Itaú BBA rebaixa Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3) para venda por China e mercado interno

Real mais forte também foi mencionado pelos analistas do banco como motivo para o recálculo das recomendações; Gerdau segue top pick

Vitor Azevedo

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No dia em que o minério de ferro teve seu pior desempenho em nove meses, por conta da menor produção de aço e dados fracos na China, o Itaú BBA divulgou um relatório no qual rebaixa de neutra para underperform (abaixo da média do mercado, equivalente à venda) as ações da Usiminas (USIM5) e da CSN (CSNA3). Além da questão da economia do gigante asiático, o time de analisas do banco também menciona o mercado interno e a valorização do real.

O banco estipula ainda um preço-alvo de R$ 11 para as ações ordinárias da CSN, valor 13,5% abaixo do que o registrado no fechamento da última sexta-feira, e de R$ 7 para as preferenciais série A da Usiminas, downside de 7%.

“As empresas de aço e mineração estão altamente expostas a um crescimento global mais fraco, o que tem pressionado os preços tanto do minério de ferro quanto do aço nos últimos meses. Além disso, acreditamos que o mercado imobiliário na China, especificamente o espaço construído, não está respondendo às medidas de estímulo anunciadas desde o final de 2022”, fala a equipe do banco, liderada por Daniel Sasson.

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Após toda a questão da Evergrande no ano passado, o time destaca que as vendas de imóveis, bem como os preços, recuaram consideravelmente na China – com os impactos dos estímulos ainda se apresentando como limitados.

“A maioria das medidas incluídas no plano estão relacionadas ao financiamento e não às vendas, o que não se traduziu em uma melhora real na atividade imobiliária e, portanto, não contribuiu para a demanda geral por commodities”, debatem.

O BBA vê que, apesar do provável anúncio de novos estímulos, os impulsos devem ser limitados e que os principais programas do governo devem focar nas conclusões e nas vendas de imóveis, para ajudar as construtoras a refazer seus caixas, e não em novas construções. Mais do que isso, o temor do banco é que a fraqueza do setor imobiliário seja estrutural, com os anos dourados de significativa atividade imobiliária acabando.

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“Várias tendências podem contribuir para esse cenário, como uma população encolhendo e envelhecendo e a mudança para um crescimento de maior qualidade, baseado no consumo doméstico em vez de investimentos em imóveis e infraestrutura, com o governo pedindo a contenção da especulação imobiliária”, mencionam.

O time do Itaú BBA revisou sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) chinês de 5,7% para 5,4% em 2023. As expectativas para o preço do minério de ferro no ano acompanharam, saindo de US$ 118 a tonelada para US$ 110.

Mercado doméstico e real mais forte também são problemas para CSN e Usiminas

Quanto ao mercado doméstico, o Itaú BBA vê que as metalúrgicas nacionais operam com prêmios de 25% a 30% frente à paridade de importação internacional , acima do intervalo de 10% a 15% da media histórica. A dinâmica externa pode, então, levar a quedas internamente ou ao aumento das importações.

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“Na verdade, enxergamos também que a produção de aço pode aumentar no segundo semestre após as paradas de manutenção do primeiro”, falam, provavelmente em menção ao Alto Forno da Usiminas. “Isso, juntamente com a demanda ainda restrita e os fortes níveis de importação, poderiam levar a preços mais baixos do aço. Estamos considerando uma queda de 5% nos preços domésticos do aço plano no terceiro trimestre”.

O Itaú BBA vê as vendas da Usiminas para o mercado interno ficando estáveis em 2023 e as da CSN caindo 10% na base anual.

Por fim, o time também destaca que as mudanças nas recomendações refletem as alterações da dinâmica entre dólar e real. As metalúrgicas brasileiras acabam perdendo margem em suas exportações, uma vez que vendem em dólar, agora mais fraco, e têm gastos na moeda brasileira, agora mais forte.

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Para a Gerdau, que ficou com a recomendação estável em compra e seguiu como top pick do setor, a perspectiva é de um recuo de 2% – mantida, principalmente, por conta da operação da companhia nos Estados Unidos, país onde a demanda por aço segue aquecida por conta de pacotes de infraestrutura e resiliência no do setor industrial. O preço-alvo para as ações preferencias da metalúrgica é de R$ 31, upside de 18,5% ante o fechamento de sexta passada.

Em mineração, o banco também seguiu com outperform para a Vale (VALE3). “Apesar da nossa maior cautela quanto ao minério de ferro, mantemos nossa recomendação. Nós vemos um DCF [fluxo de caixa descontado] decente (27%), enquanto o EV/Ebitda [valor da empresa sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] esperado para 2023 ajustado em 3,8 vezes, o que parece barato tanto em base absoluta quanto comparado aos pares australianos. “Prevemos um rendimento de fluxo de caixa livre de 10% para 2023”, apontam os analistas.

O preço-alvo para os ADRs (recibo de ações negociados na Bolsa de Nova York) VALE é de US$ 17, ou um potencial de alta de 27% frente o fechamento de sexta-feira.

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