Gestores de trilhões são alvos de investigação nos EUA após ganhos exorbitantes

Além de investigar se os gestores estão obtendo acesso a preços preferenciais, o órgão regulador do mercado está preocupado também com o que acontecerá quando o rali dos títulos terminar e o Fed decidir aumentar as taxas de juros do país

Paula Barra

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SÃO PAULO – Ganhos exorbitantes dos maiores gestores dos Estados Unidos nos últimos anos abriram os olhos da SEC (Securities and Exchange Commission, a CVM americana). Além de investigar se os gestores estão obtendo acesso a preços preferenciais por conta de sua influência, o órgão regulador do mercado norte-americano está preocupado também com o que acontecerá quando o rali dos títulos terminar e o Federal Reserve decidir aumentar as taxas de juros do país.

A questão é que a dominância dos maiores fundos pode dificultar a venda para todos quando o Fed aumentar os custos dos empréstimos a partir dos mínimos históricos e derrubar os preços dos títulos. “Será interessante ver quem assumirá o outro lado da transação se ocorrer uma liquidação significativa, que apresenta um enorme risco”, disse Arthur Tetyevsky, estrategista de operações de crédito da Imperial Capital LLC, em Nova York, à Bloomberg. “Estamos muito perto do fim do rali, com certeza”. 

Nos últimos anos, os bancos enfrentaram restrições mais rígidas para os empréstimos e a quantidade de dinheiro que precisavam ter em mãos depois de crise de crédito, deixando mais “livre” e vulnerável os efeitos das agitações provocadas pelas ações dos grandes gestores o mercado de títulos. Atualmente, Bill Gross e Larry Fink gerenciam uma pilha de US$ 3 trilhões em títulos – uma quantidade quase tão grande quanto a economia da Alemanha. Suas empresas, Pimco (Pacific Investment Management) e a Black Rock, duplicaram suas posses desde 2008, superando o crescimento de 50% do mercado. 

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Algumas das maiores empresas de hedge fund, como a Bridgewater Associetes LP e a BlueCrest Capital Management LLP, também multiplicaram em mais de duas vezes seus investimentos em dívidas, segundo dados compilados pela Bloomberg. Enquanto isso, os bancos de Wall Street estão encolhendo suas participações em títulos, conforme dados do Fed. 

Mais de cinco anos de taxas de juros quase inexistentes do Fed impulsionaram um desempenho recorde dos títulos corporativos e os maiores gestores de dívida cresceram em tamanho. Pimco, Vanguard Group Inc. e Fidelity Investments gerenciam atualmente 39% de todos os títulos tributáveis de fundos mútuos, frente a 18% em 1997, de acordo com dados da Morningstar Inc. Os 205 provedores menores de fundos gerenciam 0,1% do mercado.

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