Greenwald diz em Comissão no Senado que não teme perseguição e que os vazamentos continuarão

Greenwald foi convidado pela CCJ, a pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), para falar sobre os vazamentos de conversas entre o ex-juiz e atual ministro Moro, o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato, e outros procuradores, pelo aplicativo Telegram

Equipe InfoMoney

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Em audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, classificou como atentado à liberdade de imprensa as notícias de que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, estaria, por meio da Polícia Federal, investigando a sua vida e de outros profissionais do site. Greenwald disse que não tem medo e que continuará publicando novos vazamentos.

— Há notícias de que ele está investigando e ele nunca negou. Isso mostra a mentalidade do ministro. Ele quer que fiquemos com medo e apreensão. Não temos medo nenhum. Continuamos publicando depois disso. Vamos continuar publicando — disse.

Greenwald foi convidado pela CCJ, a pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), para falar sobre os vazamentos de conversas entre o ex-juiz e atual ministro Moro, o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato, e outros procuradores, pelo aplicativo Telegram.

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O jornalista contou que recebeu as informações de uma fonte que não quer ser revelada e ressaltou que a Constituição Federal e o Código de Ética dos Jornalistas garantem o sigilo.

— Eu li a Constituição brasileira que protege e garante exatamente o que estamos fazendo e confio muito nas instituições brasileiras para aplicar e proteger esses direitos. O clima que o ministro está tentando criar é de uma ameaça à imprensa livre — disse.

Glenn, que é também advogado formado nos Estados Unidos, disse ter ficado chocado ao ler o material pela primeira vez.

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— Eu tinha nas minhas mãos a evidência mostrando que o tempo todo Sergio Moro estava não só colaborando com os procuradores, mas mandando na força-tarefa da Lava Jato — relatou.

Em sua exposição inicial, o jornalista também lamentou a baixa presença de senadores, em especial do partido do governo, que, segundo ele, o atacam virtualmente mas não compareceram para debater.

— Eu gostaria muito de discutir frente a frente essas acusações falsas que eles estão espalhando quando não estou presente e esta é uma oportunidade para discutir essas acusações na minha cara, para examinar se elas são falsas ou verdadeiras, mas infelizmente eles não estão aqui para fazer isso — apontou.

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O jornalista americano reforçou ainda que não está à serviço de nenhum partido ou político:

— Eu sou jornalista, não sou político. Não tenho fidelidade com qualquer partido. Publicamos artigos criticando partido de direita e de esquerda, inclusive o do meu marido [David Miranda, do PSOL-RJ]. Somos independentes. Estamos defendendo os princípios cruciais e fundamentais para uma democracia: a imprensa livre — reforçou.

Vazamentos

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Desde o dia 9 de junho, o The Intercept Brasil, em parceria com outros veículos, vem revelando uma série de conversas privadas que, segundo Greenwald, mostram Moro e procuradores, principalmente Deltan Dallagnol, combinando estratégias de investigação e de comunicação com a imprensa no âmbito da Operação Lava Jato.

Vencedor do prêmio Pulitzer por ter revelado, em 2013, um sistema de espionagem em massa dos EUA com base em dados vazados por Edward Snowden, Glenn Greenwald, destacou que à época sua credibilidade não foi posta em xeque.

— Pelo contrário, vim ao Senado e todo mundo nos parabenizou porque todo mundo aqui no Brasil conseguiu perceber porque essa reportagem era tão importante. Ninguém ameaçou a gente naquela época, e que deveríamos ser investigados ou presos. Pelo contrário, fomos premiados — destacou.

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