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Ibovespa cai 1,54%, com risco fiscal e impacto do caso da Americanas (AMER3); dólar sobe 0,83%

Caso Americanas, aumento do salário mínimo e isenção do IPI foram principais triggers negativos para mercado brasileiro nesta segunda-feira

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em queda de 1,54% nesta segunda-feira (16), aos 109.212 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira foi impactado majoritariamente por questões internas, uma vez que no, no exterior, as Bolsas norte-americanas estavam fechadas por conta do feriado de Martin Luther King.

Por aqui, o mercado repercutiu, por mais um dia, o caso das inconsistências contábeis da Lojas Americanas (AMER3). Na última sexta, a varejista entrou com um pedido na justiça para evitar um bloqueio de bens e recursos, o que foi contestado por instituições financeiras.

“Os grandes bancos que emitiram dívidas dívidas para a Lojas Americanas, com esse aumento de risco de inadimplência, vão ter que começar a provisionar isso nos balanços, o que diminui suas rentabilidades”, pontua Luiz Souza, broker de renda variável da SVN Investimentos.

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Entre as maiores quedas do Ibovespa por peso, com isso, ficaram justamente os papéis de alguns grandes bancos: as ações preferenciais do Bradesco (BBDC4) caíram 3,07%, as units do Santander (SANB11), 4,11%, e as preferenciais do Itaú (ITUB4), 1,08%. Já o BTG (BPAC11) recuou 3,38%, a  R$ 21,46.

As ações ordinárias da própria Americanas (AMER3), por sua vez, recuaram 38,41%.

“A empresa emitiu um fato relevante informando que foi concedida uma Tutela de Urgência, suspendendo por 30 dias o vencimento antecipado das dívidas da companhia e quaisquer outras obrigações. Com isso, a aversão a risco em relação à empresa se intensificou, e o papel ficou entre as maiores baixas do pregão de hoje”, complementa a equipe da Rico Investimentos.

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Além do caso da Americanas, outras notícias internas também pesaram sobre o Ibovespa, como a circulação do rumor que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia um aumento maior do salário mínimo, para acima dos R$ 1.320 previstos no Orçamento, e também a divulgação de que o governo pretende não fazer reoneração com o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

O governo decidiu manter reduzidas as alíquotas do IPI para sinalizar à indústria que pretende avançar com a reforma tributária, disse nesta segunda o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltando que o objetivo é aprovar a mudança no sistema de tributos sobre consumo ainda neste semestre.

As notícias assustam pois aumentam o risco fiscal: a primeira pelo lado dos gastos e a segunda pelo lado da arrecadação.

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A curva de juros, com isso, avançou em bloco. Os DIs para 2024 e 2025 ganharam, respectivamente, 10 e 21,5 pontos-base, a 13,54% e 12,63%. Os contratos para 2027 foram a 12,48%, com mais 25,5 pontos, e os para 2029, a 12,59%, com mais 28 pontos. Os DIs para 2031 fecharam na taxa 12,62%, com mais 26 pontos.

“Após oito sessões em queda, juros futuros voltam a ‘estressar’ e sobem por toda curva na véspera da primeira divulgação de índice de inflação do ano no Brasil, o IGP-10 e pode trazer mais volatilidade ao pregão de amanhã”, debate Leandro De Checchi, analista de Investimentos da Clear Corretora.

O real também sofreu com o risco fiscal, com o dólar fechando em alta de 0,83% frente à divisa brasileira, a R$ 5,148 na venda e a R$ 5,149 na compra.

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Quem se beneficiou das notícias, tanto em relação ao IPI quanto em relação a Americanas, foram as outras varejistas que compõe o Ibovespa. As ações ordinárias da Magazine Luiza (MGLU3) ganharam 12,24% e as da Via (VIIA3), 10,55%.

Por fim, o principal índice da Bolsa brasileira, bem como o real, também sofreram por conta da queda das commodities, com a notícias de um aumento no número de mortes por Covid 10 na China. O minério de ferro mais negociado para maio na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações diurnas com queda de 4,3%, a 832,5 iuanes a tonelada. O barril de petróleo Brent, por sua vez, teve baixa de 1,28%, a US$ 84,19.

Os papéis ordinários da CSN Mineração (CMIN3) caíram 3,71% e os da Vale (VALE3), 1,67%.