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SÃO PAULO – Na reta final da temporada de resultados, diversas varejistas – e de diferentes segmentos – divulgaram resultados do primeiro trimestre de 2021 entre a noite de quinta-feira (13) e a manhã desta sexta (14), e também com desempenhos bastante distintos.
A equipe de análise do Credit Suisse destaca que as varejistas de vestuário Arezzo (ARZZ3), Grupo SBF (SBFG3) e Lojas Renner (LREN3) reportaram resultados ainda muito afetados pela pandemia.
Os analistas Victor Saragiotto e Pedro Pinto, comentam que, apesar disso, dá para notar diferentes desempenhos operacionais entre eles. Em uma espécie de ranking de qualidade do resultado, a equipe aponta que Arezzo foi melhor que o Grupo SBF e que Lojas Renner teve o pior dos três balanços.
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Já seis companhias de cobertura da XP reportaram resultados, sendo duas de ecommerce, Magazine Luiza (MGLU3) e Westwing (WEST3), as empresas de vestuário Renner, Grupo Soma (SOMA3) e C&A (CEAB3), além da empresa de supermercados Grupo Mateus (GMAT3). Os destaques positivos foram Magalu, Grupo Soma e Grupo Mateus enquanto os negativos foram Renner e C&A.
Já o Bank of America também comentou o resultado de Track&Field (TFCO4), que avaliou como positivo. Confira quem se destacou (positivamente e negativamente) na temporada de resultados entre as varejistas (e o que esperar para as companhias):
E-commerce
Magazine Luiza (MGLU3)
Mais um resultado bastante promissor e que mostra a excelência de execução do Magazine Luiza. Contudo, as expectativas já altas para o balanço, o valuation considerado caro para os ativos guiaram uma visão mais cautelosa dos analistas.
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O Magalu apresentou lucro líquido de R$ 258,6 milhões no primeiro trimestre de 2021, alta de 739,7% ante o mesmo período de 2020. Já o lucro líquido ajustado (que exclui os efeitos não recorrentes) foi de R$ 81,5 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 8 milhões no primeiro trimestre de 2020.
O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda), por sua vez, foi de R$ 695,6 milhões, alta de 109%; o indicador ajustado ficou em R$ 427,2, alta de 56%.
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Segundo o Morgan Stanley, o Magazine Luiza entregou mais um trimestre forte, com crescimento de vendas brutas de mercadorias (GMV) de 63% na comparação anual, 14% acima das estimativas do banco, apesar dos ventos contrários de novos fechamentos de lojas, enquanto a margem bruta se contraiu em mix de canais, a diluição das despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A, na sigla em inglês) suportou o avanço do Ebitda de 56%.
Os números continuaram a mostrar a força do modelo omnichannel (integração de canais) do Magalu, com vendas em lojas físicas estagnadas, mas crescimento do comércio eletrônico acima de 100%.
“Magalu continua avançando em sua estratégia de ecossistema, com uma combinação de iniciativas orgânicas e aquisições. Nas novas categorias, as groceries (produtos de supermercado) atingiram 40% dos itens vendidos, com a aquisição da VipCommerce complementando a variedade das vendas 1P [com estoque próprio] do Magalu, e a AiQFome, alcançou R$ 1,2 bilhão em vendas anualizadas, impulsionadas pelas aquisições da Tonolucro e Grandchef”, afirmam analistas do Morgan, que possuem recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) para as ações.
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A Levante Ideias de Investimentos destaca ainda que o grande número do resultado foi o varejo físico, cujas vendas cresceram 3,7% em relação ao mesmo período do ano passado, número que parece ainda melhor quando comparado ao resultado da Via Varejo (VVAR3) que apresentou queda de 9,6% no mesmo período. O indicador de Vendas Mesmas Lojas, que expurga as lojas inauguradas nos últimos 12 meses da comparação, apresentou leve queda de 0,5%.
No varejo digital direto (1P), o crescimento das vendas foi de 121,5%, taxa de crescimento extremamente positiva, já o marketplace (3P) também apresentou forte crescimento, de 98%. Segundo a consultoria E-bit, o mercado de e-commerce cresceu cerca de 38%no mesmo período em que as vendas online do Magalu cresceram cerca de 3 vezes mais.
Segundo o BBI, a rentabilidade foi uma surpresa positiva, com margem Ebitda de 5,2%, estável na comparação anual e superior à estimativa de 4,5% do BBI. O EBITDA ficou 17% acima da estimativa e o lucro líquido, de R$ 81 milhões, também superou a projeção do banco, que era R$ 66 milhões.
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Assim como as outras grandes plataformas de comércio eletrônico, o primeiro trimestre foi outro trimestre forte para Magalu com o online, dizem os analistas, ressaltando que o crescimento no segmento continua elevado e o canal agora representa 70% das vendas, ante 53% no primeiro trimestre de 2020. “Dito isso, destacamos o desempenho do canal físico (+4% de crescimento) é impressionante em um ambiente tão difícil. As margens foram robustas, com o declínio da margem bruta de 2 pontos percentuais compensado por um declínio de 1,8 ponto percentual no SG&A (despesas com vendas, administrativas e gerais) como uma porcentagem de vendas (também ajudado pelo mix). Dados os altos níveis de competição no mercado, esta é uma surpresa positiva”.
O BBI ressalta ainda que as entregas em 24 horas atingiram 51% do total de vendas 1P, acima dos 25% de um ano atrás, e o foco agora está em conectar um número crescente de vendedores na rede logística da companhia. Atualmente, 40% dos pedidos usam a logística do Magalu.
Por fim, os analistas acreditam que os investidores podem se concentrar em um crescimento mais lento de GMV de 3P (marketplace) versus 1P como um problema, mas ponderam que não é algo que preocupa o BBI dado que o Magalu vende uma grande variedade de categorias via 1P (moda, artigos esportivos, cosméticos e mantimentos como bem como as categorias tradicionais de eletrônicos).
Mesmo considerando que a companhia entregou mais “um resultado de alta qualidade”, os analistas continuam com uma visão mais cautelosa sobre o setor de e-commerce, diante das pressões competitivas. Por isso, mantêm a recomendação neutra para as ações, com preço-alvo inalterado de R$ 27.
A XP também ressalta que, apesar do sólido resultado apresentado pela companhia, a expectativa é de um cenário competitivo bastante desafiador nesse ano, inclusive com iniciativas de players internacionais como Amazon e Alibaba, o que deve trazer volatilidade para as ações do setor no curto prazo. A recomendação segue neutra para a ação, com preço-alvo de R$ 27,0 por ação para o fim de 2021.
Mais otimista, a Levante que, apesar dos obstáculos, o Magalu segue como o principal nome do setor de e-commerce no Brasil, com a melhor logística e, na visão dos analistas, com a estratégia de longo prazo mais interessante. “Esperamos que a companhia continue a crescer, consolidando cada vez mais o setor que ainda tem espaço para crescer bastante no país”, apontam.
Na mesma linha, o Credit Suisse avalia que o movimento recente de saída de ações de crescimento para setores mais tradicionais da economia e preocupações recentes com inflação e alta de juros fizeram o segmento como um todo mais voltado ao e-commerce ter uma queda expressiva na Bolsa, mas os fundamentos de longo prazo (como aumento de penetração das vendas online) permanecem intactos.
Assim, avaliam que a ação aos níveis atuais podem ser um ponto de entrada para os investidores com um horizonte de investimento de longo prazo, sendo que o Magazine Luiza seria um bom veículo para surfar a tendência, ainda que mantenham recomendação neutra para a ação da companhia, com preço-alvo de R$ 24,97.
Westwing (WEST3)
A Westwing, varejista on-line de decoração, teve alta de mais de seis vezes do prejuízo no primeiro trimestre passando de R$ 2,5 milhões no primeiro trimestre de 2020 para R$ 16,6 milhões nos primeiros três meses deste ano, sendo explicado sobretudo pelo aumento dos custos e das despesas operacionais. A receita subiu 83%, a R$ 60,5 milhões, com o volume bruto de vendas registrando alta de 91%.
A XP avalia que os resultados foram em linha com as estimativas de receita e Ebitda e um prejuízo menor do que os analistas esperavam (de R$ 41 milhões), por conta de menores despesas não operacionais e do impacto do reconhecimento de imposto diferido no período.
O destaque ficou com a manutenção de forte crescimento de GMV e acima do apresentado pela Mobly (alta de 52% no ano), além de aumento na participação da Westwing Now e da marca própria no GMV. A margem bruta melhorou versus o quarto trimestre, mas o Ebitda continuou pressionado por conta de maiores investimentos na operação.
“Esperamos que a companhia continue apresentando resultados crescentes à medida em que os investimentos em marketing devem trazer mais consumidores para a plataforma e os investimentos em tecnologia e logística devem melhorar a experiência do consumidor. Além disso, vemos acreditamos que a categoria de lifestyle combinado à continuidade de adição de novos fornecedores na plataforma (mais de 100 no trimestre) devem contribuir para aumento da recorrência de compras”, apontam, mantendo recomendação de compra e preço-alvo para o fim de 2021 de R$ 17 por ação.
Roupas e calçados
Lojas Renner (LREN3)
A Lojas Renner reportou um prejuízo líquido de R$ 147,7 milhões no primeiro trimestre de 2021, depois de lucrar R$ 7,1 milhões no mesmo período do ano passado. Já o Ebitda da varejista de roupas excluindo arrendamentos somou R$ 31,8 milhões, valor 85,5% menor que o do primeiro trimestre de 2020. A receita líquida da empresa foi de R$ 1,36 bilhão, o que representa uma queda de 12% na comparação anual. Houve uma queda de 12,7% das vendas nas lojas por conta das maiores restrições à mobilidade, parcialmente compensada pelo salto de 173% nas vendas digitais.
Segundo a administração da Renner, o prejuízo ocorreu devido à retomada nos protocolos de distanciamento social realizados para conter a proliferação da Covid-19. “Desta forma, os clientes se mostraram novamente mais cautelosos quanto à circulação em shoppings, resultando em um fluxo inferior no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo período do ano anterior”, afirma a companhia. De acordo com a Renner, nos primeiros três meses deste ano operou-se com 69% da carga horária total, versus 86% no mesmo período do ano passado. Por outro lado, a companhia aponta que as vendas têm apresentado crescimento consistente desde 19 de abril, quando houve reabertura quase integral do parque de lojas.
O Bradesco BBI destaca que os resultados da Renner foram ruins, como já era esperado, destacando que os lucros provenientes do vestuário ficaram abaixo das estimativas do banco e os serviços financeiros superaram as projeções.
Assim como os demais varejistas de roupas, os resultados da Renner no primeiro trimestre foram fortemente impactados pelo fechamento de lojas e restrições provocadas pela pandemia, dizem os analistas, ressaltando que as lojas operaram no seu horário normal em 69% do tempo no primeiro trimestre, ante 86% no primeiro trimestre do ano passado. A queda de 12,7% nas vendas de mesmas lojas foram um pouco mais fracas do que a estimativa do banco (-11%), mas ficaram acima da Guararapes (-16%), dona da Riachuelo, e da Marisa (-30%).
O Ebitda consolidado (vendas + serviços financeiros) caiu 86% no período para R$ 32 milhões, não muito longe da estimativa de R$ 72 milhões do BBI, mas o banco destaca que em um primeiro trimestre “normal” esperaria um Ebitda consolidado de R$ 400 milhões, então o pequeno erro versus a estimativa é um pequeno arredondamento. O prejuízo líquido de R$ 148 milhões ficou um pouco maior da estimativa de perda de R$ 121 milhões – e se compara a um lucro de R$ 8 milhões no primeiro trimestre de 2020 um lucro de R$ 158 milhões no primeiro trimestre de 2019. “É importante ressaltar que a Renner observou que, como as restrições diminuíram desde meados de abril, as vendas se recuperaram bem, apresentando ‘crescimento robusto’ ante 2019. Isso está em em linha com o feedback de outros varejistas de vestuário”
Os analistas destacam três pontos positivos sobre o balanço: um declínio menor nas vendas em mesmas lojas do que os pares; uma contribuição mais forte do comércio eletrônico (17,5% na Renner contra 16,3% na Marisa e 13,3% na Guararapes); e o retorno com serviços financeiros, embora nesse ponto a Renner se assemelhe aos concorrentes. Do lado negativo, o BBI destaca que a pressão na margem bruta de 3,3 pontos percentuais era esperada, mas é provável que continue a se arrastar nos próximos trimestres.
“Dado o momento de recuperação no setor de varejo, achamos que o mercado não deveria prestar muita atenção às perdas de Ebitda da Renner no vestuário, por serem claramente pontuais. Mais importante, o resultado da Renner e das demais varejistas de roupas sugere que a recuperação das vendas, à medida que as restrições foram amenizadas, tem sido mais forte do que o esperado, e achamos que as vendas gerais no segundo trimestre podem acabar não ficando muito distante dos níveis de 2019”.
Assim, o BBI acredita que a desalavancagem operacional não será tão forte no segundo trimestre e um ambiente de vendas razoável reduz a necessidade de grandes movimentações para zerar as ações.
No geral, o banco disse que segue otimista com a recuperação, por isso mantém recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 50 para as ações. Ainda assim, os analistas ponderam que preferem Guararapes, cujo múltiplo de preço sobre lucro (P/E) está estimado em 19,6 vezes para 2022, contra o múltiplo de 29,5 vezes da Renner (ante um múltiplo considerado justo pelo BBI de cerca de 34 vezes).
A XP também aponta que a companhia reportou resultados fracos e abaixo do esperado, sendo em sua maioria explicados por investimentos na construção do seu ecossistema (o que deve ser mantido no curto prazo, mas com os frutos somente vistos de forma mais evidente em 2022). Além disso, a companhia sinalizou que o ambiente competitivo está mais promocional enquanto o setor enfrenta aumento de custos, de modo que os analistas avaliam que a rentabilidade deve seguir pressionada.
Os analistas apontam que o curto prazo segue desafiador por conta das incertezas em relação à pandemia, o que impacta a confiança do consumidor e consequentemente a demanda.
Além disso, as margens brutas devem seguir pressionadas devido ao ambiente mais promocional combinado à pressão de custos de matéria prima.
“No entanto, a companhia já sinalizou uma recuperação gradual nas vendas, a qual acreditamos que deve continuar uma vez que entendemos que existe uma demanda reprimida pela categoria, de forma que o setor deve ser um dos principais beneficiários da recuperação econômica e da retomada da normalidade”, apontam. A recomendação é neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 50, com os analistas da XP destacando a falta de visibilidade do uso dos recursos da oferta realizada pela companhia em abril, quando a varejista captou quase R$ 4 bilhões em meio à expectativa de aquisições no setor.
O Credit Suisse aponta que a queda nas vendas veio em linha com as já reduzidas expectativas baseadas nos impactos persistentes da pandemia, mas a lucratividade acabou vindo até pior do que se esperava.
“Digno de nota, as vendas digitais cresceram 173%, totalizando agora 17,5% do total de vendas. As horas trabalhadas no primeiro trimestre de 2021 foram de 69% contra os níveis normais de 86% no primeiro trimestre de 2020. Abril e março até agora mostram esse número em 58% e 85%, respectivamente”, argumentam os analistas.
O ponto menos negativo é que, como a administração fez questão de ressaltar no release de resultados, é que abril mostra um robusto crescimento mesmo comparado com 2019. “Assim, apesar do potencial espaço para uma revisão para baixo nas estimativas de lucros, admitimos que a atualização da tendência das vendas pode pesar mais no sentimento dos investidores.” A recomendação do Credit para LREN3 é neutra, com preço-alvo de R$ 48.
C&A (CEAB3)
A C&A teve prejuízo de R$ 138,5 milhões no primeiro trimestre de 2021, alta de 150% frente as perdas de R$ 55,4 milhões registradas em igual período de 2020. O Ebitda ficou negativo em R$ 37,3 milhões, ante dado positivo de R$ 78,1 milhões no mesmo período de 2020.
Já a receita líquida totalizou R$ 776,1 milhões, queda de 20,6% na base de comparação anual em meio ao impacto de fechamento de lojas e redução no horário da operação. A receita em vestuário foi de R$ 565,5 milhões, queda de 20,8%, enquanto a divisão de “fashiontronics” (eletrônicos) teve queda de 25,5%, totalizando R$ 142,9 milhões.
As vendas no conceito “mesmas lojas” caíram 21,7% em meio ao fechamento dos estabelecimentos e maiores restrições de funcionamento. Já as vendas brutas totais (GMV) tiveram alta de 178,4%, a R$ 139,2 milhões. A receita líquida on-line foi a R$ 106,6 milhões, alta de 176,2% frente 2020.
De acordo com os analistas da XP, os resultados foram abaixo do esperado, com um Ebitda negativo de R$ 134 milhões (versus previsão da XP de dado negativo de R$117 milhões), devido a uma compressão de margem bruta em vestuário mais forte ( de 5,9 pontos percentuais na comparação anual) devido ao ambiente mais promocional e pressão de custos combinado a maiores despesas operacionais.
No entanto, o segmento de serviços financeiros apresentou uma recuperação sequencial mais forte de receita versus o quarto trimestre de 2020, além de uma forte redução de despesas (queda de 43,5% na base anual).
A XP aponta que espera um curto prazo ainda desafiador por conta das incertezas em relação à pandemia, o que impacta a confiança do consumidor (principalmente os de classes mais baixas) e consequentemente a demanda, enquanto a margem bruta deve seguir pressionada.
Além disso, diferentemente da Lojas Renner, que sinalizou no seu resultado que já está vendo recuperação sequencial de vendas, a C&A comentou apenas que espera ver uma melhora gradual nas vendas a partir do mês de maio.
Ainda assim, os analistas mantêm recomendação de compra e preço alvo de R$ 18 por ação para o fim de 2021 por verem o papel em um valuation atrativo (de 21,5 vezes o preço sobre o lucro esperado para 2021) e esperam ver melhora nos resultados com a retomada/reabertura da economia, enquanto as diversas iniciativas da companhia, principalmente na frente digital e logística, devem trazer ganhos ao longo do tempo.
O Morgan aponta que a recuperação das vendas da varejista deu um passo atrás no primeiro trimestre, como esperado, embora a queda de 22% na base de comparação tenha sido pior que a expectativa. A receita da rede de lojas caiu 21% na comparação anual, para R$ 776 milhões, valor 4% abaixo do esperado pelo banco, ao mesmo tempo em que o lucro bruto declinou 26% anualmente.
“Conquanto os ventos de frente da segunda onda da Covid-19 e o relatado fechamento de lojas foram sentidos pelo segmento, a C&A performou pior que a Renner no trimestre”, aponta a equipe de análise.
O Morgan Stanley afirma, por outro lado, que as vendas online continuaram sendo um ponto positivo, com aumento de 2,8 vezes na comparação anual para R$ 139 milhões no valor bruto da mercadoria.
“Iniciativas de longo prazo continuam concentradas em volta da transformação digital e da modernização da cadeia de oferta, embora os ventos de frente da pandemia tenham provavelmente desacelerado o progresso no curto prazo”, explicam os analistas.
Grupo Soma (SOMA3)
O Grupo Soma, que anunciou recentemente acordo para aquisição da Hering, lucrou R$ 14,9 milhões no primeiro trimestre de 2021, ante prejuízo de R$ 4,3 milhões no mesmo período de 2020.
A receita líquida subiu 20% na mesma base de comparação, a R$ 356,6 milhões. O Ebitda ajustado foi de R$ 23,4 milhões no período, 254% superior frente o primeiro trimestre de 2020.
A XP destacou que o Grupo Soma reportou fortes resultados, acima das estimativas dos analistas e do consenso de mercado. Isso porque, apesar do trimestre bastante desafiador para o setor de vestuário, com restrições de circulação e horário de operação, o Grupo Soma foi capaz de entregar crescimento de receita bruta de 17% devido à forte performance do canal digital (alta de 75%) e do atacado (alta de 46%).
Além de entregar um crescimento (versus queda de receita de seus pares), houve expansão de margem bruta (em alta de 5,5 ponto percentual) por conta de vendas a preços cheios no canal online e do forte crescimento da Farm Global (marca com a 2ª maior margem bruta do Grupo).
A XP reitera recomendação de compra e a empresa como nossa preferência no setor, mantendo o preço alvo de R$17,0 por ação para o fim de 2021.
A expectativa é de que o Grupo continue entregando resultados sólidos dado que (i) seu foco em atender classes A/B garante maior resiliência nas vendas; (ii) a Farm Global deve se beneficiar em países onde a vacinação está mais acelerada (como nos EUA); (iii) a companhia possui diversas iniciativas internas que devem destravar valor, como a integração de estoques entre o Grupo e as multimarcas (+Vendas) que já tem levado a um aumento das vendas, o lançamento dos Apps das marcas, a iniciativa de Live Commerce – a Lojix – com alta conversão de vendas e a captura de sinergias das aquisições recentes). Além disso, veem muito potencial com a fusão com a Cia. Hering ([ativo=HGXT3]).
Arezzo (ARZZ3)
A Arezzo &Co, que tem as marcas Arezzo, Schutz e Reserva, viu seu lucro líquido contábil subir 15%, para R$ 29,8 milhões. Já sem considerar efeitos não recorrentes, como os R$ 30 milhões em créditos fiscais, a empresa teve alta de 310,7% na comparação do lucro líquido.
A receita líquida subiu 33,2%, a R$ 499,9 milhões. O Ebitda teve alta de 79,9% na comparação anual, para R$ 64,74 milhões.
“Mesmo diante de um cenário desafiador no país, a Arezzo foi capaz de entregar um crescimento expressivo de Ebitda, principalmente devido à assertividade das coleções e maturidade das vendas digitais — capazes de viabilizar a geração de receita mesmo com fechamento das lojas físicas durante grande parte do trimestre”, destacou a companhia em seu release de resultados.
Os analistas do Credit Suisse avaliam o resultado como positivo e apontam que eles superaram o pesado ambiente para o consumo, com 57,5% de lojas fechadas em março contra 47,9% no mesmo período do ano anterior. “Organicamente, todas as marcas cresceram dois dígitos, à exceção de marcas em processo de maturação como Alme e Fiever, o que é consequência de assertividade no mix, coleções frequentes e resiliência do canal digital”, avalia o Credit Suisse.
A equipe de análise também ressalta que as sinalizações de abril também parecem positivas. “As vendas acima da linha com base em 2019 ficaram praticamente estáveis em aproximadamente 90%, como visto no primeiro trimestre de 2021, mas com uma importante aceleração para 102% desde que as lojas se reabriram em abril.” A recomendação dos analistas para Arezzo é outperform, com preço-alvo de R$ 65.
SBF (SBFG3)
O Grupo SBF, dono da rede Centauro, teve prejuízo de R$ 36,2 milhões no primeiro trimestre, ante lucro de R$ 8,1 milhões em igual período do ano passado.
A receita teve alta de 60,8% na comparação anual, para R$ 812,8 milhões; o número foi beneficiado pelo desempenho da Fisia, distribuidora de produtos Nike no Brasil. O Ebitda teve queda de 14,9%, a R$ 37 milhões.
O Bradesco BBI apontou que os resultados ficaram em linha com as expectativas dos analistas e foram sólidos, dadas as circunstâncias desafiadoras.
A companhia mencionou que, conforme as restrições à circulação diminuíram entre abril e maio, está havendo uma recuperação nas vendas, com SSS positivo. A queda da margem bruta durante o trimestre foi resultado de um ambiente mais promocional, que vinha melhorando até a segunda onda da Covid-19 no primeiro trimestre, então a expectativa é de uma melhora conforme as lojas reabram. O maior mix de comércio eletrônico também pressionou a margem bruta para baixo.
A Fisia, que concentra a distribuição da marca Nike no Brasil, teve um trimestre forte, com o negócio online contribuindo significativamente, embora parte do forte resultado do Ebitda – uma margem de 9,8% – seja impulsionado pela venda de ações antigas adquiridas a preços mais favoráveis.
“No geral, acreditamos que o trimestre reforça a SBF como uma das líderes em comércio eletrônico entre os nomes de vestuário e calçados e continuamos a ver a Centauro como um consolidador natural em um mercado fragmentado, dados seus pontos fortes em comércio eletrônico e seu conceito de loja exclusivo”, afirmam. Dito isso, eles mantêm recomendação neutra e preço-alvo de R$ 30 ao analisar o valuation do papel.
O Credit Suisse entende que os resultados vieram em linha com as expectativas, com débil desempenho do faturamento orgânico e tépida evolução do e-commerce comparado com os pares (crescimento de 45% na comparação anual), por mais que a desaceleração sob a perspectiva de negócios e gestão era esperada, conforme lojas e horas trabalhadas foram reduzidas em 38% no primeiro trimestre de 2021 contra 13% no mesmo período do ano passado.
“Apesar de manter investimentos estratégicos, o Ebitda ex-IFRS não ficou longe do breakeven. Nesse contexto, a integração da Fisia foi uma surpresa agradável com margens sólidas”, comenta o banco suíço, que possui recomendação outperform para os ativos, com preço-alvo de R$ 31,50.
Track&Field (TFCO4)
A Track&Field teve lucro líquido de R$ 7,22 milhões no primeiro trimestre de 2021, revertendo prejuízo líquido de RS 556 mil em igual período de 2020.
Os analistas do Bank of America destacam os números como positivos, com as vendas nas mesmas lojas (próprias e franqueadas) aumentando 22,9%, acima do esperado.
A margem bruta teve alta de 11,6 pontos percentuais na base anual e excedeu os níveis de 2019. A forte alavancagem operacional e a disciplina de custos mitigaram o impacto de maiores despesas com pessoal da loja, marketing, aluguel e e-commerce, apontam os analistas.
“Continuamos otimistas com o impulso operacional da Track&Field, já que a demanda por roupas esportivas e confortáveis continua forte, e a empresa tem participação em um mercado altamente fragmentado”, apontam os analistas, que também destacam as medidas para tornar as coleções mais atrativas e também para minimizar o risco e a perecibilidade de itens sazonais, reduzindo o número de peças mais pesadas. Já os esforços para encurtar os prazos de produção e reabastecer na temporada também devem limitar a exposição a itens com maior conteúdo de moda.
“A Track&Field também está em processo de quase dobrar suas unidades integradas digitalmente, melhorando a visibilidade do estoque online e permitindo recursos de envio da loja mais rápidos e mais baratos. Um terço da base de lojas também tem menos de três anos e em busca de maturação para ajudar a sustentar a força de vendas e a alavancagem operacional”, avaliam os analistas, que mantêm recomendação de compra para as ações, com preço-alvo de R$ 15.
Varejista de alimentos
Grupo Mateus (GMAT3)
A rede varejista Grupo Mateus reportou um lucro líquido de R$ 157 milhões no primeiro trimestre deste ano, em um crescimento de 53,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O Ebitda foi de R$ 220 milhões, em avanço de 41,6% e a receita líquida somou R$ 3,362 bilhões, o que representa uma expansão de 39,6% sobre os primeiros três meses de 2020.
O Bradesco BBI aponta que os resultados do Grupo Mateus foram fortes, com expansão de novas lojas adicionando 30 pontos percentuais à alta das vendas totais. As novas lojas estão maturando rapidamente, chegando mesmo a superar os resultados de lojas maduras. Isso reforça a leitura de que a área de atuação do Mateus tem falta de lojas modernas, como as oferecidas pela empresa, na avaliação do BBI.
O banco destaca otimismo com a empresa, e prevê cerca de 20% de taxa anual de crescimento composto em vendas e na receita líquida entre 2020 e 2023. O BBI mantém recomendação outperform, e preço-alvo de R$ 11.
A XP destaca que os resultados ficaram acima das estimativas dos analsitas e em linha com o consenso de mercado. O principal destaque do resultado foi o crescimento de receita líquida e de vendas mesmas lojas, devido à forte expansão de lojas (11 unidades no trimestre e 43 nos últimos 12 meses). Em relação à rentabilidade, houve pressão de margem bruta devido ao impacto negativo da desaceleração de inflação na categoria de commodities, porém esta foi compensada por uma diluição de despesas operacionais.
“Esperamos uma continuidade de resultados sólidos, impulsionadas pela forte expansão do Grupo que inclusive tem tido uma performance de vendas acima da média de lojas maduras. Além disso, o adensamento das rotas e maturação das lojas deve levar à diluição operacional, contribuindo para expansão de margem”, apontam os analistas, que mantêm recomendação de compra para as ações de GMAT3 e preço alvo de R$ 11 por ação.
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