Itaúsa (ITSA4) quer retomar patamar histórico de distribuição de proventos

CEO da holding que controla o Itaú Unibanco diz que espera mais dividendos de outras empresas investidas

Mitchel Diniz

Alfredo Setubal, CEO da Itaúsa (Divulgação)
Alfredo Setubal, CEO da Itaúsa (Divulgação)

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holding Itaúsa (ITSA4) quer distribuir entre 35% e 40% do lucro em proventos, retomando patamares históricos de payout (dividendo em relação ao lucro total). A afirmação foi feita por Alfredo Setubal, CEO e diretor de relações com investidores da empresa, durante teleconferência sobre os resultados do quarto trimestre de 2022.

A controladora do Itaú Unibanco (ITUB4) reportou lucro recorrente de R$ 3,36 bilhões no período, uma queda de 18,7% na comparação anual.

A empresa também anunciou que vai distribuir juros sobre  capital próprio (JCP) no valor de R$ 0,0773 por ação, até 31 de agosto deste ano.

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Durante a teleconferência, Setubal explicou que a Itaúsa tem a prática de repassar integralmente os dividendos que recebe do Itaú Unibanco e ao menos 25% do lucro líquido da holding em proventos. Mas admitiu que o payout da empresa está em um “vale”.

O CEO diz que a distribuição “generosa” de dividendos entre os anos de 2016 e 2019, do Itaú Unibanco, provocou uma distorção na curva de proventos.

“O banco distribuía entre 35% e 40% de seus resultados como proventos e agora vem distribuindo entre 25% e 27%, trazendo a Itaúsa para um patamar próximo de 31%”, explicou.

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Contudo, de acordo com Setubal, a tendência é que o payout retome os patamares históricos, com mais proventos de bancos e de outras empresas investidas, que estão reduzindo suas dívidas e concluindo ciclos de investimento. Para o CEO, um patamar entre 35% e 40% “é bastante bom para os acionistas”.

Setubal afirmou que o mercado precisa ver os resultados entrarem no caixa da Itaúsa para reduzir seu “desconto de holding”, hoje em torno de 19%.

“O desconto, que já foi de 25%, 26%, reduziu, mas ainda é alto”, avaliou o CEO.

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“A Itaúsa passou a ser uma empresa diferente, com gestão mais ativa de portfólio e mais investimentos”, afirmou.

Setubal explicou que a holding fez investimentos em empresas de capex elevado e ainda não se vê proventos maiores vindo dessas companhias.

“A medida que elas desalavancarem, com o final dos investimentos, acho que vamos passar a ter dividendos maiores e vamos desalavancar a própria holding.”

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Apesar do desconto considerado alto, a Itaúsa não tem planos de recomprar ações no momento.

“Nosso objetivo agora é desalavancar a holding, utilizar todos os recursos excedentes para antecipar pagamento de dívida, se possível. Recompra seria interessante diante do desconto, mas não está no nosso plano de realocação de capital no momento”, afirmou o CEO.

Desinvestimento na XP

A Itaúsa vendeu aproximadamente R$ 6 bilhões em ações da XP em 2022. A posição inicial da holding foi herdada, em 2021, da cisão da participação que o Itaú Unibanco possuía na empresa. Desde então, a Itaúsa tem desfeito essa participação, por querer se posicionar em empresas fora do setor financeiro.

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Com os recursos obtidos na venda de ações da XP no ano passado, a holding utilizou R$ 800 milhões no aumento de capital da Alpargatas (ALPA4), R$ 1,5 bilhão na aquisição de uma fatia da CCR (CCRO3), pagou dívidas e distribuiu JCP.

Setubal afirmou que apesar das qualidades da XP, a Itaúsa deve continuar se desfazendo de sua posição na companhia. “Não temos pressão para vender ações da XP no momento”, afirmou o CEO.

O executivo disse ainda que o ciclo de investimentos da Itaúsa, iniciado em 2017, foi praticamente concluído no final do ano passado, com a aquisição de participação na CCR.

“A conjuntura é adversa para tomada de risco e os juros muito altos para se ter retornos adequados. Não estamos pensando em fazer novos investimentos”, afirmou.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados