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A Localiza (RENT3) entrou na lista de empresas que decidiram fazer uma nova oferta de ações na B3. Os follow-ons vêm ganhando tração na Bolsa brasileira desde o último mês de março, quando o Assaí (ASAI3) fez a primeira operação do tipo no ano e levantou R$ 4,1 bilhões, com a venda de uma participação da francesa Casino no atacarejo brasileiro.
Ao menos outras cinco companhias seguiram pelo mesmo caminho nos meses seguintes, movimentando, ao todo, R$ 4,52 bilhões com suas ofertas. E tem mais empresas na fila dos follow-ons, agora que a Bolsa acumula alta de mais de 8% no ano e as ações já não estão tão descontadas como antes.
“Atribuímos o volume maior de ofertas subsequentes ao humor do mercado. A Bolsa está animada, com perspectivas melhores, dados de atividade vindo acima do esperado e ainda a discussão sobre corte de juros”, diz Jennie Li, estrategista de ações da XP.
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A oferta subsequente é um instrumento que pode ser utilizado por empresas listadas que querem financiar seu crescimento, reduzir suas dívidas ou quando um acionista decide desfazer sua posição na companhia. Pode ocorrer pela emissão de novas ações ou pela venda de papéis já existentes, em poder de grandes investidores, fundos de private equity na maioria dos casos.
“É preciso olhar caso a caso. O follow on pode ser interpretado como perspectiva de crescimento para empresa e aumento de liquidez. Mas é preciso olhar no ‘micro’ para entender por que a companhia optou por isso e entender como a ação pode reagir”, complementa Jennie.
Ao menos seis empresas fizeram ofertas subsequentes este ano
Em abril, Hapvida (HAPV3) e Dasa (DASA3) fizeram ofertas subsequentes para amenizar problemas financeiros. A primeira captou R$ 1,06 bilhão na operação, com a emissão de 395,2 milhões de novas ações ordinárias. Os recursos vão reforçar o caixa da companhia, que vem sofrendo com o alto custo de sua dívida, em um contexto de juros elevados. A Dasa levantou R$ 1,67 bilhão, também com o intuito de aliviar uma dívida estimada em R$ 8,3 bilhões.
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No mês de maio, foi a vez de Orizon (ORVR3), Smartfit (SMFT3) e 3R Petroleum (RRRP3). A oferta subsequente da empresa de gestão de lixo movimentou cerca de R$ 370 milhões e saiu com um desconto em relação ao preço da ação na época. Uma parte dos recursos reforçou o caixa da Orizon, mas R$ 278 milhões foram embolsados pela Jive, que vendeu toda sua participação na empresa nessa operação.
O follow-on da Smartfit também marcou a redução de participação de um dos acionistas na empresa, o fundo Pátria, que passou a deter 32,7% do capital social da rede de academias (ante 38,3% de participação). A operação movimentou R$ 591,73 milhões, valor acima do esperado inicialmente.
Já a 3R Petroleum (RRRP3) fez um aumento de capital privado em que captou R$ 836 milhões com investidores que já são acionistas da companhia. Segundo a empresa, os recursos levantados vão fazer frente a despesas e investimentos, além de reforçar a posição de caixa e a estrutura de capital da petrolífera.
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Mais companhias estão na fila dos ‘follow ons’
A Localiza protocolou na sexta-feira (16) o pedido de registro para oferta pública primária que pode levar a emissão de 67,5 milhões novas ações ordinárias da companhia. Na véspera do anúncio, os papéis haviam fechado em R$ 66,64. Por esse valor, o valor da operação chegaria a R$ 4,5 bilhões. A fixação de preço da oferta vai ocorrer no próximo dia 26 de junho. As novas ações começariam a ser negociadas no dia 29.
“Não é uma empresa nova na Bolsa, nem com problemas financeiros. Mas, com uma melhora nos preços das ações, há sentido nesse tipo de movimento”, afirma Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Segundo a Localiza, os recursos do follow-on vão ser utilizados na expansão da frota de veículos da companhia, a ampliação da rede de atendimento e investimentos em tecnologia e telemetria. Nos cálculos do Goldman Sachs, uma capitalização entre R$ 4 bilhões e R$ 4,5 bilhões seria suficiente para comprar 50 mil veículos, o que equivale a 8% da frota total da empresa hoje.
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Mesmo com avaliações positivas, em um movimento comum em meio à visão de diluição de participação dos acionistas com a operação, as ações da companhia caíram após o anúncio da oferta subsequente.
De acordo com a Genial Investimentos, embora a empresa tenha afirmado que irá utilizar os recursos para expansão de frota, parte desses recursos deve ser utilizada para a contrabalancear os efeitos não esperados da desvalorização da frota. Essa perda adicional do valor da frota, foi causada pelo programa de incentivos fiscais à indústria automobilística do governo. A redução forçada dos preços dos seminovos resultou no impairment da frota da Localiza, criando pressões adicionais sobre seus lucros. Inicialmente, a empresa projetou um impacto entre R$ 575 milhões e R$ 650 milhões.
A menor geração de caixa com a venda de seminovos afetaria diretamente a alavancagem da empresa, que já estava em 3,2 vezes no primeiro trimestre de 2023. Portanto, a captação de recursos pode ajudar a equalizar a posição financeira da empresa. Além disso, o follow-on também reflete a estratégia da empresa de aproveitar o momento desafiador da suas concorrentes para se distanciar recuperar a participação de mercado perdida nos últimos anos. Enquanto a concorrência reduz sua frota, a Localiza terá a oportunidade de expandir seguir expandindo suas operações, aponta a casa.
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Caso a Localiza consiga captar os R$ 4,5 bilhões por meio do follow-on, isso teria um impacto positivo estimado de cerca de 12% em relação às estimativas da Genial de lucro por ação para 2023 (R$ 1,30 por ação). Com os recursos adicionais, a empresa teria uma injeção significativa de capital que poderia ajudar a mitigar os efeitos do impairment da frota e das medidas do governo para reduzir os preços dos carros populares.
Para os analistas, se firmada a um preço de cerca de R$ 60 por ação, a operação seria negativa para o acionista devido o tamanho de diluição, entre 6% e 7%, isso a um preço acima do que considera justo. Por outro lado, se a oferta for realizada nos preços que Localiza negocia, de cerca de R$ 65, será positivo para o acionistas.
As ações de Oncoclínicas (ONCO3) também reagiram mal quando houve a notícia de um follow on. A companhia vai ofertar 20 milhões de ações novas e outras 50 milhões de fundos que já investem na companhia, em uma oferta secundária.
O JP Morgan reconhece que a oferta subsequente cria uma pressão negativa sobre o papel pelo lado de excesso de oferta, mas afirma que a operação em si não é nenhuma grande surpresa. Os analistas lembram que o acionista controlador da Oncoclínias é o braço de private equity do Goldman Sachs, que atualmente possui uma fatia de 62% da empresa e pode estar buscando por maior liquidez.
“Hoje, as gestoras maiores não conseguem se posicionar na ação por conta de uma liquidez mais baixa da empresa. O follow on favorece esse tipo de movimento, então ocorre por bons motivos. É um processo natural, já que muitas vezes, em um IPO [oferta inicial de ações], a empresa não consegue colocar no mercado a quantidade de ações que queria inicialmente”, afirma Cruz, da RB Investimentos.
A Oncoclínicas fez seu IPO em agosto de 2021. Este ano, até agora, a ação ONCO3 quase dobrou de preço, desbancando com folga o desempenho das gigantes de saúde na Bolsa e se tornando a favorita do setor para muitas casas de análise.
“Consolidamos que os sólidos fundamentos da empresa permanecem inalterados pelas notícias e pelo anúncio. Assim, mantemos a ação como a nossa favorita dentro de nossa cobertura do setor de saúde”, escreveram os analistas da XP, após o anúncio do follow on.
Já a oferta subsequente de CVC (CVCB3) ainda desperta cautela. No pedido protocolado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a companhia informou o desejo de emitir 83,3 milhões de novas ações ordinárias. A fixação do preço da operação vai ocorrer na próxima quinta-feira (22).
Os recursos levantados serão destinados para realização de oferta de aquisição de determinadas debêntures no total de R$ 75 milhões, além de reforço do capital de giro e melhoria da estrutura de capital.
O GJP, fundo de investimento do fundador e antigo controlador da companhia, Guilherme Paulus, se comprometeu a investir R$ 75 milhões na empresa por meio da subscrição.
“As empresas de turismo no mundo todo sofreram durante a pandemia, mas a CVC teve outros problemas particulares, como troca de comando. Nesse caso, percebemos o follow on como tentativa de melhorar condições financeiras, entendendo que contrair novas dívidas seria algo muito caro para a companhia na atual situação”, explica Cruz.
Nos cálculos do JP Morgan, a CVC precisaria de aproximadamente R$ 1 bilhão para sanar seus problemas de estrutura de capital. Caso a companhia utiliza a maior parte do que captar na oferta subsequente para pagar dívidas, há chances de seu lucro líquido voltar ao terreno positivo em 2024.
Outras ofertas subsequentes estão no radar dos investidores. No começo do mês, as ações do Assaí dispararam 15% em um dia com a notícia de mais um possível follow on, noticiada pelo Valor Econômico e que, dessa vez, levaria à saída do Casino do quadro de acionistas. O grupo francês possui 11,7% do capital do atacarejo. A companhia, após inquirir os seus administradores, destacou não ter conhecimento sobre as informações contidas nas notícias e nem de nenhum ato ou fato relevante que justificasse as oscilações registradas com as ações.
Outra possível oferta subsequente que fez preço no mercado é a da Taesa (TAEE11). De acordo com notícia de abril do Brazil Journal, a companhia pretende levantar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões, recursos que seriam utilizados em leilões de transmissões previstos para este ano e 2024. Na ocasião, a elétrica disse que disse que não havia tomado qualquer decisão formal sobre uma potencial oferta pública de ações
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