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O Ibovespa fechou em alta de 1,31% nesta segunda-feira (31), primeiro pregão após o resultado do segundo turno das eleições para presidente da República e governadores, indo aos 116.037 pontos. No mês, o principal índice da Bolsa brasileira acumulou alta de 5,45%.
O dólar, por sua vez, caiu 2,54%% hoje e fechou outubro recuando 4,2%, na casa dos R$ 5,16.
“No primeiro pregão de outubro tivemos um rali após o primeiro turno. A eleição foi para o segundo, sem validar, desta forma, nenhum candidato com tanta força, o que pode ser interpretado como um pedido por governos mais centristas”, lembra Fabio Guarda, gestor da Galapagos Capital.
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No começo do décimo mês do ano, a interpretação de parte do mercado foi que o candidato Jair Bolsonaro e seus partidários tiveram, na primeira parte das eleições, performance melhor do que a esperada e da que era sinalizada pelas pesquisas eleitorais.
Se o presidente agora eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tivesse maior porcentagem de votos (sendo eleito no primeiro turno, por exemplo) e seu partido maior representatividade no Congresso, o consenso é que ele teria mais força para implementar determinadas políticas – agora, o esperado é que ele tenha de negociar mais qualquer mudança do tipo com o legislativo.
“Com as eleições muito apertadas, contudo, o mercado acabou temendo que podia acontecer algum tipo de questionamento sobre a licitude do pleito. Isso acabou levando investidores a procurar proteção”, acrescenta Guarda. “O Lula, ontem, saiu vitorioso e sem nenhuma ruptura institucional. O mercado, temendo algum problema, havia pedido prêmios maiores no último mês”.
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Havia o temor de o atual presidente em exercício, Jair Bolsonaro (PL), não aceitaria o resultado do pleito. Casos como o de Roberto Jefferson fortaleceram essa perspectiva.
“Me surpreendi com a movimentação de hoje. A explicação que vejo para ela é que podia ter gente usando o câmbio para o hedge de catástrofe. Existia um medo, principalmente pelos estrangeiros, de que o Bolsonaro poderia não aceitar o resultado das eleições, não entregar o cargo. Desde ontem, tantos políticos locais quanto internacionais sinalizaram que não há espaço para isso”, avalia Dan Kawa, gestor da Tag Investimentos.
Fim da eleição diminui incertezas
Ainda segundo Kawa, o fim das eleições deixa menor espaço para incertezas.
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O Brasil, apesar da eleição, segundo o especialista, vem despertando interesse dos estrangeiros – por ter, por exemplo, iniciado seu ciclo de alta dos juros previamente e por estar, de certa forma, com um fiscal saudável. O cenário sem conclusões acabava por afastar os aportes.
“Os estrangeiros têm, inclusive, certa boa vontade maior para com o Lula do que os investidores locais”, acrescenta.
O fim das incertezas, contudo, pesou nas estatais, que foram as piores quedas do Ibovespa. As ações ordinárias e preferencias da Petrobras (PETR3;PETR4) caíram, respectivamente, 8,47% e 7,04%. As ordinárias do Banco do Brasil tiveram baixa de 4,64%.
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“As gestões passadas PT não foram boas com as estatais. Por isso Petrobras e Banco do Brasil recuam forte”, diz João Abdouni, analista da Inv.
Os governos petistas costumam usar as companhias para fazer política – já tendo utilizado a petroleira para sustentar os níveis dos combustíveis, por exemplo, e o banco para liberar crédito para determinadas camadas da sociedade. Isso, porém, costuma deixar marcas nos balanços dessas empresas.
“O mercado, contudo, acordou animado com algumas teses internas, como por exemplo com construção civil, com setor de educação e com varejo. Investidores precificam quem pode se beneficiar de um possível governo Lula”, debate Abdouni.
Em governos passados, o PT costumou liberar crédito para o setor educacional (com o FIES, por exemplo), focou na construção de casas populares (Minha Casa Minha Vida) e reduziu impostos sobre o consumo de bens duráveis (IPI).
Entre as maiores altas do Ibovespa, ficaram as ligadas ao mercado interno. As ações ordinárias da CVC Brasil (CVCB3), ganharam 9,63%, as preferenciais da Alpargatas (ALPA4), 9,04%, e as preferenciais da Azul (AZUL4), 8,91%.
Exterior também ajudou o Ibovespa
Além do cenário interno, os especialistas destacam que, lá fora, outubro também foi um mês um pouco positivo. Apesar do Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq terem recuado, hoje, 0,39%, 0,74% e 1,03%, no mês houve altas acumuladas de 13,94%, 7,99% e 3,90%.
“Lá fora, o resultado das empresas nos Estados Unidos, principalmente das grandes empresas de tecnologia, vieram abaixo do esperado, o que acabou trazendo uma correção para os índices. Eles se animaram principalmente por algumas sinalizações de menores pressões para aumentos mais fortes de juros”, diz Rafael Cota Maciel, gestor de renda variável da Inter Asset.
O especialista explica que houve sinais de que a economia americana está enfraquecendo – o que tende a diminuir a inflação e a retirar a pressão do Federal Reserve para realizar políticas monetárias mais agressivas.
Companhias como Google, Amazon e Microsoft frustram em seus balanços do terceiro trimestre. Além disso, alguns dados macroeconômicos também vieram aquém do esperado.
Os resultados, por lá, deram uma folga aos treasuries yields – o para dez anos chegou a quase tocar 4,30% mas fechou o mês em 4,05%; o para dois anos ficou em 4,487%, após ter ultrapassado, em determinado ponto de outubro, os 4,65%.
No Brasil, a curva de juros fechou em bloco, em parte acompanhando o exterior mas também por conta das questões internas. Os rendimentos para os DIs para 2025 perderam hoje 11,5 pontos-base, indo a 11,70%, e os dos DIs para 2027 perderam 16 pontos, a 11,49%. Os DIs para 2029 e 2031 recuaram, ambos, 16 pontos, a 11,59% e 11,65%.
“Os investidores, em novembro, têm de acompanhar a continuidade da temporada de resultados, tanto no Brasil quanto nos EUA, que tem agenda extensa nas duas primeiras semanas de novembro”, expõe Maciel. “Como comentei, até o momento, os resultados têm vindo acima do esperado, o que é um vento favorável para a bolsa local”.
Além disso, por fim, o Ibovespa deve reagir também fortemente às próximas decisões do presidente eleito sobre sua equipe de governo, principalmente no que tange a economia.
“Para Brasil, ficamos aguardando a decisão da equipe de governo. Achamos que não há muito espaço para gastos, o que reforça que o governo pode usar as estatais para fazer políticas econômicas”, finaliza Roberto Chagas, head de investmentos de renda variável da EQI Asset.
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