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Ibovespa cai 0,74% no pregão e tem baixa de 2,25% na semana, sem trégua sobre incertezas no exterior

Discurso de Jerome Powell, pressão dos Treasury yields e tensões no Oriente Médio deram o tom aos mercados nessa semana

Camille Bocanegra

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Dos 116.500 mil pontos no fechamento de segunda para 112.533 na mínima de hoje, o Ibovespa acompanhou as oscilações dos índices de Nova York durante grande parte da semana e não foi diferente nesta sexta.

O índice doméstico encerrou o dia com queda de 0,74%, aos 113.155 pontos e a semana com perda de 2,25%. O ponto mais baixo da semana veio no fim da manhã e, mesmo recuperando os 113 mil pontos, o Ibov não teve força para chegar ao campo positivo. Lá fora, os principais índices dos EUA iniciaram o dia em queda e assim permaneceram durante o dia.

O movimento acompanha ainda o discurso de Jerome Powell, na tarde de quinta-feira (19), que seguiu ecoando pelos corredores dos mercados mundo afora e garantiu o avanço na rentabilidade de títulos de inflação dos EUA na semana, apesar da queda dos yields na sessão Os treasury yields tiveram baixa nesta sexta, com título de 2 anos com perda no retorno de 8,7 pontos-base (bp), a 5,084% e a rentabilidade do titulo de 5 anos recuando 10,1 bp, a 4,86%. O retorno do título de 10 anos recuou 7bp, a 4,918%.

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” A volatilidade dos mercados está muito mais em cima do (título de) 10 anos do que qualquer coisa. O ponto principal é que o mercado quer ver em que patamar vai se estabilizar o 10 anos. Será que é no 5%? Será que é no 5,5%? Enquanto o título de 10 anos não se estabilizar, a volatilidade deve continuar e isso impacta o mercado no Brasil”, aponta César Mikail, gestor de renda variável da Western Asset. O gestor considera também o outro ponto que influencia o mercado tem sido a guerra entre Israel e o Hamas.

Para alguns analistas, a fala do mandatário do Federal Reserve não trouxe nenhum recado especialmente novo para que causasse o efeito observado e a piora vista nos principais mercados mundiais são reflexo direto do avanço do conflito entre Israel e o Hamas.

“Na minha visão, o que pesa mais no dia de hoje para essa aversão a risco é de fato o receio com a piora da guerra. Ontem tivemos Powell discursando sobre possíveis novas altas de juros se necessário, mas não é um discurso novo. É o que ele já vem falando, então não é surpreendente. A maior relevância mesmo está na questão da guerra e aversão ao risco atrelada ao conflito. A gente não sabe ainda o quanto a guerra pode impactar seja nas relações internacionais, seja principalmente na questão de petróleo, ou se novos países podem se envolver com isso”, considera Dierson Richetti, especialista em investimentos e sócio da GT CAPITAL.

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“O maior medo dos investidores e eu diria que do mundo, é este conflito se espalhar para outros países e ampliar a frente de combate com o grupo Hezbollah, abrindo dois frontes para Israel combater”, considera Gustavo Biserra, analista da Nova Futura Investimentos.

O petróleo, por sua vez, registrou volatilidade, repercutindo tanto as notícias do conflito entre Israel e o Hamas quanto a retirada temporária das ações para petróleo e gás da Venezuela pelos EUA, em troca de manutenção de acordo para eleições democráticas no país. A commodity chegou a cair com a notícia, na quinta-feira, mas voltou a subir no mesmo dia, com novas notícias de tensões no Oriente Médio. Nesta sexta, o petróleo encerrou o dia com leve baixa mas com alta na semana.

O  WTI para dezembro fechou em queda de 0,32% (US$ 0,29), a US$ 88,08 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mesmo mês recuou 0,23% (US$ 0,22), a US$ 92,16 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Em relação à sexta-feira passada, o WTI e o Brent subiram 0,44% e 1,39%, respectivamente.

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Com toda a movimentação, o Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq fecharam com quedas de 0,86%, 1,26% e 1,53%.

O dólar permaneceu em queda novamente e, contra as expectativas, assim encerrou o dia. Na semana, o recuo de 1,12%. O DXY, índice que mede a força da moeda americana frente a outras de países desenvolvidos, fechou com menos 0,06%. Frente ao real, a moeda recuou 0,06%, a R$ 5,031 na compra e na venda. Na semana, o recuo da moeda foi 1,12%.

“Temos também hoje uma queda do dólar. Não diria que é um movimento de correção. Podíamos, na verdade, esperar uma alta da moeda hoje diante da aversão a risco. Então, vejo essa queda mais motivada por algum institucional trazendo capital para o Brasil. De fato, uma entrada de recurso estrangeiro no Brasil momentaneamente para alguma aquisição ou montagem de portfólio aqui no país. Na mesma toada, os juros futuros caem após fortes altas dos últimos dias”, considera Richetti.

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A curva de juros brasileira teve oscilação durante a semana mas encerrou a sexta em queda. Os DIs para 2025, por exemplo, caíram 151 pontos-base, 11,08%, as taxas dos contratos para 2027 recuaram 240 pontos, a 11,00%, e bem como as dos para 2029, que perderam 170 pontos e foram a 11,59%. Os DIs para 2031 perderam 134 pontos, a 11,82%.

“Destaques para PETR4 que anunciou aumento do preço do diesel (R$0,25) e um leve desconto no preço da gasolina (R$0,12), fato que fez o papel da estatal recuar mais de 1% e ajudando a pressionar o mercado na sessão de hoje”, cita Biserra, apesar de alguns analistas apontarem que o saldo foi positivo para os números da estatal com a alta do diesel. 

Enquanto isso, a queda do minério por conta de preocupações com a China afetou os ativos de Vale (VALE3) e siderúrgicas.

O Ibovespa teve como maiores altas da sessão a BRF, que subiu 3,85% após elevação nas estimativas pelo JPMorgan e a Natura, que cresceu 2,96%.