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O Ibovespa fechou em alta de 0,20% nesta quarta-feira (14), aos 103.745 pontos. Após recuar durante a maior parte do dia, com pressão do cenário político local, o principal índice da Bolsa brasileira conseguiu se recuperar na última hora do pregão e se descolou do que foi visto no exterior.
Segundo especialistas, há algumas diferentes explicações para justificar a performance do Ibovespa na reta final – isso após o benchmark brasileiro ter caído mais de 1,5% durante a manhã, com impacto de mudanças aprovadas na Câmara sobre a Lei das Estatais.
As estatais, apesar da recuperação do índice, ficaram entre as maiores quedas da Bolsa brasileira. As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4) recuaram, respectivamente, 9,80% e 7,93%. Os papéis do Banco do Brasil (BBAS3), por sua vez, caíram 2,48%.
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“No Brasil, a agenda política continua sendo foco dos investidores. Fernando Haddad deu uma entrevista no meio da tarde que deu um pouco de respiro para o mercado”, explica Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais.
Entre as falas do futuro ministro da Fazenda consideradas positivas, uma sinalização de compromisso fiscal e de respeito à independência do Banco Central brasileiro. Ele também disse que o Brasil não está em um momento em que uma expansão fiscal ajudaria a economia. Do outro lado, a menção a uma possível intervenção na petroleira estatal ajudou a puxar o preço dos papéis ainda mais para baixo. Já do lado positivo para a estatal, embora a Lei das Estatais esteja sendo flexibilizada, defendeu atuação independente de órgãos de controle para evitar novos escândalos de corrupção na Petrobras.
Já Marcelo Oliveira, sócio-fundador da Quantzed, afirma que a movimentação final do índice pode ter se tratado apenas de um movimento técnico. “Tivemos vencimento de opções e vencimento de índice. Pessoal não rolou suas posições e teve que zerar a mercado. O movimento começou após as 15h, que é exatamente a hora que começa o ajuste em dia de vencimento de contrato futuro de índice”, justifica.
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De qualquer forma, o índice brasileiro ficou na contramão dos americanos. Em Nova York, o Dow Jones recuou 0,42%, o S&P 500, 0,61%, e o Nasdaq, 0,76%. Por lá, a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) levou investidores a um certo nível de pessimismo.
“Como esperado, o Federal Reserve subiu a taxa de juros em 50 pontos-base, levando os juros para um intervalo de 4,25% a 4,5%. Ou seja, um passo um pouco menor do que vínhamos tendo nas últimas reuniões, quando as altas foram de 75 pontos”, diz Fabio Fares, especialista em análise macro da Quantzed. “Porém, apesar da decisão unânime, o que assustou o mercado foi a sinalização de que os membros acreditam que a taxa deve ficar acima de 5,125% no ano que vem, quando o esperado era 4,9%. Ou seja, temos um tom mais duro no discurso”.
Segundo os especialistas, Jerome Powell, presidente da instituição monetária americana, transpareceu que não há pressa em subir os juros e que o Fed continuará seguindo seu compromisso de controlar a inflação.
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“O grande problema, segundo ele, é a inflação de serviços, que continua pressionada, com o risco de subir mais, por conta do mercado de trabalho extremamente aquecido. Então, o Powell afirma a necessidade de continuar apertando as condições monetárias até a gente ter o balizamento de tudo trazendo a inflação para a meta”, comenta Fares.
A fala de Powell, junto com o cenário político local conturbado, pressionou a curva de juros brasileira. Os DIs para 2025 ganharam 25 pontos-base, a 13,85%, e os para 2027, 26,5 pontos, a 13,62%. Os DIs para 2029 foram a 13,57%, com mais 23 pontos.
“O Fed cumpriu sua intenção de aperto de juros, apesar de um aperto menor. Isso é repassado para países emergentes”, diz Benedito. “Apesar de o Brasil ter registrado hoje, no IBC-Br, um proxy do PIB, um número menor do que o esperado, ainda há expectativas de crescimento para esse ano e para o próximo maior do que no começo do ano. Isso eleva também a expectativa de inflação e ajuda a pressionar os DIs por aqui, junto com a pressão que vem de fora”.
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O dólar caiu 0,27% frente ao real, negociado a R$ 5,300 na compra e a R$ 5,301 na venda, seguindo a movimentação do exterior – o DXY, que mede a força da moeda americana frente a outras divisas de países desenvolvidos, recuou 0,34%.
Entre as maiores altas do Ibovespa, ficaram as ações ordinárias da SLC Agrícola (SLCE3), com mais 6,33%, da Usiminas (USIM5), com mais 5,50%, e as da Méliuz (CASH3), com mais 7,02%.
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