Light (LIGT3) critica grupo de credores, diz que plano de reestruturação sai antes do prazo e quer renovar concessão

CEO revelou que semanas antes entrar com o pedido de RJ, a empresa tentou uma solução junto aos credores, mas não teve resultado

Augusto Diniz

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Após a Justiça aceitar pedido de recuperação judicial (RJ) da Light S.A. (LIGT3), holding do grupo, nesta segunda (15), Octavio Lopes, CEO da companhia, aproveitou a teleconferência de resultados do primeiro trimestre de 2023 (1T23) para falar dos próximos passos. Um deles é de entregar o plano de restruturação da dívida de R$ 11 bilhões antes do prazo – portanto, menos de 60 dias, pelo período legal.

O executivo revelou que semanas antes entrar com o pedido de RJ, a empresa tentou uma solução junto aos credores, mas não teve resultado. “Nosso entendimento, uma solução via mediação judicial seria viável e menos custosa para a companhia. No entanto, ao iniciarmos esse processo um mês atrás, nos deparamos com um pequeno grupo de credores que não quiseram aderir à mediação. Ao contrário, eles tinham a intenção de refutar esse processo, podendo levar ao caos a distribuição de energia no Rio de Janeiro”, disse.

Diálogos

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Ainda segundo o CEO da Light, “apesar da agressividade de pequeno grupo de credores, nós iniciamos conversa construtivas com parcela relevante de credores e acreditamos que é possível apresentar uma proposta para restruturação da dívida num breve espaço de tempo, inferior ao prazo legal”.

Realizada a etapa de desenvolvimento do plano de reestruturação, a companhia pretende intensificar o diálogo com o poder concedente e o regulador, para buscar antecipação da concessão, que termina oficialmente em 2026.

“Agora em maio nós vamos nos manifestar de maneira não vinculativa no nosso interesse em renovar a concessão, e o poder concedente tem 18 meses dessa manifestação para avaliar as condições. O que nós buscamos dentro dos 18 meses é a renovação da concessão”, disse.

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Perdas não técnicas são o grande gargalo

Apresentadas com recorrência nas teleconferências da Light, as chamadas perdas não técnicas são ocasionadas por problemas na medição, ligações clandestinas na rede de distribuição e adulteração de medidores.

Eduardo Gotilla, CFO da Light, disse na teleconferência que, embora as perdas não técnicas tenham se mantido em patamares razoavelmente estáveis, o mercado de referência tem se deteriorado consistentemente há quase 10 anos, não tendo, inclusive, alcançado os volumes verificados antes da pandemia.

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Rombo no Ebitda

“O indicador de perdas não técnicas sobre mercado de referência tem crescido ano após ano, apesar de todos os esforços que a Light faz no combate as perdas. No fim de março, a distribuidora estava cerca de 22 pontos pecentuais (p.p.) acima do repasse de perdas definido pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Essa diferença da perda real e da perda regulatória equivale impacto no Ebitda de aproximadamente R$ 522 milhões” disse o CFO.

A busca da estabilização financeira da distribuidora passa essencialmente por uma solução nessa questão. “Quando a gente olha a questão da Light, a gente tem dois desequilíbrios. Um é dentro do parâmetro atual de repasse das perdas. A gente acredita que tem um desequilíbrio de como a fórmula foi aplicada na nossa revisão tarifária ano passado. E a gente tem um pedido de revisão extraordinária que é público para endereçar isso”, explicou Octávio Lopes.

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“O segundo é que tem uma participação das áreas de restrição operacional muito significativa no mercado total de energia, demandando um tratamento diferenciado, pensando no próximo ciclo da concessão”, completou o CEO.

Empresa descarta vender geração

Com problema de recuperação judicial centrado na subsidiária de distribuição da holding Light S.A., Lopes comentou que no processo de restruturação “a gente coloca tudo na mesa”. Mas disse que o grupo não tem interesse em se desfazer da parte de geração para pagar as dívidas da distribuidora.

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“Não acreditamos que necessariamente é a melhor solução do grupo vender a geração”, comentou.

Na teleconferência, Octavio Lopes disse a recuperação judicial da holding foi a alternativa encontrada capaz de preservar a capacidade financeira das empresas e garantir a normalidade das operações das concessões.

Continuidade da operação

“A recuperação judicial permite que a distribuidora e a geradora permaneçam adimplentes de suas obrigações fiscais, interssetoriais e pagamentos de todas as despesas para continuidade da concessão, incluindo colaboradores, fornecedores e prestadores de serviço”, destacou.

O executivo acrescentou ainda que “a Light permanece em total normalidade operacional, independente da RJ da Light S.A., preservando o setor elétrico e garantindo a manutenção a qualidade do serviço que prestamos a 11 milhões de consumidores”.

Ele, por fim, não vê nenhuma razão para se ter uma intervenção da Aneel no processo, “dado que a RJ não é da distribuidora, mas da holding”. E comentou ainda que “ao contrário de todas as restruturações que ocorreram nas empresas de energia no passado, em que companhias chegaram num total stress operacional, a Light é uma companhia que funciona em quadro de total normalidade, que é o que interesse para o regulador”.

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