Grécia? Mercado já começa a discutir possível saída da Espanha da Zona do Euro

Espanha fora seria menos traumática tanto para o país quanto para o bloco, mas Grécia ainda é a mais cotada a sair

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – A crise na Zona do Euro não tem um único personagem principal. Enquanto o mercado especula sobre uma possível saída da Grécia do bloco, há quem aposte que a Espanha seja a primeira a sair. Além de ser uma economia muito maior, e portanto muito mais difícil de resgatar, os efeitos de tal saída podem ser muito menos danosos para os espanhóis do que para os gregos.

Esse ainda não é o cenário base, mas está cada vez mais provável. “Ainda atribuo com maior probabilidade o cenário de que não haverá saída de nenhum país da Zona do Euro”, afirma Daniel Cunha, da equipe de análise da XP Investimentos. Embora não acredita em uma saída da Espanha da Zona do Euro, Cunha afirma que ela é passível de ocorrer.

Espanha não perderia tanto se saísse
“É mais fácil imaginar maiores benefícios para a Espanha fora da Zona do Euro do que para a Grécia”, afirma. Entre outros fatores, o parque industrial da Espanha é maior e mais significativo para a economia do país do que o grego – e voltaria a ganhar competitividade sem o euro.

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O país também pode expandir suas conexões comerciais com suas antigas colônias, ao invés do restante do continente europeu, e pode evitar a necessidade por austeridade que virá com a manutenção da moeda única. Além disso, o debate se o país deveria ou não permanecer na Zona do Euro já começou internamente – na Grécia, até o partido mais extremista, o Syriza, afirma que o país deveria permanecer na união monetária.

Grécia ainda está na frente
Porém, Cunha acredita que, se alguém sair da Zona do Euro, é mais provável que seja a Grécia. “Dado que tudo o mais é constante, é apenas questão de tempo para a Grécia anunciar o calote e se desligar do bloco”, afirma. Ele destaca a importante eleição que ocorrerá no país nesse fim de semana, ressaltando que a Grécia precisa urgentemente formar um governo para tomar as medidas necessárias para receber os pacotes de resgate.

Os cofres públicos só conseguem sustentar o país por mais um mês e o mercado está reagindo cada vez mais nervoso a essa situação. “Os eventos extremos estão sendo cada vez mais considerados no curto prazo e a probabilidade marginal de uma ruptura da Zona do Euro tem se elevado consideravelmente”, afirma.

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Reunião pode mudar tudo
A solução, porém, pode estar na Euro Summit dos dias 28 e 29 de junho, quando pode ser discutido a criação dos eurobonds (títulos uniformizados da dívida pública da Zona do Euro) e a unificação fiscal dentro da união monetária. “Isso poderia ser um sinal positivo de que está ocorrendo uma maior coordenação e vontade política para atacar os problemas estruturais para a crise”, salienta Cunha.

Para ele, resolução é o ideal para todos. “Se a saída de um país fosse a solução, acredito que a crise não estaria se estendendo pelo seu terceiro ano”, finaliza, lembrando que seja a Grécia ou a Espanha qualquer ruptura teria implicações financeiras consideráveis, e que ninguém ainda sabe ao certo os efeitos que isto pode gerar para a economia mundial no longo prazo. 

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