Juros: Taxas caem com exterior favorável e IPCA de outubro abaixo do consenso

As taxas mostraram ritmo de queda consistente durante toda a sessão, mantido inclusive após o aumento da cautela no mercado de Treasuries

Estadão Conteúdo

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Os juros futuros terminaram o dia em queda, acumulando baixa também na semana em relação aos ajustes da última sexta-feira. Tanto o ambiente externo quanto o doméstico contribuíram para o alívio nos prêmios de risco da curva local. Lá fora, as taxas dos Treasuries estiveram relativamente comportadas e, aqui, o IPCA de outubro veio abaixo da mediana das estimativas e com leitura benigna dos preços de abertura, consolidando a ideia de que há conforto para o Banco Central seguir com seu plano de voo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 10,735%, de 10,805% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 caiu de 10,59% para 10,50%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 10,62% (10,71% ontem) e o DI para janeiro de 2029, com taxa de 10,99% (11,09% ontem).

As taxas mostraram ritmo de queda consistente durante toda a sessão, mantido inclusive após o aumento da cautela no mercado de Treasuries à tarde. A taxa da T-Note de 10 anos, que mais cedo operava abaixo de 4,60%, voltou a superar levemente este nível e o retorno da T-Note de 2 anos se firmou em alta. De todo modo, considerando que semanas atrás a T-Note de 10 aos chegou a romper 5%, os 4,60% são vistos como aceitáveis.

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O economista da Guide Investimentos Victor Beyruti diz que, exceto pelo estresse ontem com declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que recolocaram na mesa a possibilidade de novo aumento de juros, as taxas longas lá fora se acomodaram em níveis mais bem comportados na semana, o que foi fator importante para o desenho da curva. “E hoje tivemos o impulso do IPCA, abaixo do consenso e com composição benigna”, disse.

O IPCA de outubro subiu 0,24%, arrefecendo levemente em relação a setembro (0,26%) e aquém da mediana das estimativas de aceleração a 0,29%. Em 12 meses, a taxa acumulada caiu de 5,19% para 4,82%, também abaixo da mediana (4,87%).

Economistas do Bradesco, em relatório, observam que nas métricas mais sensíveis ao ciclo econômico, a inflação também mostra uma trajetória benigna e se aproximando de 3%. “Os serviços subjacentes, medida que tem sido seguida com atenção pelo Banco Central, estão rodando em 3,4% nos últimos três meses anualizados”, disseram.

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Nesse cenário, o ‘forward guidance’ do Copom, de novas reduções de 0,50 ponto porcentual da Selic nos encontros de dezembro e janeiro, parece assegurado. Adiante, o quadro é incerto, principalmente pelo cenário fiscal.

O esforço do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para defender a meta de déficit zero em 2024 é valorizado pelo mercado – ontem, ele afirmou que a meta no Brasil é para ele “programática” e “não precisa nem estar na lei para perseguir” – mas o risco de mudança, na percepção dos agentes, segue latente. Embora o texto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) aprovado na Comissão Mista de Orçamento (CMO) tenha preservado o objetivo, há possibilidade de o governo apresentar uma emenda na comissão até 16 de novembro.

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