“Kit Selic” lidera ganhos do Ibovespa com apostas de corte de juros; Petrobras afunda 2%

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta terça-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – As ações da Petrobras figuraram entre as maiores perdas do Ibovespa, pressionadas pela forte queda dos preços do petróleo no mercado internacional. Os preços da commodity reagiram a declarações do Irã que reduziram ainda mais as expectativas de que os maiores produtores mundiais cheguem a um acordo para congelar a produção, em reunião da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) que será concluída amanhã, na Argélia. 

Além da commodity, investidores responderam também às análises sobre o primeiro debate eleitoral para a Presidência dos Estados Unidos, com o desempenho de Hillary Clinton agradando o mercado, e à divulgação, por aqui, do Relatório Trimestral de Inflação nesta manhã, que ajudou a puxar ações expostas aos juros, ao gerar expectativas de queda da Selic em outubro. Na ponta positiva, figuraram os papéis da Ecorodovias e Multiplan. Fora do Ibovespa, também chamaram a atenção os papéis das varejistas Magazine Luiza, Cia Hering e Lojas Marisa, que subiram entre 2% e 4%. 

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão:

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Vale (VALE3, R$ 17,60, +0,92%; VALE5, R$ 15,25, +0,46%)
Um alívio na aversão ao risco dos investidores nesta tarde ajudaram a tirar as ações da Vale do terreno negativo, contrariando o movimento de queda do minério de ferro nesta sessão, que fechou em baixa de 0,24% no Porto de Qingdao, na China, a US$ 56,63 a tonelada.  

Por outro lado, as siderúrgicas seguiram no terreno negativo, mas em movimento mais ameno ao registrado nesta manhã, com Gerdau (GGBR4, R$ 8,63, -0,58%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 3,41, -3,67%), Usiminas (USIM5, R$ 3,43, -2,83%) e CSN (CSNA3, R$ 8,61, -0,69%). A exceção foi a ação ordinária da Usiminas (USIM3, R$ 8,18, +5,55%), que disparou pelo terceiro pregão seguido (+18%). 

Há alguns dias, os sócios da companhia, a japonesa Nippon Steel, e a ítalo-argentina Ternium Techint enfrentam uma forte disputa societária, envolvendo principalmente um aumento de capital realizado pela Usiminas no primeiro semestre deste ano. Ontem, uma reportagem da Agência Estado apontava que os sócios controladores da Usiminas estavam longe de chegar a um acordo, em uma briga que já dura quase dois anos. Logo após a siderúrgica ter conseguido alongar sua dívida, a Nippon evidenciou a falta de acordo com sua sócia ítalo-argentina e voltou a bater na sua falta de concordância sobre a eleição de Sérgio Leite para a presidência da Usiminas, no lugar de Rômel de Souza, nome de confiança da empresa japonesa. Souza entrou no cargo em setembro de 2014, quando o então presidente foi afastado com outros dois diretores, todos indicados pela TerniumA reportagem aponta que, depois de um longo período de briga, a única saída vislumbrada seria a separação da Usiminas, com Nippon Steel ficando com a usina de Ipatinga (MG) e Ternium com a unidade de Cubatão, na Baixada Santista, que está com a atividade primária paralisada desde o início do ano. Mas nada ainda foi feito sobre o assunto. 

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Além disso, aparece no radar das siderúrgicas mais especulações sobre venda de ativos da CSN, desta vez envolvendo fatia da Congonhas Minérios, segunda maior produtora de minério de ferro do Brasil. Segundo informações da agência Reuters, citando duas fontes com conhecimento no assunto, a companhia está considerando vender sua participação na companhia para a China Brazil Xinnenghuan International Investment (CBSteel). Uma das fontes afirmou que qualquer acordo avaliando a Congonhas Minérios em cerca de US$ 20 bilhões tem chance de ser bem sucedido. 

Segundo o BTG Pactual, embora a venda desse ativo seja possível e esteja dentro dos planos da companhia, o valuation parece excessivo e o preço mais justo seria algo na faixa entre US$ 3 e US$ 5 bilhões. Os analistas lembram que essa mesma informação já havia sido divulgada duas semanas atrás, não tendo grandes novidades. Eles mantiveram recomendação de venda para a ação e preço-alvo em R$ 4,00 por ação, o que implica um potencial de desvalorização perto de 50%.

Petrobras (PETR3, R$ 14,65, -0,34%; PETR4, R$ 13,12, -2,09%)
As ações da Petrobras caíram pressionadas pela forte queda dos preços do petróleo no mercado internacional. O contrato do petróleo Brent recuava 2,66%, a US$ 46,09 o barril, enquanto o WTI caía 2,70%, a US$ 44,69 o barril. O desempenho refletia declarações do Irã de que não quer acordo em Argel e não congelará sua produção de petróleo. Por outro lado, o ministro do petróleo do país, Bijan Namdar Zanganeh, disse, em entrevista à Bloomberg, que o país irá aumentar sua produção para 4 milhões de barris de petróleo por dia.  

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No radar, o Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) anunciou, em nota oficial em sua página na Internet, que a categoria deflagará greve por tempo indeterminado a partir da meia noite da próxima quarta-feira (29). Segundo o sindicato, as assembleias realizadas pela entidade votaram pela rejeição da contraproposta apresentada pela empresa para a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho para os próximos dois anos (ACT/2015-2017), apresentada pela Petrobras em reunião realizada no último dia 16. 

Além disso, a Petrobras pretende primeiro agrupar todas as 20 usinas térmicas em uma única empresa para, depois, oferecer uma participação a outro investidor, diz Folha de S.Paulo, citando entrevista com Jorge Celestino, diretor de refino e gás da estatal.

O BofA disse em relatório, em junho, que 6 usinas térmicas da Petrobras valem entre US$ 3,8 bilhões e US$ 6,3 bilhões. Em fevereiro, BTG estimou valor combinado das 21 usinas térmicas da estatal em R$ 16 bilhões.

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“Kit Selic”
Em meio às expectativas de que o Banco Central inicie o ciclo de cortes da Selic na reunião de outubro, ações expostas ao juros subiram forte nesta sessão. Entre as maiores altas do Ibovespa, a concessionária de rodovias Ecorodovias (ECOR3, R$ 8,94, +2,76%) e do setor de shopping center Multiplan (MULT3, R$ 63,37, +2,13%). Esses papéis são beneficiados por esse cenário porque como essas empresas precisam operar alavancadas, qualquer corte de juros contribui para baratear seus endividamentos e retornar a atratividade em seus investimentos. 

As varejistas, também beneficiadas por esse cenário por trazer de volta o apetite do consumidor (no misto, expectativas de inflação e juros menores), subiram nesta sessão, com Lojas Renner (LREN3, R$ 25,29, +1,73%), Magazine Luiza (MGLU3, R$ 74,30, +4,46%) e Cia Hering (HGTX3, R$ 18,59, +2,42%). Quer entender melhor esse cenário, confira a análise de Pedro Galdi no Comprar ou Vender desta terça-feira. Para ele, as varejistas deve voltar ao radar dos investidores. 

Papel e celulose
As ações das empresas do setor de papel e celulose Klabin (KLBN11, R$ 17,38, +2,18%), Suzano (SUZB5, R$ 10,04, +1,72%) e Fibria (FIBR3, R$ 21,97, +0,78%) subiram, apesar da queda do dólar frente ao real nesta sessão. O dólar comercial encerrou em queda de 0,50%, a R$ 3,2295 na compra e R$ 3,2310 na venda. 
Em relatório, o BTG Pactual destacou que as ações da Suzano seguem sendo um bom hedge apesar do momento turbulento que os papéis do setor de papel e celulose registram este ano. Para os analistas, “não há mistério” que será muito difícil para os papéis do setor ter uma boa performance no curto prazo. Contudo, após a turbulência, os papéis SUZB5 podem ter dias melhores. Os analistas seguem com recomendação de compra para os ativos SUZB5, com o preço-alvo sendo reduzido de R$ 20,00 para R$ 14,00 em meio às revisões sobre o preço de celulose e câmbio.   

Sanepar (SAPR4, R$ 8,45, +1,81%)
As ações da Sanepar já subiram 260% da mínima deixada em janeiro até agora na Bolsa, mas ainda estão atrativas, disse o head de mercados de capitais da Eleven Financial, Adeodato Volpi Netto. Recentemente, ele indicou “fortemente a compra” dessa ação e esteve hoje no programa semanal Comprar ou Vender, da InfoMoneyTV, para comentar essa recomendação (para conferir a análise, clique aqui).

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No radar da empresa, a Sanepar prepara uma oferta de ações que deve movimentar cerca de R$ 1,5 bilhão, seguindo o modelo da Sabesp, empresa de saneamento do Estado de São Paulo, disse o Valor Econômico que apurou a informação junto a bancos. Se concretizada nesse valor, essa operação se firmará como a maior oferta de ações realizada neste ano. A operadora de turismo CVC movimentou R$ 1,23 bilhão.   

CVC (CVCB3, R$ 23,72, +1,11%)
O BTG Pactual reiterou call positivo para a CVC nesta terça-feira, atualizando as estimativas e rolando o preço-alvo para o fim de 2017 para R$ 31,00. No universo de cobertura do analista Fabio Monteiro, esse é um dos papéis com mais qualidade e que claramente ficou pra trás (com valuation bastante atrativo, em 12,1 vezes o P/L de estimado para 2017).

Eles aproveitaram a atualização para apresentar as projeções de números do 3° trimestre, com Ebitda e lucro líquido crescendo 2 dígitos. A ação segue como top pick do banco. 

São Martinho (SMTO3, R$ 56,83, +0,57%)
O Conselho de Administração da São Martinho autorizou a empresa de produção de açúcar a investir R$ 44 milhões na usina de Santa Cruz. O objetivo da companhia é aumentar a produção da usina de 5,2 milhões de toneladas para 5,6 milhões de toneladas.  

Pelas contas do BTG, o anúncio traz um potencial de alta para o preço das ações de R$ 2,53. Outro dado interessante é que tal investimento irá aumentar a produção de açúcar em 22% nessa usina, enquanto devem reduzir etanol em 8%, o que faz sentido uma vez que o prêmio do preço do açúcar versus etanol está acima de 25%, comentaram os analistas. Segundo eles, mesmo que pequeno, tal aumento de capacidade veio em um patamar de custo bastante interessante (desconto maior que 70% dos múltiplos que SMTO3 negocia) e sem dúvida foi uma boa escolha e mais barata do que fazer qualquer fusão e aquisição. Eles reiteraram recomendação de compra da ação. 

Já o Santander disse que esse anúncio reforça a disciplina de capital da empresa ao avaliar oportunidades de expansão. Pelas estimativas do banco, essa expansão deve gerar em torno de R$ 40 milhões em Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) por ano para a empresa – isto é, cerca de 4% de sua geração total de caixa atual. Os analistas reiteraram visão positiva para o nome, citando uma injustificada underperformance (desempenho abaixo da média) no ano em relação aos seus pares. 

BR Insurance (BRIN3, R$ 21,12, +0,57%)
A corretora de seguros, BR Insurance, informou aos seus acionistas que o seu Conselho de Administração elegeu Stephanie Helena Jerg Fazis como diretora Financeira, de Controle e de Relações com Investidores, cargo até então ocupado por Marcelo Moojen Epperlein, diretor-presidente da companhia. Stephanie é formada em economia e tem especialização em administração de empresas, finanças e marketing pela Universidad Católica Andrés Bello, na Venezuela. Anteriormente passou pela empresa Atento, onde trabalhou por 16 anos, nas áreas de administração, finanças, planejamento de pessoas e identidade, planejamento e controle de gestão corporativa e, por fim, tendo sido Diretora Executiva de Finanças, Administração, Eficiência e TI.

Helbor (HBOR3, R$ 2,07, +9,52%)
As ações da Helbor fecharam na máxima do dia, em pregão de forte volume financeiro de R$ 2,36 milhões, contra média diária de R$ 1,56 milhão dos últimos 21 pregões. No radar, a associação para desenvolvimento em conjunto de empreendimentos imobiliários residencial em imóveis detidos pelo Brookfield São Paulo e Hesa tem aval do Cade sem restrições. A Hesa 126 é sociedade detida pela Helbor, com 50%, e pela Toledo Ferrari e AAMR, cada uma com 25%. 

No parecer do Cade, as companhias citam que “identificaram potenciais benefícios urbanísticos na realização de empreendimentos imobiliários conjuntos, de forma a agregar uma área verde assemelhada a um parque linear aos respectivos condomínios”.

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