M. Dias Branco: perda de market share e alta dos preços são principais desafios, avaliam analistas

Entre as casas que recomendam compra, contudo, justificativas recaem sobre múltiplos atrativos e bom posicionamento para retomada econômica

Mariana Zonta d'Ávila

(Klaus Nielsen/ Pexels)
(Klaus Nielsen/ Pexels)

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SÃO PAULO – A fabricante de alimentos M. Dias Branco (MDIA3) divulgou seus resultados na sexta-feira (6) e, apesar de surpreender com bom volume de vendas, a avaliação de analistas é de que a empresa ainda atravessa um cenário desafiador, com aumento nos preços e perda de participação de mercado.

Em relatório, o Itaú BBA destaca que o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 147 milhões no período foi uma surpresa positiva, superando a expectativa do banco, de R$ 134 milhões.

O dado foi impulsionado por um volume de vendas de 450 mil toneladas, melhor do que o esperado pelo banco para os produtos da empresa, que é dona de marcas como Adria e Piraquê.

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Os analistas reforçam, contudo, que o aumento dos preços dos produtos, de 25% na média, parece afetar o nível de demanda por parte dos consumidores.

“Embora tenha havido uma boa surpresa na receita, ainda vemos a companhia em um momento desafiador, dado que a rentabilidade continua abaixo dos níveis normalizados, que seriam algo em torno de 15% de margem Ebitda”, escreve o Itaú BBA.

O banco tem recomendação market perform (em linha com a performance do mercado) e preço-alvo para 2021 de R$ 30.

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A avaliação é compartilhada pelo Bank of America, que espera um repasse desafiador de preços aos consumidores no futuro e um possível efeito de redução das vendas.

“A alta sustentada dos preços dos insumos aliada às incertezas quanto à ocorrência de geadas indicam desafios adicionais para o setor como um todo, aumentando a necessidade de repasse consistente aos consumidores”, escreve o BofA, em relatório.

O banco americano manteve sua recomendação underperform (performance abaixo da média do mercado) para os papéis MDIA3, com preço-alvo de R$ 25.

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“Despesas com vendas, gerais e administrativas mais baixas foram o destaque positivo e contribuíram para o bom Ebitda, mas mantemos nossas estimativas inalteradas neste momento para ter uma visão melhor sobre a sustentabilidade dos níveis atuais daqui para frente”, escreve o time de análise do BofA.

Para a casa de análise Levante, a M. Dias Branco vem em uma sequência de melhorias operacionais que estão gradualmente melhorando as margens, mas a empresa ainda sofre com perda de market share e baixa utilização fabril.

“Esperamos um impacto negativo nos preços das ações MDIA3, com resultados ainda apresentando tímida recuperação e com forte pressão negativa de volume de vendas e custo de matérias-primas”, escrevem os analistas.

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Os papéis MDIA3 abriram o pregão desta segunda com queda de 1,6% na B3, a R$ 32,82. Por volta das 12h10 (horário de Brasília), as ações tinham baixa de quase 2%, a R$ 32,70.

Mas há quem esteja otimista

Ainda que o cenário de inflação e participação de mercado possam ser desafiadores para a M. Dias Branco, há quem defenda que a empresa esteja bem posicionada para uma retomada da atividade econômica e que os papéis estejam negociando a múltiplos atrativos.

É o caso do Bradesco BBI que manteve sua recomendação de compra para as ações da companhia e preço-alvo de R$ 40.

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Segundo os analistas, os papéis MDIA3 estão sendo negociados a uma relação de preço sobre lucro atraente, de 11,6 vezes ante seu médio histórico de 17 vezes.

Um declínio nos preços das commodities agrícolas durante o segundo semestre de 2021 até 2024, que representam aproximadamente 65% dos custos totais da empresa, resultará em um lucro líquido no período de 35% acima do consenso, na média, estima o Bradesco BBI.

O otimismo com a companhia também parte da Guide Investimentos, que interpretou o balanço trimestral da fabricante de alimentos como uma possível rota de recuperação.

Apesar da fraca base de cálculo no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2020, os analistas destacam que houve um encolhimento no resultado por conta da alta atípica na demanda, impulsionada pelas medidas de restrição na pandemia.

“Vemos a empresa bem posicionada, com uma maior diluição de seus custos fixos pelo aumento de produção, além de uma maior eficiência. Para o futuro, acreditamos que a recuperação deva continuar, apesar da contínua pressão que a empresa deva enfrentar em seus custos (cotação do trigo em patamares elevados) e câmbio desfavorável”, escreve o time de análise da Guide.

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