Indicador econômico mostra forte desconto, mas Bolsa está “desinteressante” até 2017

Com base no "Q de tobin", economistas da LCA apontam que o ponto do mercado estaria atrativo, mas não mudam "recomendação" para o Ibovespa

Lara Rizério

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SÃO PAULO – As perspectivas para o Ibovespa não são vistas como muito animadoras pela LCA Consultores. As projeções dos economistas da consultoria para a evolução do mercado acionário brasileiro não são muito “brilhantes” e, no cenário básico, não encorajam a aplicação na renda variável local, uma vez que ela sequer pagará o retorno da renda fixa, expondo o investidor a toda sorte de riscos no processo, apontam.

“Em um cenário com um pouco mais de juro e um pouco mais de risco, a expectativa é de retorno efetivamente negativo até 2017”, ressaltam os consultores.

Porém, destacam, há uma outra forma de analisar o mercado acionário de forma agregada: é através da estimação de um Q de Tobin para o Ibovespa. O Q de Tobin é a razão entre o valor de mercado de uma companhia e o seu patrimônio líquido. Como a consultoria explica, é a relação entre o preço do capital “pronto”, a compra do capital da companhia no mercado acionário, e o custo de se construir um capital novo, ou o seu patrimônio líquido. 

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E, a partir do cálculo desta razão, a LCA obteve que o Q de Tobin do Ibovespa chegou ao final do 1º trimestre significativamente abaixo de sua média histórica, de 1,26, para cerca de 1. Este resultado poderia significar algum alento ao mercado, uma vez que mostraria que os preços estariam descontados demais.

Já do ponto de vista macroeconômico, este resultado pode significar um alento às perspectivas para o investimento, avaliam. Assim, se o conjunto das companhias abertas for uma boa aproximação para o conjunto das empresas brasileiras, está mais interessante construir capital novo que adquiri-lo pronto, ressaltam. 

Vale ressaltar que esse indicador varia bastante ao longo dos tempos: entre 2002 e 2003, estava abaixo de 1,0, já que o mercado estava pessimista em relação a rentabilidade das companhias. Conforme o bull market brasileiro surgia, com a queda do juro real, aceleração de crescimento e desaceleração da inflação, o indicador avançava ainda mais: até atingir cerca de 2,5 em 2007, na expectativa pelo grau de investimento. 

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Q de Tobin

Agora, mesmo com a relação em cerca de 1 atualmente, o resultado não basta para que os economistas da consultoria mudem as perspectivas para a bolsa. “Sob as perspectivas atuais de crescimento e evolução do risco, o mercado acionário continuará desinteressante, rendendo menos que a renda fixa”, avalia. 

De acordo com relatório do final de abril, a LCA estimou cenários para o Ibovespa, projetando que o índice termine este ano em 53.100 pontos e o ano que vem em 56.800 pontos. Para a consultoria, uma recuperação mais pronunciada viria apenas após 2016, movida, principalmente, pela melhora na atividade e pelo recuo da percepção de risco.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.