Juros menores nos EUA e no Brasil? O que faz o Ibovespa subir mais de 2% e chegar a romper os 123 mil pontos

O índice de inflação ao consumidor americano ficou estável em outubro, na margem, ante previsão de elevação

Estadão Conteúdo

(Gettty Images)
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Já em alta praticamente desde a abertura, o Ibovespa intensificou a valorização, chegando a subir até 2,40%, indo aos 123.303 pontos, na máxima, após a divulgação do CPI dos EUA. Antes do dado americano, o principal indicador da B3 avançava diante do enfraquecimento do volume de serviços em setembro, o que reforçou expectativas de uma Selic menor à frente.

O índice de inflação ao consumidor americano ficou estável em outubro, na margem, ante previsão de elevação, e subiu menos na comparação interanual. Com isso, o Índice Bovespa voltou a operar no nível visto em 3 de agosto (máxima aos 122.619,14 pontos), depois intensificando os ganhos, dada a expectativa de que não haverá mais alta de juros nos EUA.

“O dado é fantástico, tudo o que o mercado queria ver é um dado de inflação fraca. Até o núcleo veio abaixo, tanto o mensal quanto o anual”, avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus. “Não é à toa essa festa nos mercados. Agora, tende a começar a especulação de quando os juros começarão a cair nos EUA”, completa Laatus.

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Como ressalta Rafael Schmidt, sócio da One Investimentos, a aposta agora é que as taxas de juros dos Estados Unidos fiquem no nível atual, entre 5,25% e 5,50%, até março, com previsão de que comecem a cair em seguida. “Em maio, já começamos a ver possibilidade de queda. A questão é saber mesmo quando começará a cair”, diz.

No Ibovespa, a alta é quase geral na carteira. Às 11h17 desta terça-feira, 14, só quatro ações caíam, de um total de 86. “O mais importante do que o CPI em linha foi o resultado dos núcleos. Isso bateu primeiramente nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, que acentuaram a queda, depois nos índices futuros de ações de Nova York e em seguida nos ativos do Brasil”, descreve Dennis Esteves, sócio e especialista da Blue3 Investimentos.

Além dos sinais de arrefecimento da inflação americana, a atividade no Brasil deu indícios de fraqueza, conforme a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) relativa a setembro. Com isso, os juros futuros recuam, alimentando expectativas de cortes menores da Selic, depois das reuniões de dezembro e janeiro, para as quais o mercado espera corte de meio ponto porcentual em cada encontro. Hoje, a Selic está em 12,25% ao ano.

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“O volume de serviços também ajuda a Bolsa a subir. Depois de um PIB bom no primeiro semestre, agora o sinal é de enfraquecimento da economia à frente, o que tende a pressionar menos a inflação, abrindo margem para recuo dos juros, e a curva já sente isso”, afirma Esteves, da Blue3.

Em setembro, o volume de serviços prestados no País caiu 0,30% na margem, ficando perto do piso das projeções, de -0,40%, e cedeu 1,20% no confronto interanual. “Os dados do terceiro trimestre sugerem que devemos ter queda no PIB após um primeiro semestre bastante positivo. A eventual queda do PIB num ambiente de inflação sob relativo controle e com a perspectiva de cortes adicionais na gasolina sugerem uma Selic mais baixa o ano que vem”, avalia em nota o economista André Perfeito.

Às 11h24, o Ibovespa subia 1,97%, aos 122.785,43 pontos, ante mínima aos 120.410,51 pontos, com variação zero, e mínima aos 120.410,51 pontos. Vale subia 1,86%, após alta do minério de ferro na China e em meio a sinais de medidas de estímulo ao país. O petróleo avançava em torno de 1,00%, atingindo os papéis do setor, com Petrobras em alta de 0,14% (PN) e de 0,52% (ON). Ações de grande bancos também avançavam até 1,29% (Itaú Unibanco). Do lado relacionado ao ciclo econômico, CVC ocupava a lista das maiores altas, ao subir 6,48%.

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