Ibovespa cai pela quarta sessão seguida e acumula baixa de 2,7% na semana; Wall Street teve pior desempenho em três meses

Humor dos investidores azedou com novas indicações de desaceleração da economia global, às vésperas de decisão de juros nos EUA e no Brasil

Mitchel Diniz

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O Ibovespa registrou sua quarta sessão consecutiva de queda nesta sexta-feira (16). Na mínima do dia, chegou a perder o patamar dos 109  mil pontos, com ações de peso no terreno negativo ou apresentando ganhos moderados, incapazes de dar fôlego ao benchmark da Bolsa brasileira. Os índices de Wall Street, também em baixa, influenciaram negativamente os negócios por aqui.

Os números preliminares da empresa de logística americana FedEx no trimestre encerrado em agosto vieram abaixo das expectativas do mercado. A empresa afirmou que os resultados foram impactados por uma queda no volume de negócios e disse esperar um cenário pior pela frente.

O dado aumentou temores sobre uma desaceleração econômica, derrubou as ações da FedEx e azedou o humor do investidor, a poucos dias da reunião de política monetária do Banco Central dos Estados Unidos. Na terça-feira que vem, o Federal Reserve inicia o encontro em que deve elevar os juros do país mais uma vez. No monitor de juros do CME Group, 84% das apostas apontam para uma elevação de 75 pontos-base e 16%, para uma alta de 1 ponto percentual.

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O Ibovespa fechou a sexta-feira em queda de 0,61%, aos 109.280 pontos. O volume negociado na sessão, marcada pelo exercício de opções sobre ações, ficou em R$ 39,3 bilhões. Na semana o Ibovespa acumulou queda de 2,69%.

“A gente tem caminhado só discutindo política monetária e inflação. Consequentemente, quando se aproxima desses eventos, os investidores realizam, ajustam posição para não ficar tão expostos. Ninguém quer dormir comprado no fim de semana com o mundo tão instável”, afirma Matheus Spiess, analista da Empiricus.

O dólar voltou a subir. No comercial, a moeda americana fechou em alta pela segunda sessão consecutiva, avançando 0,38%, a R$ 5,259 na compra e na venda. Na semana, subiu 2,15%. O dólar também se destacou em relação a outras divisas. A libra esterlina terminou a sessão de hoje abaixo de US$ 1,14 pela primeira vez em 37 anos.

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Nos juros futuros, faltando poucos dias também para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária, os contratos recuaram nos vencimentos de maior liquidez. O DIF25 caía sete pontos no after market, a 12,04%, enquanto o DIF27 e o DIF29 recuavam dez e seis pontos, respectivamente.

Em Wall Street, as Bolsas tiveram a pior semana em três meses. O Dow Jones fechou a sexta-feira em baixa de 0,45%, aos 30.822 pontos, enquanto o S&P 500 e a Nasdaq recuaram, respectivamente, 0,72% e 0,90%. Hoje também foi dia de vencimento de opções nos Estados Unidos.

“O mercado considera que a Bolsa só está precificando a subida de juros [pelo Fed], ainda vai ter todo um momento de revisão de receita e lucro das empresas para baixo”, explica Felipe Cima, operador de renda variável da Manchester Investimentos. Ele explica que posições vendidas em S&P 500 virou quase um “call de consenso”.

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O sentimento de aversão ao risco cruzou o oceano afetando ações na Europa e na Ásia. A inflação da Zona do Euro atingiu 9,1% em agosto, conforme mostrou o índice de preços ao consumidor. Na China, mesmo com dados da indústria e varejo surpreendendo positivamente, as Bolsas também fecharam o pregão de sexta-feira em baixa, com temores sobre a desaceleração global.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados