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O Ibovespa fechou em queda de 1,06% nesta segunda-feira (14), aos 116.809 pontos, e com isso o principal índice da Bolsa brasileira anotou uma marca não vista há quase 40 anos, desde fevereiro de 1984: a de dez pregões consecutivos de queda.
Desde o início de agosto o benchmark não sobe e acumula, desde então, uma queda de 4,21% no período.
Especialistas apontam toda essa sucessão de quedas majoritariamente à explicação que também é apresentada no recuo de hoje. A influência acaba ficando mais para o cenário exterior do que para o mercado interno.
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Quanto ao mercado interno, chega a causar um pouco de espanto o fato de que o Ibovespa somente recuou após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de cortar a taxa de juros em 50 pontos-base no começo do mês, para 13,25%, iniciando o ciclo de queda. Juros mais baixos costumam levar capital para a Bolsa de valores, com investidores saindo da renda fixa.
Em parte, no início do mês, alguns analistas até chegaram a apontar a queda mais forte do que a esperada inicialmente como motivo de risco. A perspectiva de que o Banco Central está sendo mais agressivo alimentou alguns temores de influência política e chegou a puxar a ponta mais longa da curva de juros para cima.
Fora isso, Danielle Lopes, sócia e analista de Ações da Nord Research, expõe que boa parte da queda da taxa básica já estava precificada. “O CDI ainda está bem alto, então existe um movimento muito lento que a gente vai passar a vivenciar, de, conforme o mercado for sinalizando mais cortes agressivos, termos uma retomada forte de ciclo. Hoje não tem tanto exatamente porque a Selic ainda está super alta, o investidor é remunerado com um CDI bastante atraente e ele ainda não pensa na relação risco retorno para voltar para a Bolsa”.
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No entanto, a maior parte dos motivos fica mesmo lá fora.
“Tivemos a retração do comprador marginal das ações brasileiras, o investidor estrangeiro, que parou de colocar dinheiro e passou a retirar em agosto”, explica Luís Moran, head da EQI Research. “As razões aqui estão mais relacionadas com o mercado norte-americano do que com o Brasil, com a necessidade do Tesouro norte-americano recompor seu caixa com grandes emissões tendo efeito altista sobre os juros mais longos e fortalecendo o dólar”.
O especialista ainda pontua a questão China, que vem frustrando de forma constante as projeções de retomada da sua economia no pós Covid-zero, o que puxa as companhias exportadoras de commodities, principalmente as de metalurgia e mineração, como a Vale (VALE3), para baixo.
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“Já é difícil confiar 100% no governo chinês, dado que o modelo político-econômico do país diverge do restante do mundo desenvolvido, ainda assim temos visto dados econômicos ruins, vindo consistentemente abaixo da expectativa. Nos últimos dias inclusive o tema de uma crise imobiliária no país se reacendeu com algumas grandes empresas do setor enfrentando problemas por lá”, corrobora Matheus Sanches, sócio e analista da Ticker Research.
Tanto a alta dos juros nos Estados Unidos quanto o enfraquecimento das commodities pesaram, além de no Ibovespa, sobre o real. O dólar ganhou hoje 1,25% frente à moeda brasileira, indo a R$ 4,965 na compra e a R$ 4,966 na venda. No acumulado do mês a alta é de 3,68%.
Os treasuries yieds para dois anos nesta segunda subiram 7,6 pontos-base, a 4,973%. e os para dez anos, 3,1 pontos, a 4,199%. Por lá, contudo, os índices conseguiram subir, com Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq avançando, respectivamente, 0,07%, 0,58% e 1,05%.
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Os dois especialistas pontuam que o petróleo avançou desde o início do mês. A alta da commodity, contudo, não vem se traduzindo em gatilhos positivos para o Ibovespa por conta de todas as questões que estão envolvendo a Petrobras (PETR3;PETR4), com o mercado cada vez mais apontando a discrepância dos preços cobrados pela estatal daqueles vistos no exterior.
“O petróleo está subindo e funciona como hedge, mas a Petrobras também enfrenta seus próprios desafios e desconfianças de governança como estatal”, fala Moran. “Temos um combustível com preço artificialmente baixo puxado pela nova política de preço da Petrobras, o que tem causado problemas na cadeia no setor e pode até causar desabastecimento dependendo de como a situação evoluir”, expõe Sanches.
A questão da Petrobras é outra apontada pelos analistas como negativa no mercado interno. Fora ela, problemas envolvendo a arrecadação brasileira, que não caminha para aquilo prometido pelo governo no Arcabouço, e o travamento das reformas também empacam o Ibovespa.
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