Fonte de “ânimo” para bolsas mundiais, recuperação da China vai durar pouco

Vendo cenário nebuloso sobretudo para as exportações chinesas, há economista que trabalha com um crescimento anual de 4,5% do PIB na próxima década

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Nas últimas semanas, o noticiário chinês foi bastante positivo, principalmente levando em conta os dados da balança comercial, que apontou para uma forte alta das importações e das exportações. Os dados de produção industrial animaram os investidores, o que fizeram as bolsas pelo mundo todo dispararem e aumentar as esperanças sobre uma possível recuperação da China. 

Contudo, a alegria pode durar pouco, conforme destaca reportagem da CNBC. Alguns economistas já apontam que a recuperação da economia chinesa pode ser de curta duração e pode ser revelada assim que o trimestre terminar.

Conforme aponta o economista para a China do Bank of America Merrill Lynch, Ting Lu, a recuperação “impressionante” em julho será de curta duração, devido à demanda temporária reprimida e uma tendência estrutural de queda no crescimento. 

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Ting ressalta que o crescimento mais forte do que o esperado na produção industrial no mês passado, por exemplo, foi impulsionada pela demanda reprimida durante o aperto de liquidez em junho e com a melhora da confiança com o mini-pacote de medidas de estímulo fiscal pelo governo. “Essa recuperação da demanda não é sustentada”.

Já o economista do Société Générale, Wei Yao, destacou que haverá um “pouco de Sol” para a economia chinesa no terceiro trimestre, mas vê grandes nuvens depois, diante da perspectiva bastante obscura para o crescimento da atividade. A queda dos empréstimos continua sendo um grande fator de risco para o crescimento econômico, aponta Yao. 

PIB a 4,5% na próxima década?
O economista-chefe da RBC Global Asset Management, Eric Lascelles, também destaca que qualquer celebração com os dados da China devem ter uma curta duração. Lascelles acredita que, após crescer em torno de 10% ao longo da última década e desacelerar para cerca de 7,5% no segundo trimestre deste ano, a atividade econômica deve desacelerar para um crescimento na próxima década por volta de 4,5% ao ano.

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Neste sentido, Lascelles avalia que a taxa de crescimento observada no início de agosto não é sustentável para o comércio chinês, destacando que a demanda global não é suficiente, não havendo espaço para as exportações crescerem mais.

Assim, os fatores para o extraordinário surto econômico do país, como as exportações e empréstimos, estão travados. Ele acredita que o país tem saturado o mundo com suas exportações e avisa que os decisores políticos chineses estão reprimindo o boom de crédito.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.