução em vendas e margem bruta; queda de juros anima

Companhia apresentou alta de 6% da vendas e evolução de 0,2 ponto porcentual da margem bruta

Rodrigo Petry

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A varejista Magazine Luiza (MGLU3) viu sua última linha do balanço apresentar um prejuízo líquido ajustado, excluindo efeitos não recorrentes, de R$ 198,8 milhões no segundo trimestre, representando um avanço de 77,3% frente às perdas líquidas de um ano antes, que somaram R$ 112,1 milhões.

Com efeitos não recorrentes, o resultado contábil reportado apontou um prejuízo líquido de R$ 301,7 milhões – alta de 123% em um ano –, influenciado pela reintrodução do Difal (diferença de alíquota de ICMS nas vendas interestaduais) e aumento de despesas financeiras no período.

Em entrevista ao InfoMoney, Roberto Bellissimo Rodrigues, diretor financeiro da Magazine Luiza, destacou que o grosso dos itens não recorrentes está ligado à consolidação do ecossistema de fintechs e de empresas de logística. “Fizemos ajustes na capacidade instalada, de consolidação de empresas adquiridas”, disse.

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Conforme o CFO, não há previsto gastos de natureza semelhante daqui para frente. Ademais, ele destacou que essas despesas, classificadas na linha do balanço de ajustes como “reestruturação e integração”, não guardam semelhança à concorrente Via (VIIA3), que anunciou semana passada um plano “transformação” de suas operações.

Além disso, o problema dos juros altos foi apontados também pela empresa, como consequência do resultado líquido negativo do 2º trimestre. Mas isso não impediu o aumento das vendas. “Tivemos mais um trimestre com alta de vendas, em um mercado que ainda reflete juros elevados”, disse, reforçando o incremento de margem bruta obtido no período.

A empresa espera que, ao longo dos próximos trimestres, conforme a taxa Selic siga em queda, que haja um alívio nas despesas financeiras líquidas ajustadas. “Estimamos que cada ponto porcentual de redução da Selic gere uma economia anual de mais de R$ 150 milhões”, disse Bellissimo.

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Outro fator apontado como positivo para o resultado da companhia foi a posição de caixa líquido, de acordo com o executivo, de R$ 900 milhões, obtida com a partir de junho deste ano, com a renovação de acordo com a Cardif, gerando R$ 850 milhões.

Ao final do trimestre, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado somou R$ 439,8 milhões, queda de 10,6%, com margem de 5,1% (-0,6 ponto porcentual). Sem ajustes, o Ebitda atingiu R$ 283,9 milhões, retração de 37,9% e margem de 3,3% (-2,0 p.p.).

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Enquanto isso, o resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 532,1 milhões, representando um aumento de 7,7% ante o mesmo intervalo de 2022.

Em relação ao primeiro trimestre deste ano, porém, a empresa destaca que houve uma diminuição de R$ 100 milhões das despesas financeiras líquidas, por conta da “redução na necessidade de antecipação de recebíveis, uma vez que houve forte geração de caixa operacional durante o trimestre.”

MGLU3: Resultados operacionais avançam

Mesmo com o prejuízo líquido maior, a varejista melhorou seu resultado operacional – e avançando sobre a concorrência. As vendas totais, incluindo estoque próprio (1P) e marketplace (3P) somaram R$ 14,727 bilhões, uma alta de 5,8%.

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Este aumento, segundo a empresa, foi reflexo da alta de 7,0% no e-commerce total da empresa e de um crescimento de 2,7% das lojas físicas. Trazendo dados da Neotrust, que apontaram queda de 15,1% do e-commerce geral no Brasil, Magazine Luiza destaca que cresceu acima do mercado.

Conforme o balanço da Magazine Luiza, o e-commerce com estoque próprio subiu 2,3%, enquanto o 3P saltou 15,1%. O avanço foi impulsionado pela performance do app, com 47,4 milhões de usuários ativos mensais, além da entrega
mais rápida para 1P e 3P, a evolução da base de sellers e das novas categorias.

“Estamos animados com o desempenho, isso que ainda não reflete a queda dos juros”, disse, em referência ao recente início do ciclo de queda dos juros. “O mercado vem encolhendo, e nós crescendo”, complementou Belissimo, CFO da varejista.

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Questionado sobre o quanto este avanço pode ter vindo a partir da redução da concorrência, por conta da recuperação judicial da Americanas (AMER3), Eduardo Galanternick (vice-presidente de Negócios do Magalu), considerou ser difícil especificar.

“A saída de um concorrente abre espaço, mas os nossos fundamentos estão evoluindo, aproveitamos as oportunidades deixadas e fomos hábeis em buscar mercado”, afirmou Galanternick, acrescentando que a empresa vê oportunidades de crescer com a venda de produtos, em 3P, de valores entre R$ 200 e R$ 1.000.

Em relação ao lucro bruto, a empresa apresentou uma alta de 0,6%, para R$ 2,468 bilhões, uma alta de 0,6%, enquanto a margem bruta encerrou o período em 28,8%, registrando evolução de 0,2 p.p. na comparação anual e aumento de 1,5 ponto porcentual frente o primeiro trimestre deste ano.

Sobre as lojas físicas, Bellissimo afirmou que não há planos de fechamento, assim como também não há uma estratégia específica de expansão. “No início do ano fechamos lojas de quiosques, que tínhamos dentro da Marisa”, disse, acrescentando que os esforços de investimentos estão sendo direcionados para tecnologia, logística e reformas.

Por fim, em relação ao mix das vendas da empresa no 2º trimestre, Carlos Mauad, CEO da Fintech Magalu, disse que o incremento do PIX sobre as vendas vem reduzindo espaço do cartão de cartão de crédito e dos boletos. No segundo trimestre deste ano foram 7,4 milhões de transações via PIX, ante 3,7 milhões de um ano antes.

Assim, dentro do mix de vendas da empresa “à vista/com entrada” representou 34% ante 26% de um ano antes. Enquanto isso, as vendas com “cartões de terceiros” recuaram para 47%, ante 52% de um ano antes, e com o cartão “Luizacred + MagaluPlay + CDC” recuaram de 22% para 19%.