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Após uma queda de 43,6% na semana passada, com uma forte reação aos resultados do quarto trimestre de 2022 (4T22), as ações da Hapvida (HAPV3) tiveram uma leve recuperação na véspera (com alta de 1,49%), mas voltaram a ter mais um dia de baque na Bolsa nesta terça-feira (7), chegando a uma mínima de R$ 2,48 no dia, ou queda de 8,82%. Porém, na reta final do pregão, a baixa amenizou, e as ações fecharam em queda de 1,47%, a R$ 2,68.
Entre as falas de analistas apontando que a ação já tinha caído demais e os que veem poucos gatilhos para a recuperação, mais uma notícia foi um baque para a companhia.
A Agência Nacional de Saúde (ANS) divulgou seus dados mensais sobre os beneficiários de planos de saúde na véspera, trazendo mais uma nota negativa para a Hapvida, ao mostrar queda de 46 mil beneficiários (vidas) em janeiro, pior desempenho do setor.
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A Hapvida apresentou perdas líquidas em ambas as operadoras da Hapvida e do GNDI (-30 mil e -16 mil, respectivamente), com as operadoras da companhia apresentando números abaixo da média dos mercados em que atuam.
Entre outros insights para o setor de saúde em geral, aponta a XP, o segmento de planos corporativos, que por muitos meses foi a principal fonte de crescimento do setor, foi responsável por mais da metade das perdas líquidas totais no período; as cooperativas médicas resistiram à queda durante o mês; SP e RJ foram as regiões que sofreram as maiores perdas líquidas, enquanto MG se destacou com um desempenho ligeiramente positivo; e, por fim, Unimed Curitiba, Unimed Seguros e CNU apresentaram os melhores desempenhos no primeiro mês de 2023.
“De modo geral, reiteramos a nossa visão cautelosa quanto às perspectivas de crescimento do mercado de saúde e observamos que a Hapvida pode ter mais um trimestre difícil pela frente”, afirmam Rafael Barros e Raphael Elage, analistas da XP.
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Isso ocorre em um contexto crescimento normalizado abaixo das estimativas do consenso de mercado no quarto trimestre, nenhum sinal de melhora da sinistralidade no radar e resultado financeiro ainda prejudicando o lucro líquido, o que suscitou inclusive o corte de recomendação das ações pelo Credit Suisse logo após o balanço do quarto trimestre.
A sinistralidade caixa consolidada ficou estável no trimestre em 72,9% (-0,1 ponto percentual frente o 3T22, mas alta anual de 1,8 ponto percentual proforma), prejudicado principalmente por um aumento de 2% no trimestre em sinistros/membro (+8% ano ano), o que compensou o crescimento de 3% trimestral no ticket médio. A Hapvida disse que a sinistralidade caixa decepcionante refletiu principalmente frequências médicas.
Neste contexto, de acordo com informações do Valor Econômico, a Hapvida está colocando à venda dois ativos considerados não estratégicos – a Resgate São Francisco, de transporte de pacientes, e a empresa de tecnologia voltada à saúde Maida.
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Os ativos colocados à venda não são de alto valor, principalmente dado o porte da Hapvida, uma das maiores operadoras de planos de saúde do Brasil, mas traz uma importante sinalização de que a companhia de saúde quer buscar maior eficiência financeira. O jornal também cita que a empresa também teria conversado com a empresa de reestruturação G5.
Em relatório após conversa com investidores do setor, o Morgan Stanley também apontou que o risco de aumento de capital faz parte do debate.
Os investidores levantaram preocupações sobre a necessidade da Hapvida de capital regulatório no nível de holding, dada a alta alavancagem atual, alto índice de sinistralidade médica (MLR) e complexa estrutura de holding. Apesar de um aumento de capital aparentemente não ser o caso base para os investidores, houve discussões sobre o custo de financiamento e necessidades de capital da Hapvida ao longo do ano se o consumo de caixa permanecer alto e a estrutura complexa do NotreDame não permitir que os dividendos fluam para a holding.
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Também há questionamentos sobre a capacidade da família controladora de injetar capital na empresa.
De acordo com o Morgan (que conversou com mais de 20 investidores sobre o setor), há ainda visões pessimistas questionando que a pressão da sinistralidade pode não ser cíclica, mas estrutural, levando a possíveis problemas de balanço.
Para os analistas do banco americano, 2023 vai ser ruim para o setor, que é cíclico. Macro (emprego, inflação, taxas de juros) e cenários de normalização pós-Covid impactarão volume (orgânico e inorgânico), preços (luta por fatia de mercado), margens e principalmente o lucro por ação. Com isso, o mercado deve rever estimativas para baixo, principalmente após uma fraca entrega de crescimento orgânico desde o IPO.
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Os analistas do Morgan concordam que as revisões dos prêmios atuais podem não ser capazes de cobrir a utilização do plano acima do esperado em um mercado muito lento.
Algumas questões também sobre o alinhamento entre entrega operacional, remuneração e comunicação da gestão estão no radar. “Em nossa opinião, os atuais níveis de sinistralidade são insustentáveis para o segmento e, portanto, devem melhorar para o setor como um todo em algum momento, principalmente com a normalização das taxas de juros (agora compensando o Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, negativo)”, apontam os analistas.
Para eles, a alta utilização do plano pós o período de maiores restrições por conta do Covid é um problema global e a sazonalidade também deve trazer alguma recuperação (4T tende a ter sinistralidade sazonalmente alta, 1T mais baixa). Por outro lado, os investidores estão preocupados com o impacto que o salário base dos enfermeiros possa ter na empresa e o risco regulatório do governo atual sobre os aumentos de preços dos indivíduos.
Os analistas do Morgan seguem com visão positiva para a ação, mantendo recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) e preço-alvo de R$ 7,50 (potencial de alta de 176%).
“A recuperação pode demorar um pouco, mas a Hapvida pode ser barata demais para ser ignorada. Em nossa opinião, mesmo considerando os riscos potenciais para a história, incluindo o impacto do salário mínimo da enfermagem e uma recuperação mais lenta, tudo isso parece estar mais do que precificado (…) Concordamos que o ano será lento e a recuperação das margens pode ficar aquém das expectativas do mercado, mas vemos os níveis atuais da ação como uma oportunidade de entrada”, afirmam.
Mas, para o BTG Pactual, que também tem recomendação de compra para a ação com preço-alvo de R$ 7,50, os investidores da Hapvida, apesar de verem que a companhia tem muitas vantagens competitivas, não fecharão os olhos para os recentes resultados decepcionantes, o que significa que a falta de confiança na tese de investimento provavelmente persistirá nos próximos meses.
De acordo com compilação feita pela Refinitiv, de treze casas que cobrem a ação, nove seguem recomendando compra, enquanto quatro têm recomendação neutra para os ativos HAPV3.
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