Gestora culpa modelo brasileiro por piora econômica e afasta tese de “inimigo externo”

Credit Suisse Hedging-Griffo destacam que 2013 terminou com uma grande correção entre mercados emergentes e desenvolvidos, após o começo da retirada de estímulos norte-americanos

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Na televisão, Dilma Rousseff chegou a afirmar mais de uma vez que a culpa dos problemas econômicos brasileiros eram decorrência de fatores externos – como a retirada de estímulos monetários norte-americanos. Para o Credit Suisse Hedging-Griffo, isso é uma falácia, como demonstrado em seus relatórios de gestão do começo do ano. 

Eles destacam que 2013 terminou com uma grande correção entre mercados emergentes e desenvolvidos, após o começo da retirada de estímulos norte-americanos. Se esse foi o “catalisador” dos países emergentes, nas palavras da gestora, é válido lembrar que eles só refletiam a fragilidade econômica desses países. Sobretudo Brasil, África do Sul e Turquia – ao oposto de México e Chile. 

Com as taxas de juros baixas na maior economia do mundo, o mercado procurava os ativos de países emergentes artificialmente e não por conta das melhoras estruturais na econo,ia. “Alguns países aproveitaram o momento para acelerar reformas, como é o caso do México. Outros confiaram apenas no enfraquecimento dos países desenvolvidos como principal atrativo às respectivas economias. Um dos casos emblemáticos é o do Brasil”, destaca a gestora.

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Com a perspectiva de retirada de estímulos, o “seguro-calote”, o CDS (Credit Default Swap), brasileiro disparou. Destaca-se que esse ativo disparou no Brasil, África do Sul e Turquia, ao passo que caiu em Chile e México. “No campo macroeconômico, estes últimos conseguiram manter uma inflação menor, assim como obtiveram melhores resultados fiscais, comerciais e perspectivas de abertura da economia”, afirma a gestora.

A retirada dos estímulos nos EUA de fato fez com que o Brasil elevasse as taxas de juros mais longas do Brasil, mas não explica sozinho os problemas brasileiros – com deterioração econômica brasileira, que ficou mais evidente em 2013. “A inflação de 2013 ficou próxima a 6,0% e o crescimento do PIB, abaixo de 3,0%. No lado fiscal, receitas extraordinárias com refinanciamento de dívidas e leilões esconderam parte da piora da composição do superávit primário, que ainda assim caiu de patamar. A conta-corrente obteve recordes negativos no ano, e o emprego apresentou os primeiros sinais de fraqueza – ainda que a taxa de desemprego permaneça baixa, a população economicamente ativa caiu”, destaca.

Por conta disso, eles acreditam que não faz sentido o governo culpar a condução da política monetária externa pela deterioração nos mercados brasileiros de renda fixa e variável, e que isso só afasta o governo das soluções verdadeiras. “Esse diagnóstico é relevante para traçar um plano de ação que reconquiste a credibilidade dos investidores, das agências de risco e dos empreendedores”, avalia a gestora.

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Por conta disso, a gestora acredita que as eleições presidenciais de 2014 serão importantes. “É uma oportunidade para o governo eleito aprofundar as políticas necessárias ao País e corrigir aquelas com resultados questionáveis. As condições básicas para um governo de sucesso na opinião dos investidores envolvem ambiente institucional estável e perspectivas de inflação controlada e de gastos compatíveis com o crescimento da economia”, salientam. Com isso, o Brasil será menos propenso a sofrer com uma uma futura alta dos juros nos EUA. 

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