IRB (IRBR3) realizará oferta restrita de ações de até R$ 1,199 bi após desenquadramento regulatório

Empresa pretende utilizar recursos da oferta restrita prioritariamente para regularização dos indicadores regulatórios estabelecidos pela SUSEP

Felipe Moreira Lara Rizério

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Como já especulado pelo mercado com a persistência do desenquadramento regulatório do IRB (IRBR3), o Conselho de Administração do ressegurador anunciou ter aprovado, na quarta-feira (24), a realização da oferta pública subsequente de distribuição primária de ações ordinárias de emissão da companhia.

A oferta consistirá na distribuição pública primária de, inicialmente, 597.014.925 novas ações, com esforços restritos de colocação, a ser realizada no Brasil, com esforços de colocação no exterior.

Com base na cotação de fechamento das ações de emissão da companhia na B3 nesta quarta-feira (24) de R$ 2,01, a oferta totalizaria R$ 1,199 bilhão.

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Porém, o valor é meramente indicativo. O preço por ação será definido na próxima quinta-feira (1) após a realização do procedimento de bookbuilding. Já as novas ações começam a negociar em bolsa no dia 5 de setembro de 2022.

A quantidade de ações inicialmente ofertada poderá, a critério da companhia, em comum acordo com os coordenadores da oferta, ser acrescida em até 200% do total de ações inicialmente ofertadas, ou seja, em até 1.194.029.850 novas ações de emissão do ressegurador.

Considerando o limite de capital autorizado previsto no estatuto social da empresa, a emissão de ações adicionais poderá ocorrer caso haja excesso de demanda a um preço por ação inferior ao indicado no fato relevante de R$ 2,01, mas sempre de maneira que o aumento de capital social observe o limite de cerca de R$ 1,2 bilhão, destacou a empresa em comunicado. “O preço por ação não é indicativo do preço que prevalecerá no mercado após a conclusão da oferta restrita, podendo ser alterado para mais ou para menos após a conclusão do Procedimento de Bookbuilding”, reforçou.

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Ou seja, a companhia prevê a possibilidade de um desconto significativo no preço dos ativos caso os coordenadores da emissão não encontrem demanda.

O IRB pretende utilizar os recursos líquidos da oferta restrita prioritariamente para regularização dos indicadores regulatórios estabelecidos pela SUSEP, como já tinha sido sinalizado pela companhia. “Após a referida regularização, caso haja recursos excedentes, a companhia pretende alocá-los para fins corporativos gerais, notadamente, crescimento orgânico da companhia frente a oportunidades de negócios existentes e para pagamento de passivos contingentes, incluindo aqueles que podem surgir de acordos com as autoridades norte-americanas.”

A oferta será coordenada pelo o Banco Bradesco BBI, Itaú BBA e Santander Brasil.

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Por fim, o ressegurador informa que não será admitida a distribuição parcial no âmbito da oferta restrita. Assim, caso não exista demanda para a subscrição da totalidade das ações inicialmente ofertadas até a data da conclusão do procedimento de bookbuilding, nos termos do contrato de colocação, a oferta restrita será cancelada.

Em 15 de agosto, a companhia informou o seu resultado do segundo trimestre com um prejuízo líquido de R$ 373,3 milhões no período, crescimento de 80,4% frente à perda registrada um ano antes, com o balanço mostrando desenquadramento em indicadores regulatórios.

A companhia registrou insuficiência do patrimônio líquido ajustado em relação ao capital mínimo requerido no montante de R$ 614 milhões. Também houve não enquadramento da cobertura de provisões técnicas e liquidez regulatórias de R$ 730 milhões.

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Na ocasião, o IRB enviou à Superintendência de Seguros Privados (Susep), que regula o setor, um plano de recuperação de solvência para reenquadrar companhia e que já havia uma aprovação prévia para um aumento de capital de até R$ 1,2 bilhão. Em teleconferência pós-divulgação dos balanços, os executivos da companhia destacaram que o plano deveria ser executado em até três meses.

As projeções seguem nebulosas para a companhia. O Citi reduziu na véspera o preço-alvo de R$ 2,40 para R$ 1,60, mantendo recomendação de venda das ações, destacando que a companhia está novamente enfrentando problemas de capital e segue sem visibilidade sobre a rentabilidade a longo prazo.

Limite de aluguel de ações

As ações da companhia caem 50% no ano. Cabe ressaltar que, na véspera, as ações do IRB estiveram muito perto do limite de posições alugadas, de 25% do free float (ações em circulação do mercado), com muita demanda de investidores para “shortear” (tomar posições vendidas, apostando na queda) o papel.

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A taxa cobrada para empréstimo das ações da resseguradora disparou em cerca de um mês, de 20% para 45%.

Após o fechamento do mercado, a B3 elevou de 25% para 30% do free float o limite para o aluguel de ações, enquanto cortou de 35% para 30% o limite para opções com papéis da companhia. No comunicado, a B3 informou ter tomado a medida para atender ao aumento da demanda por operações em um mercado específico.

Segundo a Bolsa, se o novo limite for atingido vai interromper o registro de novos contratos e determinar o encerramento de operações para que o limite inicial volte a ser respeitado.

Na semana passada, a gestora Squadra, responsável por revelar as fraudes contábeis do IRB em fevereiro de 2020, que culminaram com uma queda das ações na Bolsa de mais de 90% desde então, destacou que, no primeiro semestre de 2022 continuou a deter uma posição short na empresa. Contudo, em um tamanho muito menor devido à queda de valor de mercado.

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