Ilan nega influência direta de volatilidade no cenário global sobre política cambial

"Nossas decisões consideram as condições externas apenas naquilo em que elas afetam o cenário da inflação brasileira", disse o presidente do BC

Estadão Conteúdo

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Apesar da avaliação de que o cenário global se tornou mais volátil e desafiador, o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disse nesta terça-feira, 22, que não existe uma “relação mecânica” entre as condições externas e a política monetária conduzida pela autarquia.

Em uma palestra proferida em encontro do Pátria Investimentos, Goldfajn afirmou que as intervenções do BC no câmbio derivam de decisões separadas da condução na política monetária.

Segundo o presidente do BC, as condições externas, por si só, não são determinantes nas decisões de política monetária, mas são incluídas nas previsões de inflação e no conjunto de informações analisadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

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“Nossas decisões de política monetária sob o regime de meta de inflação consideram as condições externas apenas naquilo em que elas afetam o cenário da inflação brasileira”, disse Goldfajn. O evento foi fechado à imprensa, mas o BC divulgou os comentários feitos na palestra.

O presidente do BC avaliou que a valorização do dólar é um movimento global que reflete a alta dos juros nos Estados Unidos, mas que também tem influências domésticas. Nesse ponto, Goldfajn não abordou os fatores internos que motivaram o salto da moeda americana nas últimas semanas.

Citando a situação que classificou como confortável das contas externas, com baixo déficit nas transações correntes, alta nos investimentos estrangeiros e as reservas internacionais de US$ 380 bilhões, ele disse que o Brasil está hoje menos vulnerável a choques externos. Ressaltou ainda que o risco país caiu significativamente nos últimos dois anos, ao sair de aproximadamente 500 pontos no início de 2016 para os cerca de 190 pontos atuais.

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Eleições

Solicitado a falar sobre as eleições de outubro, Goldfajn disse que a autarquia, por ser uma instituição técnica, tenta não se envolver em assuntos políticos e, por isso, não discutiria questões eleitorais. Ainda assim, ele sustentou que o cenário-base do BC pressupõe a continuidade da agenda de reformas e ajustes econômicos no próximo governo.

“Não vou discutir questões eleitorais. Apesar disso, devo expressar que é importante persistir no caminho das reformas”, disse Goldfajn.

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Durante o encontro, Goldfajn reforçou a avaliação do Copom de que a manutenção da atual taxa básica de juros, de 6,5% ao ano, é apropriada para as próximas reuniões do colegiado.

Ao reconhecer que os últimos indicadores mostram uma desaceleração da atividade econômica – num contexto de retomada gradual da economia -, o presidente do BC ressaltou que as condições econômicas atuais prescrevem a Selic abaixo da taxa de juros estrutural, aquela que permite crescimento sem pressão inflacionária.

Dada a ociosidade atual da economia, ele observou que revisões marginais sobre o ritmo da atividade não devem provocar mudanças importantes nas previsões sobre a inflação. “Nesse contexto, a inflação tende a retornar gradualmente à meta à medida que a economia se recuperar”, comentou Goldfajn.

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Ele afirmou ainda, durante o evento do Pátria, que a redução do custo do crédito no Brasil está acontecendo mais lentamente do que o BC gostaria. Frisou, porém, que uma série de medidas implementadas ou a serem tomadas pela autarquia vão atacar os juros altos no Brasil. Entre as ações do BC, ele citou a liberação de depósitos compulsórios, o cadastro positivo e a Taxa de Longo Prazo (TLP), que, conforme Goldfajn, ajudará a reduzir a taxa de juros estrutural da economia ao diminuir os subsídios nos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

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