Início do fim ou desespero? Visões a respeito do socorro a Fannie Mae e Freddie Mac

Embora maior parte do mercado esteja eufórica, alguns analistas ressaltam que ajuda somente revela profundidade da crise

Publicidade

SÃO PAULO – Não obstante os calos deixados pelos prejuízos com a crise do subprime, os mercados globais deixam-se embalar pela euforia com o socorro às agências de crédito imobiliário Fannie Mae e Freddie Mac. Para além do alívio, alguns analistas pintam um cenário bem menos favorável no médio prazo.

Muitos agentes apostam na operação como um marco histórico, um primeiro sinal de que a crise do subprime caminha para seu fim. Em efeito cascata, a garantia do governo que é paradigma em relação ao risco de inadimplência seria capaz de debelar os temores de colapso do sistema financeiro.

A virada

Em linha com as expectativas mais otimistas do mercado, a equipe de analistas do Société Générale não deixa margens para dúvidas a respeito de sua opinião, uma vez que as medidas devem “reduzir tremendamente as incertezas nos mercados financeiros, promover a liquidez no mercado imobiliário e prover grande disponibilidade de financiamentos hipotecários à frente”.

Continua depois da publicidade

A ruptura da demanda por imóveis, associada à desaceleração econômica e ao encarecimento do crédito, fez com que o valor das propriedades despencasse, levando muitos cidadãos norte-americanos à inadimplência em suas hipotecas – o que aumentaria ainda mais o custo de novos financiamentos.

Para os analistas do banco francês, mesmo que a maior confiança transmitida pela ação estatal não se repercuta em queda do spread de ativos lastreados por hipotecas, a ação do Tesouro dos EUA como comprador destes papéis deverá reduzir o valor das taxas cobradas, facilitando o processo de capitalização das companhias.

Desconfiança

Nem todos os estudiosos parecem convencidos, no entanto, de que este processo virtuoso ocorrerá no longo prazo. Embora admita que a maior influência do governo norte-americano sobre o mercado das famigeradas Mortgage Backed Securities é positiva, os analistas do banco Commonwealth são céticos.

Continua depois da publicidade

Primeiramente, questionam a euforia com as medidas, pois nada mais são que reflexo da dispersão e profundidade dos problemas enfrentados pelos EUA. Ademais, esperam por incremento do fluxo negativo de notícias relacionadas ao crédito, paulatinamente à quebra da atividade econômica no país.

Em relatório que rebaixou a recomendação para os papéis de Fannie Mae e Freddie Mac, os analistas do Citi afirmaram que “[As medidas] esclarecem as intenções de curto prazo do governo: as empresas patrocinadas não mais deverão ser administradas com estratégias para maximizar os rendimentos dos acionistas comuns”.

Quem paga a conta?

Ações governamentais de ajuda a setores específicos sempre causam enorme polêmica. A ajuda, no entanto, possui limite temporal – dezembro de 2009 -, quando a autorização concedida ao Tesouro para a operação será encerrada. A partir deste momento, as empresas passarão a realizar pagamentos trimestrais, ressarcindo em parte os contribuintes norte-americanos.

Continua depois da publicidade

No entanto, “o verdadeiro custo do programa será determinado pela saúde remanescente dos ativos imobiliários”, afirmam os analistas do Société Générale, pois a aquisição dos títulos relacionados a hipotecas poderá, inclusive, resultar em ganhos líquidos para o erário público dos EUA.

A indefinição da real natureza do relacionamento do Estado norte-americano e as duas companhias – até então, privadas, mas “patrocinadas” pelo governo – também é apontada como um problema a ser enfrentado até dezembro de 2009. No entanto, para Henry Paulson – secretário do Tesouro -, isto é tarefa para o próximo governo.

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.