JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3) devem ver lucratividade cair, BRF (BRFS3) e M. Dias (MDIA3), subir: O 2º tri das empresas de alimentos

JBS e Marfrig devem sofrer pela diminuição de gado disponível nos EUA enquanto BRF e M. Dias podem surfar leve queda das commodities

Vitor Azevedo

(Shutterstock)
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O primeiro trimestre de 2022 foi desafiador para as companhias brasileiras de alimentos: a inflação mais alta de insumos e a dificuldade de repassar preços aos consumidores, com risco de impactar a demanda, pressionaram as margens e reduziram a lucratividade. Para o período entre abril e junho, analistas apostam que a situação, de maneira geral, melhorou, mas também defendem que essas empresas devem performar de maneiras diferentes, dependendo de suas especificidades operacionais.

“Em nossa opinião, o setor de frigoríficos no Brasil está ficando cada vez menos homogêneo devido à atuação geográfica das companhias e também por conta das diferentes ‘pegadas de proteínas’, o que esperamos que fique explícito nos resultados do segundo trimestre”, apontam os analistas da XP Investimentos, em relatório.

A Eleven, para o segmento de frigoríficos, afirma também que “espera dinâmicas diferentes entre os players”, com JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3) sofrendo compressão de margem devido à reversão do ciclo do gado nos EUA. “Para as operações no Brasil, vemos o caminho inverso em relação aos Estados Unidos, com um aumento de gado disponível para abate, gerando menores custos”, pontuam.

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Segundo os especialistas, enquanto nos Estados Unidos o número da população bovina está caindo, aumentando os gastos dos frigoríficos com a compra de gado, no Brasil ele está crescendo – isso devido a um ciclo natural da produção de gado. Alguns analistas, com isso, veem que os frigoríficos com maior presença nos EUA podem ter suas margens comprimidas.

“Na nossa visão, a desaceleração da operação de carne bovina nos Estados Unidos deve ser o principal catalisador para a queda do resultado operacional da JBS no trimestre”, complementa o Itaú BBA. “O aumento no custo do gado na casa dos 18% deve ser o principal ponto detrator de margem para a empresa, assim como a queda de 13% nos preços de venda praticados no mercado dos frigoríficos”.

Para a JBS, a opinião majoritária, contudo, é de que a grande diversificação da empresa possivelmente a ajudará a manter um resultado resiliente.

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No primeiro trimestre, a JBS Beef North America foi responsável por 31,8% da receita total de R$ 90,8 bilhões da JBS, a Pilgrim’s Pride por 24,3% e a JBS Brasil por 15,7%. USA Pork e Seara vêm na sequência, responsáveis por 10,9% e 10,4% da receita da holding.

“Entendemos que a estratégia de diversificação da empresa, tanto no quesito de segmentos de atuação, quanto de atuação geográfica, pode amenizar parte do recuo das margens nos EUA”, diz o BBA. “Prevemos que a pegada e a diversificação de proteínas da JBS mostrarão sua força no trimestre, embora a melhora em outras operações não compense totalmente a queda na carne bovina dos EUA”, afirmam os analistas da XP Investimentos.

O Bradesco BBI, apesar de ver a JBS enfrentando dificuldades na US Beef, enxerga as margens desta frente ainda acima das médias históricas, além de esperar bons resultados da Pilgrim’s Pride e da Seara, com uma alta do preço do frango. O Bank of America, por fim, vê a JBS como o “player mais resiliente”, destacando que espera um bom trimestre para o setor de carnes bovinas no Brasil.

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A Eleven espera que a JBS entregue um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 11,2 bilhões. O Itaú BBA espera R$ 9,8 bilhões, bem como a XP. O BBI vê esse número ficando em R$ 9,7 bilhões e o BofA, em R$ 10 bilhões.

Para a Marfrig, as opiniões dos analistas são semelhantes: a companhia deve ter seus resultados piorando nos EUA, mas melhorando na América Latina.

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“Assim como na JBS, a margem Ebitda [Ebitda sobre receita líquida] da Marfrig na América do Norte deve cair 230 pontos-base no trimestre. Do outro lado, na América do Sul, a margem deve se recuperar para 7,9%, com preço das exportações melhorando com fortes volumes e menos gastos no Brasil, destaca o BofA.

Da receita líquida consolidada da Marfrig do primeiro trimestre, de R$ 22,3 bilhões, R$ 15,8 bilhões vieram da América do Norte e R$ 6,4 bilhões da América do Sul.

“Assim como as demais empresas com maior exposição ao mercado de carne bovina nos Estados Unidos, entendemos que a Marfrig deve reportar queda no resultado operacional na comparação anual”, pontua o Itaú BBA. “Apesar da rentabilidade da divisão continuar acima dos patamares históricos, o aumento no custo do gado na casa dos 18% deve ser o principal ponto detrator de margem para a empresa, assim como a queda de 13% nos preços de venda praticados no mercado dos frigoríficos”.

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Para essa companhia, o BofA espera um Ebitda de R$ 2,2 bilhões, bem como o BBI. O BBA vê a companhia tendo lucro operacional de R$ 2,3 bilhões, assim como a XP. A Eleven é a mais otimista, aguardando algo próximo a R$ 3,9 bilhões.

Minerva deve se beneficiar de exposição ao Brasil; M. Dias e BRF, de queda das commodities

A Minerva (BEEF3), por conta de todo esse cenário, é vista por algumas das casas como uma possível beneficiada: “Enxergamos que a maior exposição ao mercado brasileiro, dentre os frigoríficos citados, seja favorável para essa empresa nos resultados desse trimestre”, abre o Itaú.

O BofA e a Eleven têm uma opinião na mesma linha. “As exportações brasileiras de carne bovina foram muito fortes, com volumes e preços sólidos em dólares, enquanto os preços do gado ficaram praticamente estáveis”, diz o BofA. A Eleven por sua vez, defende que a reversão do ciclo do gado no Brasil, com menores gastos, junto com maiores vendas para o exterior devem se traduzir em “ganhos de margem”.

O BBA espera que a Minerva traga um Ebitda de R$ 734 milhões, o BofA, de R$ 700 milhões, e a Eleven, de R$ 545 milhões.

Por último, a BRF (BRFS3) e a M. Dias Branco (MDIA3) devem ser as mais beneficiadas por conta do recente recuo do preço dos produtos não manufaturados.

“Após reportar o menor nível de margem no primeiro tri, acreditamos que a BRF deixou o pior para trás, por conta de seus reajustes na cadeia de suprimentos”, afirma a XP Investimentos. “Embora tenhamos a previsão de que o alívio nos preços das commodities seja mais evidente a partir do terceiro trimestre, esperamos uma melhora na base sequencial”.

As casas destacam que a empresa deve ainda se beneficiar de sua grande exposição ao setor de aves, com destaque para os pedidos da Ásia, bem como da venda de carnes halal, voltada a países árabes.

A XP espera que a BRF traga um Ebitda de R$ 1,15 bilhão, e o Itaú BBA, de R$ 1,3 bilhão. A Eleven vê um lucro operacional de R$ 1,2 bilhão e o BBI, de R$ 1,09 bilhão. O BofA aguarda algo próximo a R$ 1,16 bilhão.

A M. Dias Branco, para os analistas, pode também ver a queda recente das commodities trazer mais impactos na próxima temporada – mas de qualquer forma, parte dos bancos vê a companhia sendo beneficiada pelo repasse de preços dos concorrentes, o que foi apontado pelo BofA, e por um “ambiente de consumo mais favorável”, mencionado pelo BBA.

A Eleven e o Bradesco BBI, no entanto, estão mais pessimistas para esta empresa. “Com um portfólio de produtos e presença geográfica mais sensíveis à renda, entendemos que são grandes os desafios que deverão ser enfrentados para recompor suas margens”, diz a Eleven. Já o BBI aponta que vê a companhia sofrendo com contração de margens.

O BBA vê o Ebitda da M. Dias em R$ 244 milhões e o BBI, em R$ 177 milhões. BofA espera R$ 89 milhões de lucro operacional e a Eleven, R$ 47 milhões.

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