Magalu (MGLU3), Americanas (AMER3) e Via (VIIA3): alta do frete deve impactar desempenho operacional de varejistas

A cada 1% de alta dos gastos com o transporte de mercadorias o lucro operacional deve cair 0,5%; contudo maior impacto não deve ficar no e-commerce

Vitor Azevedo

(Getty Images)
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Nas últimas semanas, com a invasão da Rússia à Ucrânia, os preços do petróleo e de outras commodities dispararam – o barril Brent, por exemplo, saiu de US$ 79 no primeiro pregão de 2022 para US$ 110,45 por volta das 16h desta quinta-feira (10). Com isso, analistas acenderam o alerta para o aumento dos custos de todas as companhias, uma vez que combustíveis fazem parte de qualquer cadeia de produção. Varejistas como a Magazine Luiza (MGLU3), Americanas (AMER3) e Via (VIIA3) não escapam.

Segundo levantamento dos analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, da XP Investimentos, cada 1% de alta do custo do frete diminui o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) dessas companhias em cerca de 0,5%.

“Colocando em perspectiva, insumos como o petróleo, borracha sintética, metais (como ouro e prata), grãos e algodão já subiram aproximadamente 60%, 20%, 10%, 40% e  5% desde o início do ano, respectivamente. Isso deve pressionar ainda mais a inflação global e, consequentemente, os custos das varejistas”, comentam os analistas da XP.

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Quanto à variação da margem Ebitda, a Americanas deve ver, a cada 1% de alta dos custos com frete, a porcentagem recuar 0,1 ponto percentual, enquanto a Via e a Magazine Luiza devem ficar com este número inalterado.

Todas essas empresas devem ainda ser mais impactadas que varejistas dos setores de alimentos e farmacêuticas, por serem de consumo discricionário, ou seja, por venderem “bens não necessários”. Gastos com eletrodomésticos ou eletrônicos, em momentos de crise, acabam sendo postergados.

A mesma coisa acontece com companhias do setor de vestuário, com a XP também prevendo impactos maiores em companhias como a Lojas Renner (LREN3), a C&A (CEAB3) e a Alpargatas (ALPA4). Para cada 1% de aumento dos custos das matérias primas e de embalagens, essas empresas devem ver, respectivamente, seus Ebitdas diminuírem 0,8%, 3,9% e 1,7%.

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“Apesar das varejistas poderem compensar parte do aumento de custos através do repasse para preços, acreditamos que isso reduziria o volume de vendas diante o cenário macro desafiador e, portanto, apesar de a rentabilidade permanecer estável, o Ebitda em termos absolutos apresentaria queda”, lembram os analistas.

Nesse ponto, companhias mais focadas em alta renda devem se sair melhor pelo fato de essa classe não sofrer tanto os impactos da crise. Para a XP, o Grupo Soma (SOMA3) e a Arezzo (ARZZ3) são, por isso, nomes favoritos para se ter na carteira no ano.

Para o braço de research da corretora, a companhia do “varejo discricionário” que deve ser mais impactada é a Natura – isso pelo fato de, além de ter mais gasto com frete com lojas próprias também tem os custos dos produtos vendidos dispararem, por estes serem muito atrelados ao preço das commodities.

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As companhias mais fortes no e-commerce podem se beneficiar, contudo, do corte de cerca de 25% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), anunciado recentemente. Para a XP, Magazine Luiza e Via devem ver o impacto dos custos minimizados pela redução.

Além de alta renda, varejo de bens necessários é “porto seguro”

De acordo com Eiger, Senday e Suedt, os setores de farmácias e de varejo alimentar podem ser boas opções para o momento macroeconômico – Raia Drogasil (RADL3) e Assai (ASAI3) englobam, junto com Soma e Arezzo, os nomes favoritos entre as varejistas.

“O setor farmacêutico está de alguma forma protegido, dado que o reajuste regulatório deste ano ainda deve ser suficiente para compensar um aumento da inflação, enquanto os varejistas de alimentos, especialmente os atacarejos, tendem a ser uma alternativa de baixo preço para os consumidores frente ao poder de compra mais restrito”, explicam.

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