Lojas Renner (LREN3) enfrenta cenário desafiador, mas dentro do esperado; CFO fala em 2024 ainda incerto

Resultado foi fraco mas, dado cenário macroeconômico, analistas destacam que o período não trouxe surpresas

Vitor Azevedo

(Crédito editorial: casa.da.photo / Shutterstock.com)

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O terceiro trimestre das Lojas Renner (LREN3) foi um período fraco, o que, no entanto, já era esperado pelos analistas. Já o diretor financeiro (CFO) do grupo, Daniel Martins dos Santos, destacou que a visão da companhia para o próximo ano ainda não é das mais otimistas.

A varejista de moda lucrou de forma líquida R$ 172,9 milhões no terceiro trimestre de 2023, número 32,9% menor do que os R$ 257,9 milhões do mesmo período do ano passado.

O recuo do lucro se deu mesmo com um leve avanço da receita líquida consolidada, que teve alta de 2,6% na base anual, chegando a R$ 3,09 bilhões – o que é explicado, principalmente, pelo pior resultado da Realize, com prejuízo de R$ 35 milhões, e pelo resultado financeiro negativo em R$ 15,4 milhões, versus déficit de R$ 100 mil no terceiro trimestre de 2022.

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O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado da Lojas Renner, com isso, foi de R$ 356,1 milhões, queda de 21,3%.

Em meio a um cenário econômico repleto de desafios, as Lojas Renner têm se esforçado para adaptar-se às mudanças do mercado.

“O terceiro trimestre testou nossa capacidade de adaptação. Apesar das adversidades do mercado, conseguimos manter uma geração de caixa estável e uma margem bruta similar a 2022”, fala o executivo, em entrevista ao InfoMoney.

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A revisão da estrutura de preços e produtos tem sido uma estratégia chave para a empresa. Diante de um consumidor mais cauteloso com gastos, as Lojas Renner trabalharam para oferecer itens mais acessíveis.

“Ajustamos nossa oferta de produtos, introduzindo opções mais acessíveis, buscando um equilíbrio entre atender às expectativas do consumidor e manter nossa saúde financeira”, explica Daniel.

Para o quarto trimestre de 2023, as perspectivas são moderadamente otimistas. A empresa se prepara para um período que, apesar de desafiador, promete ser mais favorável do que o do ano anterior.

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“Estamos entrando no quarto trimestre com uma dose de otimismo cauteloso. Os ajustes em nosso portfólio e a nova campanha publicitária são passos importantes. Esperamos que este trimestre seja melhor do que o do ano passado, apesar dos desafios persistentes”, afirma o CFO, que também destaca a base de comparação fraca, sendo que o período de 2022 contou com Copa do Mundo e com um início de verão mais frio.

Olhando para 2024, as Lojas Renner se preparam para um cenário ainda incerto, mas com algumas expectativas de melhoria. “Estamos em um ano de transição, com um olhar cauteloso para 2024. Continuamos a investir e a nos preparar, mas estamos cientes dos desafios e incertezas do mercado”, conclui Daniel Martins dos Santos.

Lojas Renner não traz surpresas

Para analistas, o período de julho a setembro deste ano, apesar de fraco, não trouxe surpresas.

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“Foi fraco, conforme o esperado. Na divisão de varejo, as tendências de vendas fracas foram impulsionadas pelo desafiador cenário de cima para baixo, com crescimento de Vendas nas Mesmas Lojas (SSS, na sigla em inglês) de 0,6%. Dito isso, a empresa entregou uma margem bruta praticamente estável, marcando um marco no cenário difícil para o setor de vestuário”, fala o time do Itaú BBA, liderado por Thiago Macruz.

O banco, no entanto, tem recomendação outperform (acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo em R$ 20.

Para a Realize, braço financeiro da Lojas Renner, o BBA destaca uma rentabilidade fraca, com Ebitda negativo de R$ 35 milhões no trimestre, mas também uma melhora sequencial de 80 pontos-base na inadimplência e uma melhor rentabilidade em setembro e outubro.

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“Os resultados da Lojas Renner corresponderam às expectativas cautelosas do mercado, mostrando um crescimento de vendas moderado, juntamente com pressões de rentabilidade no varejo e lutas contínuas dentro da Realize”, corrobora o Santander, com sua equipe chefiada por Ruben Couto.

O banco, que também tem recomendação outperform e preço-alvo em R$ 20, no entanto, fala que a empresa viu uma tendência de positiva desde setembro.

“Com o início do quarto trimestre em uma nota promissora e considerando uma base de comparação fácil nos próximos meses, acreditamos que a Renner possa estar se aproximando de um ponto de inflexão”, debatem.

O fluxo de caixa, de R$ 599,1 milhões, foi um ponto positivo para o time, sendo definido como “inesperadamente sólido”.

“Dada a atual baixa expectativa do mercado em relação às Lojas Renner, não descartamos alguma reação positiva na próxima sessão de negociação à luz de um panorama melhor sugerido para a empresa a partir de setembro. No entanto, em nossa visão, os números apresentados pela Lojas Renner no relatório devem ser neutros para o preço das ações”, fecha a equipe do Bradesco BBI, encabeçada por Pedro Pinto. O BBI também tem recomendação outperform, com alvo em R$ 23. As ações LREN3 operavam entre leves perdas e ganhos na sessão desta sexta pós-balanço.

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