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SÃO PAULO – A inflação nos Estados Unidos atingiu seu patamar mais alto desde 2008. O índice de preços ao consumidor (CPI dos EUA) subiu 0,6% em maio e 5% na base anual. No mesmo período em 2008, o indicador subiu 5,3%.
O dado gera preocupações em alguns investidores, já que a alta dos preços pode pressionar o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) a elevar a taxa de juros antes do esperado em uma tentativa de segurar a pressão inflacionária.
“Esse cenário de inflação e juros mais altos mexe muito, principalmente no curto prazo, com o preço dos ativos. Isso por que o mercado analisa: qual empresa é mais afetada por um ambiente de juros mais altos? É aquela que está focando em crescer e desenvolver o seu negócio no presente, projetando o lucro no longo prazo”, explica Gustavo Aranha, sócio da Geo Capital.
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Em live no Instagram do InfoMoney, o especialista afirma que essas empresas trazem menos segurança, no curto prazo, porque veem o seu P/L, ou seja, a relação entre o preço atual de uma ação e o lucro por ação acumulado nos últimos 12 meses, aumentar.
Isso porque o lucro esperado pelo mercado para esses ativos na perpetuidade, que é considerado no cálculo do múltiplo, tende a ser maior em um cenário de juros mais altos do que nos níveis atuais, tendo em vista que o custo de oportunidade da renda fixa americana livre de risco será mais atraente.
“Um P/L alto, nesse momento, significa que o mercado tem expectativas altas para o papel, mas também indica que o valor necessário a ser pago pelo lucro gerado no futuro é mais alto e que o fluxo de caixa dessa empresa está mais longe de se concretizar.”
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Assim, em um cenário com expectativa de juros mais altos, significa dizer que o preço pago pelo ativo dessa ação automaticamente ficará mais caro, diz Aranha. Enquanto isso, empresas com um P/L baixo não precisam crescer muito para serem ações lucrativas para a carteira. “É como se elas tivessem o fluxo de caixa mais perto do bolso, gerando maior segurança no momento”, explica.
Dessa forma, para os investidores que estiverem alocados nos EUA, Aranha aconselha focar em empresas que sejam estruturadas e já possuam geração de caixa. As gigantes Alphabet (GOGL34), Apple (AAPL34), Berkshire Hathway (BERK34) e Disney (DISB34) estão na carteira da Geo Capital.
O profissional também acredita que, se os investidores apostarem no longo prazo, a preocupação com o preço atual dos ativos não deve ser tão grande. “Com a inflação e juros altos, o preço da companhia parece caro, mas como essa empresa fica em cinco anos? Se no longo prazo essa companhia apresenta um caminho lucrativo e saudável, o investimento pode ser feito sem grandes riscos.”
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Perspectivas
A alta de juros na maior economia do mundo pode desencadear uma fuga de capital de países como o Brasil. Isso porque os títulos públicos dos EUA, juntamente ao ouro, são os ativos mais seguros do mercado.
Ruy Alves, gestor de macroeconomia da Kinea Investimentos, também participou da live e explicou que, em um cenário de incerteza, os investidores procuram por segurança em seus portfólios.
Assim, por ser a maior economia global, a projeção de quebra dos EUA é muito baixa. E se a taxa de juros aumenta, o retorno oferecido pelos títulos norte-americanos fica mais atrativo, gerando maior procura e migração de capital para o exterior, diz o gestor da Kinea.
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Nesse cenário, o câmbio também deve ser afetado. “A procura por dólar vai aumentar e os nossos investimentos ficarão um pouco menos atrativos, tanto a nossa renda fixa quanto a renda variável. E o mercado de ações vai ter que se acostumar com isso”, finaliza Alves.
E Agora, Ana?
O programa “E Agora, Ana?” vai ao ar às quartas-feiras, às 12h, no Instagram do InfoMoney. A série de lives, apresentada pela especialista em investimentos Ana Laura Magalhães, convida gestores, analistas e economistas para trazer informação relevante para o investidor brasileiro se posicionar nos mercados local e internacional.
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