Juros futuros: PIB enfraquece ideia de corte maior da Selic e taxas curtas sobem

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 10,380%, de 10,328% ontem no ajuste

Estadão Conteúdo

(Getty Images)
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Os juros futuros fecharam a terça-feira, 5, com alta moderada nos vencimentos de curto e médio prazos, enquanto os longos ficaram estáveis. O resultado do PIB no 3º trimestre acima do consenso reforçou a ideia de que o ritmo de corte da Selic será de 0,5 ponto porcentual nas próximas reuniões do Copom – endossada hoje pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto -, o que pressionou as taxas nos horizontes mais próximos ao desestimular a percepção na aceleração do ritmo de queda. A ponta longa ficou comportada dado o alívio das curvas globais, puxado especialmente pelo recuo dos retornos dos Treasuries.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 10,380%, de 10,328% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 subiu de 10,01% pra 10,05%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 10,16%, de 10,15% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2029 terminou estável em 10,60%.

A dinâmica da curva esteve voltada aos ajustes ao resultado do PIB praticamente durante toda a sessão no caso das taxas curtas, ao desestimular as apostas na aceleração do ritmo de corte da Selic para 0,75 ponto porcentual. A economia cresceu 0,1% na margem, contrariando a mediana de queda de 0,2%. Além disso, o resultado do segundo trimestre foi revisado para cima, de alta de 0,9% para 1,0%. Na abertura do dado, o consumo das famílias subiu 1,1% e do governo, 0,5%. Pelo lado da oferta, indústria e serviços cresceram 0,6% e agropecuária caiu 3,3%.

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Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, o PIB reduz as chances de aceleração do ritmo para 0,75 ponto. “Todo mundo estava convicto de que ia vir negativo, com PMC e PMS negativas, e o consumo teve a maior expansão desde o 2T22”, afirma. “O BC não vai se pautar só com inflação de serviços, com o consumo indo bem desse jeito”, completou.

A possibilidade de uma ampliação na dose tinha voltado ao radar após o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, ter falado na semana passada sobre o sentimento, captado em conversas recentes com o mercado, de que haveria espaço para acelerar os cortes.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que está em Berlim, considerou o resultado do PIB “fraco”, apesar de o número ser positivo. “Mas com o corte na taxa Selic, esperamos fechar este ano com crescimento do PIB de mais de 3% e uma expansão na faixa de 2,5% em 2024. Mas o BC precisa fazer o trabalho dele”, alertou.

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Já Campos Neto reiterou que a autoridade monetária vê o ritmo de queda da Selic de 0,50 ponto como apropriado e que esta é a sinalização para as próximas duas reuniões, como já indicado em comunicados. “O Banco Central tem adotado postura prudente”, disse, acrescentando que a batalha da desinflação não está ganha. Por outro lado, comentou que, apesar das indicações, é possível que haja novas avaliações.

Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, o mercado de juros hoje mesclou o PIB, as falas de Campos Neto e também dados no exterior para definir o desenho da curva. Lá fora, às vésperas da divulgação do payroll na sexta-feira, a queda maior que a esperada na abertura de postos de trabalho nos EUA entre setembro e outubro, apontada no relatório Jolts, resgatou as apostas de que o Federal Reserve pode abrir o ciclo de redução de juros em março.

Com isso, houve queda expressiva nos rendimentos dos Treasuries, com as taxas da T-Note de 2 e 10 anos abaixo de 4,60% e de 4,20%, respectivamente. O comportamento da curva americana reverberou sobre as demais, contribuindo para limitar o avanço dos DIs curtos e para segurar os longos próximos dos ajustes.

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