JSL (JSLG3) amplia margem e lucro sobe 74% no 4º tri de 2022, para R$ 110 milhões

Empresa de logística obteve melhor resultado trimestral da história, a despeito de um cenário de aperto monetário no país

Rikardy Tooge

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A JSL ( JSLG3), empresa de logística controlada pela Simpar (SIMH3), conseguiu entregar seu melhor resultado trimestral da história no quarto trimestre de 2022, em um contexto de crescimento de margens e celebração de R$ 3,3 bilhões em novos contratos.

“Apesar do cenário difícil [por conta dos juros altos], tivemos êxito em fechar novos contratos com prazos longos que nos protegem dessas oscilações”, diz Ramon Alcaraz, CEO da JSL, em entrevista ao InfoMoney. Em 2022, a JSL fechou R$ 6 bilhões em novos contratos, com média de 50 meses. “Nós não deixamos levar por resultados de curto prazo, sabemos que nosso crescimento virá a longo prazo”, prossegue.

Sob este cenário a companhia registrou lucro líquido ajustado de R$ 110 milhões no intervalo entre outubro e dezembro do ano passado, ante R$ 63,3 milhões de igual período de 2021, uma alta de 73,8%. Considerando apenas o lucro líquido sem ajustes, a cifra chegou a R$ 93,9 milhões, com alta de 73,1%. A receita líquida cresceu 25,2% no mesmo comparativo, para R$ 1,7 bilhão.

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No ano, a JSL o lucro líquido ajustado chegou a R$ 223,5 milhões, em linha (-0,2%) com o registrado em 2021. Sem os ajustes, houve queda de 28,8%, para R$ 194,2 milhões. Já receita líquida cresceu 40,2%, para R$ 6 bilhões. O faturamento bruto chegou a R$ 7,1 bilhões, o dobro desde a oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês), feita em 2020.

“Nós apresentamos um guidance [projeção] ao mercado de que chegaríamos a R$ 10,8 bilhões de faturamento até 2025, o que exigiria um crescimento anual de 26%. Até o momento, nosso desempenho tem sido de 45%”, lembra Alcaraz.

Margem firme

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 319,2 milhões, uma alta de 44,9% sobre o mesmo intervalo de 2021, quando o desempenho chegou a R$ 220,3 milhões. A margem do Ebitda ajustado cresceu 3 pontos percentuais, para 19,9%.

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Para justificar o aumento de margem, o CEO afirma que o trimestre foi marcado por efeitos positivos nos custos. Ramon Alcaraz destaca o arrefecimento dos preços do diesel e de insumos, como pneus, para um conforto melhor das margens. “Mas não deixamos de fazer o nosso dever de casa, de austeridade e eficiência de custos. Foi uma junção dos cenários”, diz.

Ramon Alcaraz, CEO da JSL e Guilherme Sampaio, CFO da JSL (Divulgação)
Ramon Alcaraz, CEO da JSL e Guilherme Sampaio, CFO da JSL: margem firme em ano de juros altos (Divulgação)

Sobre alguma mudança na tributação federal do diesel, que está com os impostos zerados desde meados do primeiro trimestre de 2022 e que deve durar até o fim deste ano, o executivo não demonstra preocupação. “Para nós, o importante é saber sentar e negociar com o cliente [o contrato] diante de eventuais mudanças”, reforça.

Em 2022, o Ebitda ajustado da JSL alcançou R$ 1,1 bilhão, com alta de 62,4% ante 2021. A margem chegou a 18,7%, um crescimento de 2,8 pontos percentuais no mesmo comparativo.

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Investimentos e alavancagem

Para dar conta dos novos contratos, a empresa aumentou seu Capex líquido em 87,1% no quarto trimestre, para R$ 681,3 milhões. O investimento foi necessário para dar conta da demanda extra, afirma o CFO da JSL, Guilherme Sampaio. No ano, o Capex chegou a R$ 1,4 bilhão, com alta de 89,6%.

Sob este contexto, a alavancagem da JSL, que leva em conta a dívida líquida pelo Ebitda, chegou a 2,73 vezes – número considerado saudável pela companhia, que considerada que até 3 vezes é um indicador sustentável.

“Essa é uma escolha nossa de crescimento. Nossa desalavancagem não virá de esterilizar a dívida líquida, mas sim de ampliar o nosso Ebitda. E essa estratégia, como mostra o balanço, tem sido exitosa”, diz Sampaio. Além disso, o executivo aponta que a JSL tem uma posição de caixa de R$ 873,2 milhões, com linhas de crédito disponíveis de R$ 876 milhões, o que, somados, daria 5,3 vezes as obrigações financeiras da empresa no curto prazo.

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Neste sentido, Guilherme Sampaio lembra que a tese que baseou o IPO da JSL foi a de consolidação do setor logístico, segmento que a JSL lidera há cerca de duas décadas. “Nós vamos continuar investindo, fazendo M&As para o crescimento inorgânico e buscar crescer organicamente também, buscando mais cross-selling [vendas de novos produtos ao mesmo cliente]”, prossegue o CFO.

Operação internacional

Além da captura de novos clientes no Brasil, outra avenida de crescimento que a JSL busca fortalecer é sua atuação em outros países. No ano passado, a empresa conseguiu R$ 260 milhões em faturamento com sua operação internacional.

Atualmente, a companhia atua no Paraguai e na África do Sul, mas não pretende parar por aí. Mas, para entrar em outras nações, a companhia espera fechar contratos que garanta previsibilidade de receita para daí então captar outros clientes locais.

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Na operação africana, por exemplo, a JSL tem contrato de cinco anos com uma multinacional de bebidas que deverá garantir R$ 780 milhões de faturamento até o fim do acordo.

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Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br