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A recente temporada de resultados das empresas de capital aberto trouxe perspectivas um pouco mais otimistas para o setor de saúde, que vinha amargando perdas expressivas na Bolsa. O segmento vem sob forte pressão, com pagadores apresentando alta sinistralidade e repassando a pressão para prestadores, o que comprime capital de giro, receitas e margens das companhias.
Os resultados do quarto trimestre de 2022 fizeram que com que os investidores ajustassem suas expectativas para um viés mais conservador, de acordo com o Itaú BBA. Muitos reduziram suas estimativas para 2023 ao entender que a recuperaçã0 do setor tende a ser mais devagar do que se esperava e alguns até ajustaram suas projeções as piores cenários possíveis.
Porém, com os números do primeiro trimestre, alguns analistas acreditam que essas empresas podem ter chegado a um ponto de virada, rumo a uma recuperação gradual de seus níveis históricos de lucratividade.
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De maneira geral, a sinistralidade (MLR) das operadoras de planos de saúde melhorou e essas empresas conseguiram elevar preços acima da inflação. Os hospitais também terminaram o trimestre com tíquete médio muito melhor que o registrado no período imediatamente anterior, enquanto as taxas de ocupação permaneceram estáveis.
Os laboratórios conseguiram atingir crescimento de volumes, mesmo com uma base de comparação mais forte e redução nos testes de Covid-19. Com menos exames desse tipo, houve uma mudança no mix, o que por sua vez impactou os preços praticados por essas empresas. Ainda assim, nota-se que a redução de testagens relacionadas à Covid foi compensada por volumes maiores em outras categorias.
Contudo, algumas empresas de saúde também sentiram impactos do aumento de preços em sua base de clientes, com menor adesão e até mesmo redução, em planos de saúde e odontológicos.
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“No geral, os resultados do setor foram uma surpresa positiva, melhorando no primeiro trimestre, com o setor atingindo seu ponto de inflexão”, avalia a equipe de análise do BTG Pactual. “Mas não vemos uma recuperação em forma de V tão cedo”.
Os analistas da casa se dizem mais otimistas com as empresas, após a melhora nos resultados, mas reconhecem que a recuperação será um processo gradual. As casas de análise, de maneira geral, ainda estão incorporando a última temporada de balanços em seus modelos, mas algumas já apontam novas tendências para o setor, com base nos números mais recentes.
Em encontros com pagadores e prestadores do setor de saúde, o Credit Suisse diz ter confirmado que o segmento está disposto a recompor preços mesmo com o risco de uma redução no número de beneficiários. As empresas, porém, estão pressionadas por uma maior frequência de utilização pelos clientes, além de tecnologias, como medicina de precisão e terapias mais novas.
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“As conversas reforçam nossa crença de que a recuperação do setor pode ser lenta, já que a saúde financeira do pagador só seria reequilibrada quando os tickets aumentassem o suficiente para compensar o atual atraso nos sinistros e as possíveis pressões futuras de utilização”, escreveram os analistas do Credit,
Hapvida (HAPV3): O pior ficou para trás?
Após os números do quarto trimestre de 20222 da Hapvida, o mercado ficou mais cauteloso em relação à sinistralidade (MLR) e mais cético sobre a volta da rentabilidade da empresa aos níveis pré-pandemia. Contudo, na avaliação do BBA, o balanço mais recente da companhia apontou melhores tendências para esse indicador, com potencial de recuperação nas margens. O Ebitda da Hapvida ficou bem acima das projeções da casa.
“Essas tendências, apoiadas por sinais de reajustes de preço mais fortes, apontam para um potencial positivo nos nossos números e uma possível revisão para cima nas nossas estimativas de ganhos para a companhia em 2023 e adiante”, diz o relatório do BBA.
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Os analistas afirmam que é razoável esperar por uma piora sequencial da sinistralidade no segundo semestre, mas o MLR tende a ser parcialmente compensado por uma melhor gestão de despesas, sem efeitos pontuais que afetaram as margens nos três primeiros meses deste ano.
No período, houve declínio nas despesas gerais e administrativas (SG&A, na sigla em inglês), ao passo que a sinistralidade melhorou e a dinâmica de fluxo de caixa negativo também se inverteu, comparando ao quarto trimestre.
O resultado, contudo, não mudou as recomendações da XP sobre o papel. Em março, a casa havia cortado o preço-alvo de HAPV3 de R$ 7,90 para R$ 3 e os analistas mantiveram o valor, ainda que tenham visto melhoras operacionais na companhia, sobretudo na sinistralidade.
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A equipe de análise da XP também reconheceu maior controle de custos e despesas, ao mesmo tempo em que identificou ganhos de eficiência. Caso os resultados operacionais sigam melhorando nos próximos trimestres, também é possível haver uma redução da alavancagem, que os analistas ainda veem como alta.
“A dinâmica de receita continua desafiadora, com os cancelamentos ainda impactando as adições líquidas, mas com os preços subindo”, diz relatório da XP, que além de não alterar o preço-alvo do papel, reiterou sua recomendação de compra.
Para o BofA, o pior já ficou para trás. O banco revisou para cima as projeções para a empresa e diz estar mais bullish (com expectativa de alta) em relação a empresa. “As operadoras continuam a elevar preços, mas devido ao longo ciclo do setor, as melhoras só devem aparecer no segundo semestre de 2023”, escreveram os analistas.
Para o banco, a combinação de desaceleração nos custos e práticas de preços maiores deve melhorar a sinistralidade da companhia.
“Acreditamos que o verdadeiro retrato é melhor do que o atual, já que a elevação de preços leva 12 meses para ter um impacto completo”, diz o BofA.
Desde que o balanço da empresa foi divulgado, no noite do último dia 15 de maio, até o fechamento de ontem (29), os papéis HAPV3 subiram 23,8%.
Rede D’Or (RDOR3): Fusão com SulAmérica inspira cautela
Na visão do Itaú BBA, a Rede D’Or se destacou no primeiro trimestre por tendências de receitas positivas na parte hospitalar e oncológica. A empresa tem conseguido melhoras sequenciais em termos de tíquete médio, ainda que custos de materiais e com medicamentos sigam pesando negativamente sobre os resultados operacionais da companhia.
Mas a casa afirma que os resultados não foram bons o bastante para mudar sua avaliação sobre a empresa. Para os analistas, a integração com SulAmérica ainda é um grande ponto de interrogação. O BBA diz que as tendências para a empresa não são claras, especialmente na parte de seguros, e espera que a Rede D’Or divulgue mais informações sobre seu plano de expansão nos próximos anos.
A XP acredita que a alavancagem da companhia tende a diminuir daqui para frente com a redução de sinistralidade. Mas afirma seguir cautelosa com o papel, por conta dos riscos de integração e execução.
O Credit Suisse, por sua vez, acredita que quando os efeitos de aquisições e expansões forem diluídos, a companhia deve convergir para uma performance mais orgânica. O banco destaca, com base nos números do primeiro trimestre, que a parte de oncologia da Rede D’Or segue forte, tanto em volume quanto em preços.
“A operação como pagador é nova para a Rede D’Or e acreditamos que vai levar algum tempo para alcançar um novo equilíbrio econômico”, afirmam os analistas do Credit, sobre a fusão com a SulAmérica. Para o banco, a operadora de plano de saúdes ajudou a melhorar a receita financeira da companhia, mas a alavancagem da Rede D’Or é significativa e o plano agressivo de expansão mantém o capex da empresa elevado.
A Genial Investimentos, por sua vez, diz continuar otimista com a tese de nova gigante do setor de saúde.
“A companhia nomeou pontos, a otimização de estruturas administrativas e a integração de compras e medicamentos por exemplo, como sinergias que estão sendo mapeadas e coletadas”, disseram os analistas da casa.
Desde que o balanço da empresa foi divulgado, no último dia 16 de maio, até o fechamento de ontem (29), os papéis RDOR3 subiram 13%.
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