Odontoprev (ODPV3): JPMorgan corta recomendação para “venda” após rali e ação desaba 10%

Banco também fez análise sobre ações da Hapvida, que também têm um dia de queda na Bolsa

Felipe Moreira

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As ações da Odontoprev (ODPV3) registraram forte queda nesta segunda-feira (27), no terceiro pregão seguido de baixa expressiva, em meio a movimentos de realização de lucros e com o JPMorgan cortando a recomendação dos papéis a “underweight” (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda), com preço-alvo de R$ 10,50.

Até o último dia 22, quando fecharam na máxima desde o começo de outubro de 2021, a R$ 13,69, as ações acumulavam valorização de 51,6% em 2023, contra queda de 5,4% do índice de Small Caps. Nesta segunda-feira, contudo, os papéis fecharam com perdas de 9,95%, a  R$ 10,95.

O banco ressalta que a ação registrou de longe o melhor desempenho entre as operadoras de saúde da América Latina. Nesse contexto, avalia que o viu como um player de dividendos a um preço atrativo no início deste ano, quando elevou a recomendação para neutra, não é mais válido.

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Atualmente, as ações da empresa negociam a 14,2 vezes e 13,6 vezes preço sobre lucro (P/L) para 2023 e 2024, respectivamente, ante 10,3 vezes / 10 vezes em menos de dois meses. Além disso, olhando para múltiplos de 2024, analistas veem o desconto de avaliação para Rede D’Or (RDOR3) e Hapvida (HAPV3) como muito baixo dadas as perspectivas de crescimento, pois a Odontoprev deve entregar uma taxa de crescimento anual (CAGR) do lucro ajustado por ação (EPS, na sigla em inglês) de apenas 4% nos próximos 5 anos versus 38%/39%, respectivamente.

Além disso, agora a melhora esperada nas adições líquidas alavancadas em sua plataforma de bankassurance (relação entre um banco e uma seguradora que visa oferecer seguros aos clientes do banco) está em risco devido ao crédito potencialmente mais restritivo de crédito. Isso, na opinião do banco, é um fator chave no relacionamento do banco com os clientes, principalmente pequenas e médias empresas (PMEs), para impulsionar a venda de outros produtos, inclusive seguros.

Diante disso, o banco vê potencial de downside (queda) de 14% para o preço-alvo de R$ 10,50.

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Hapvida

O JPMorgan também fez análise sobre a Hapvida, mantendo recomendação neutra para ações, com preço-alvo de R$ 5,50, o que representa upside de 15,8% frente a cotação de fechamento de sexta-feira (24) de R$ 4,75. Os ativos também caíram, 4,21%, a R$ 4,55.

Segundo o banco, as questões envolvendo a Americanas (AMER3) provocaram várias discussões sobre alavancagem em diferentes setores enquanto levantam questões em torno do custo da dívida potencialmente mais alto em meio a um mercado de crédito mais restritivo e diligente.

Nesse contexto, o JPMorgan disse que começou a ver discussões em torno do custo de capital dos planos de saúde e estrutura corporativa ressurgindo se reativarem após vários anos. Dessa forma, o banco analisou a estrutura corporativa e de capital da Hapvida para entender as principais estruturas de liquidez da holding.

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No geral, analistas apontam que a empresa tem dinheiro suficiente em suas subsidiárias para sustentar o serviço da dívida e vencimentos no nível da holding neste momento, o que tira preocupações sobre alavancagem de curto prazo e solvência em suas participações.

“Além disso, a Hapvida conseguiu explorar com sucesso o mercado de dívida sem alterações materiais no seu custo”, destacam analistas.

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Olhando para trás desde o IPO da Hapvida e da Intermedica, houve um volume limitado de dividendos pagos pela operação das entidades (principalmente planos de saúde regulados pelo capital) para as entidades holding – Hapvida e BCBF, respectivamente. Além disso, as participações que são utilizadas para financiar as atividades de fusões e aquisições foram financiadas principalmente ao longo do tempo com emissão de novas ações e dívidas.

Analistas sinalizam que a estrutura de financiamento da holding é utilizada para não onerar o lucro no nível operacional com despesas financeiras dada a necessidade de garantir patrimônio mínimo (margem de solvência). A Hapvida Participações tinha dívida de R$ 6,1 bilhões (R$ 600 milhões no curto prazo) e posição em dinheiro de R$ 11 milhões enquanto no nível do BCBF havia R$ 3,7 bilhões de dívida (R$ 500 milhões no curto prazo) e R$ 1 bilhão em caixa – considerando a última emissão de CRI em Dezembro.

No entanto, de acordo com as estimativas do banco, há dinheiro “desbloqueado” suficiente nas empresas operacionais para financiar as holdings.

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Segundo cálculos do JPMorgan, dos R$ 3,7 bilhões de caixa que estava nessas subsidiárias no 3T22, R$ 970 milhões foram “desbloqueados” para serem pagos como dividendos as holdings de subsidiárias reguladas e outro R$ 1,3 bilhão estava dentro das não regulamentadas. Isso foi mais do que suficiente para atender às necessidades de curto prazo nos níveis da holding, caso a dívida da holding não seja rolada.

A Hapvida também captou R$ 1 bilhão com vencimento em dezembro do próximo ano por meio de recebíveis imobiliários no 4T22, reduzindo ainda mais as pressões potenciais em torno da liquidez do curto prazo em suas participações.

Além disso, a empresa emitiu na semana passada R$ 750 milhões em debêntures com CDI+1,7% com vencimento em 24/02 na holding intermediária – Ultra Som.

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