Ibovespa tem maior queda mensal desde fevereiro de 2019 e dólar tem maior alta para janeiro em 10 anos

Investidores estão preocupados com a reabertura das bolsas chinesas, que fecharam por uma semana inteira por causa do coronavírus

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)
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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira (31) e terminou janeiro com um forte recuo de 1,63%, o primeiro após quatro altas e a maior baixa mensal desde fevereiro de 2019, quando o índice registrou perdas de 1,86%. Foi também a maior queda do Ibovespa para um mês de janeiro desde 2016, quando o benchmark caiu 6,79%.

Já o dólar subiu 6,8% neste mês, registrando sua maior alta para um mês de janeiro em 10 anos. Foi também a maior alta mensal desde agosto de 2019, quando a moeda dos Estados Unidos teve alta de 8,76%.

Apesar da recuperação das bolsas na véspera após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar o coronavírus uma emergência global, o Ibovespa voltou a cair hoje, com os investidores preocupados com a reabertura das bolsas chinesas na segunda-feira (3).

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Os mercados da China estiveram fechados essa semana inteira por conta do surto de coronavírus, de modo que todo o impacto sofrido nas bolsas mundiais nos últimos dias pode ser sentido de uma vez só na bolsa de Xangai após o fim de semana.

O Ibovespa caiu 1,53%, aos 113.760 pontos nesta sexta com volume financeiro negociado de R$ 23,937 bilhões.

Enquanto isso, o dólar comercial subiu 0,63% a R$ 4,2851 na compra e R$ 4,2858 na venda, marcando nova máxima histórica. O dólar futuro com vencimento em fevereiro teve alta de 0,58% a R$ 4,269.

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No mercado de juros, o DI para janeiro de 2022 registrou ganhos de quatro pontos-base a 5,01%, o DI para janeiro de 2023 avançou três pontos, a 5,53% e o DI para janeiro de 2025 ganhou também três pontos-base a 6,24%.

Hoje, novamente as atenções se voltaram aos novos números vindos da China, onde o governo atualizou para 9.600 o número de pessoas atingidas pelo coronavírus, com 217 mortes. As bolsas da Ásia fecharam sem direção definida, om Tóquio em alta, mas Seul e Hong Kong em baixa, enquanto em Wall Street os índices futuros registram perdas de cerca de 0,5%.

O governo chinês divulgou esta manhã os índices PMI da indústria e dos serviços em janeiro, mas eles vieram dentro das projeções dos mercados, informam CNBC e CNN. A avaliação é que o surto terá impacto em cheio nos índices de fevereiro.

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Indicadores econômicos

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) contínua relativa a dezembro do ano passado, com o resultado caindo de 11,2% para 11,0% – menor dado desde março de 2016 -, ficando em linha com o que era esperado pelos analistas consultados pela Bloomberg.

Ainda no Brasil, as contas do setor público consolidado, que englobam o governo federal, estados, municípios e empresas estatais, registraram um déficit primário de R$ 61,872 bilhões em 2019 (0,85% do PIB), segundo o Banco Central. Com isso, a meta fiscal para o ano passado foi formalmente atingida.

Já na União Europeia, o Eurostat divulgou o PIB do quarto trimestre da Zona do Euro, bem como a prévia da inflação de janeiro nos 19 países.

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O Produto Interno Bruto cresceu 0,1% no quarto trimestre de 2019 ante o terceiro trimestre, segundo dados preliminares divulgados hoje pela Eurostat, a agência de estatísticas da União Europeia. O resultado ficou abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam alta de 0,2% no período.

Infraestrutura

Em março, Bolsonaro fará uma viagem a Miami para assinar dois acordos com o governo dos Estados Unidos: um deles, para parcerias entre indústrias dos dois países na área da Defesa; o outro, para que o Brasil seja incluído no programa “América Cresce”, de investimentos de Washington em infraestrutura e energia na América Latina e no Caribe. Argentina e Chile já participam deste programa, informa coluna do jornal O Globo. O objetivo do “América Cresce” é limitar a expansão chinesa na região.

Noticiário corporativo

A BR Distribuidora informou ontem que recebeu o valor de R$ 37,4 milhões da estatal Eletrobras, referente a uma dívida que a empresa e suas subsidiárias têm com a companhia. Segundo a BR – que não informou qual é o valor total da dívida – a Eletrobras e suas subsidiárias já pagaram R$ 4,2 bilhões. Já a operadora de telefonia Oi, que está em recuperação judicial, comunicou ao mercado que venderá um imóvel pelo preço de R$ 120,5 milhões, localizado no bairro do Botafogo, Rio de Janeiro.

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Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
TOTS3 2.3934 74.44
JBSS3 2.30056 27.57
YDUQ3 1.35781 53
COGN3 1.13142 11.62
MRFG3 0.73937 10.9

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
VVAR3 -3.89078 14.08
HGTX3 -3.72237 24.83
NTCO3 -3.65679 47.16
BTOW3 -3.62162 71.32
CCRO3 -3.45745 18.15

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) instaura processo sobre práticas JBS, BRF com preço de milho. A investigação baseia-se em falas na qual os CEOs da JBS, Gilberto Tomazoni, e da BRF, Lourival Luz, disseram que para compensar impacto da disparada do milho no mercado doméstico, o preço será repassado ao consumidor. BRF afirmou em nota que atua de forma ética e íntegra em todos os negócios; JBS disse que rechaça qualquer alegação de prática de cartel.

A oferta de 54 milhões de ações da Positivo movimenta R$ 353,7 milhões. No radar da Vale, a Litela reduziu participação acionária, passando a ter 10,13%.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.