Ironia: problema de energia do Brasil está ligado à fonte barata, diz Financial Times

"É irônico que parte do problema do Brasil é que está abençoado com a barata e abundante energia das hidrelétricas"

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – De acordo com artigo publicado, nesta sexta-feira (29), no Financial Times, chega até a ser irônico o fato de os problemas energéticos brasileiros estarem ligados a um fator bom: a energia barata e abundante das hidrelétricas, que aumentam a demanda e ocasionam, por exemplo, especulações de racionamento pela falta de chuvas.

“É irônico que parte do problema do Brasil é que o País é abençoado com a barata e abundante energia das hidrelétricas”, disse o Financial Times, em artigo intitulado “Brasil espera cantar na chuva”.

Problema do gás

As hidrelétricas são responsáveis por 85% da oferta de energia, mas a construção de barragens é cara e demorada. Além disso, os projetos esbarram em dificuldades, como a licença ambiental.

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O artigo ainda diz que o Brasil só desenvolveu um terço do potencial de hidrelétricas e, então, precisa recorrer às termelétricas, que esbarram em outro problema: o fornecimento da Bolívia.

O maior fornecedor brasileiro de gás natural é a Bolívia, mas desde que La Paz nacionalizou a indústria, em 2006, os investimentos em energia térmica pararam. O país vizinho da América do Sul ainda quer dividir parte da energia que é dada ao Brasil com a Argentina.

Racionamento ou não?

O artigo afirmou que a última vez que o Brasil introduziu o racionamento de energia, o governo foi derrubado. “Durante 2001 e 2002, a combinação de pouca chuva e má administração forçou os distribuidores a limitar o fornecimento para consumidores residenciais e comerciais”.

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A administração do presidente Fernando Henrique Cardoso ficou marcada como o “governo do blackout” e o político foi derrotado nas eleições de 2002. O governo de seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, tenta evitar a impressão de que o apagão poderá acontecer novamente.

“Nós podemos dizer que qualquer possibilidade de racionamento de energia este ano pode ser descartada, e nós estamos preparados para 2009″, disse o presidente do ONS (Operador Nacional do Sistema), Hermes Chipp.

Outros discordam. Em uma recente pesquisa para clientes, Rowe Michels e seus colegas do Bear Stearns alertaram: “as próximas semanas e meses serão críticos. Se os reservatórios não encherem o suficiente para abastecerem o país na época mais seca (entre maio e outubro), algumas medidas preventivas de racionamento deverão ser implantadas até maio em um cenário ruim”.

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