M. Dias Branco (MDIA3) vê com preocupação fim do acordo de exportação de grãos entre Rússia e Ucrânia

Empresa tem estoques de trigo com valores menores para próximo trimestre

Augusto Diniz

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A M. Branco (MDIA3) vem se recuperando do período turbulento que foi ano passado, com o início do conflito armado entre Rússia e Ucrânia. Mas o anúncio pelos russos, em julho, do fim do chamado acordo de grãos, que permitia aos ucranianos exportar pelo Mar Negro, suas principais commodities agrícolas, colocou a companhia em alerta.

É que entre os produtos bloqueados está o trigo, principal matéria-prima da empresa de massas, farinha e biscoitos. O ocorrido traz pressão aos preços da commodity. “A gente tem uma capacidade de estocagem até maior que nossos concorrentes”, disse Gustavo Lopes, vice-presidente de Investimentos e Controladoria da companhia, durante a teleconferência de resultados do segundo trimestre, nesta segunda-feira (14).

“Em função de todas as dinâmicas no Black Sea (Mar Negro), de aumento do trigo, a gente entende que nossos concorrentes começam a sofrer nas próximas compras – e a M. Dias, pela proteção que tem dos hedges e do estoque, vai surfar nessa onda, enquanto os concorrentes vão ter que aumentar os preços em função do aumento do custo do trigo”, afirmou.

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MDias: Custo médio mais baixo

De acordo com a empresa, o custo médio em junho da tonelada do trigo era de US$ 314 contra US$ 343 a tonelada do mercado, mostrando um viés de alta antes mesmo da Rússia por fim ao acordo de grãos.

Lopes disso que “o estoque ao custo médio bastante interessante” da empresa vai ser consumido neste trimestre. A M. Dias Branco costuma fazer estoque de matéria-prima de quatro meses.

“A companhia está on track (no caminho certo) depois do período de pandemia e início da guerra Rússia-Ucrânia. Ainda com a instabilidade no Black Sea, entendemos que isso vai ser resolvido no médio prazo, mas requer alguma atenção”, disse o vice-presidente.

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MDIA3: Por ora, sem reprecificação de preços

Olhando para frente, o executivo garantiu que a companhia não aponta reprecificação de preços.

“A gente tem que monitor muito aquela situação e, consequentemente, a situação do trigo, para tomar alguma decisão sobre precificação. Não acredito em novas tabelas (de reprecificação). A não ser, por exemplo, da farinha”, disse.

Segundo ele, semana passada, a empresa colocou uma tabela nova, conectada com a variação do preço da commodity. “Mas, olhando para outras categorias, olhando para o hoje, não há nenhuma programação de novas precificações”, considerou.

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Analistas apontam margens crescentes

O Bradesco BBI avaliou que a M. Dias Branco manteve sua tendência ascendente em termos de margem Ebitda no 2T23.

O banco crê que a empresa pode entregar 17% de margem Ebitda no 3T23 (2T23 ficou em 13,2%), devido aos preços mais baixos do trigo e do óleo de palma.

Já o JPMorgan relata que a M. Dias reportou fortes resultados no 2T23. O banco cita margem Ebitda de até 17% no 4T23.

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Na sessão, após balanço, as ações da MDias caíram 4,73%, cotadas a R$ 41,29. Em 2023, os papéis sobem 15,49% na Bolsa.

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